Laudo apontou que criança teve hemorragia interna aguda, trauma abdominal e laceração no fígado. Mãe e padrasto da vítima foram presos temporariamente por homicídio qualificado; caso foi registrado em Penápolis/SP.
O pai da bebê de 1 ano e 3 meses que foi levada morta para o pronto-socorro de Penápolis/SP afirmou que estava em busca de conseguir a guarda da filha após notar marcas roxas no corpo da criança em um vídeo que recebeu.
A mãe da bebê e o atual companheiro dela foram presos por suspeita de homicídio. O advogado de defesa do casal alega que os clientes são inocentes.
“A gente [ele e a mãe da criança] ficou junto durante um ano e oito meses, mas não deu certo. Minha filha não estava com as marcas roxas nas últimas vezes que consegui vê-la. Porém, percebi as marcas no vídeo, fiz uma denúncia no Conselho Tutelar e estava indo atrás dos papéis da guarda”, explica Diego Henrique das Neves, de 26 anos, que mora em Lins, região de Bauru.
De acordo com o boletim de ocorrência, o caso ocorreu no dia 14 de fevereiro. A criança chegou com rigidez cadavérica, diversas marcas roxas e dilaceração do ânus, aparentando violência sexual. A médica do pronto-socorro, então, conversou com a mãe da bebê, suspeitou da versão e achou necessário entrar em contato com a Polícia Militar de Penápolis.
O padrasto e a mãe da criança foram presos temporariamente por suspeita de homicídio qualificado, após o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontar que a vítima sofreu hemorragia interna aguda, trauma abdominal e laceração no fígado.
Diego afirmou também que a mãe da criança chegou a dizer que as manchas no corpo da filha tinham sido provocadas por conta de uma doença.
“Ela me mandou mensagem dizendo que traria a menina para passar em um médico de Promissão. Os exames constataram que minha filha estava com uma anemia bem fraca, mas não acreditei na versão de que as manchas eram por conta da doença”, diz.
O pai relata ainda que estava trabalhando quando foi avisado por uma tia que a filha tinha morrido.
“Já sabia que tinham outras denúncias feitas no Conselho Tutelar, inclusive da babá e de vizinhos, mas não deu tempo. Foi muito difícil quando recebi a notícia que minha menina tinha partido. Saber da prisão dos dois foi um alívio”, conta.
Investigação
Na última segunda-feira (21), a delegada Thaisa da Silva Borges concedeu entrevista coletiva para falar sobre o andamento das investigações.
De acordo com Thaisa, a laceração no fígado da vítima foi provocada por um instrumento contundente. “Poderia ser em virtude de agressões provocadas pelos próprios investigados. Acredito que seja isso”, disse.
O resultado do exame que vai apontar se a criança foi vítima de violência sexual ainda não saiu, mas a previsão é de que fique pronto dentro de 30 dias.
“Não posso afirmar, com a devida certeza, se houve abuso sexual. Essa conjectura foi levantada em virtude da ficha de atendimento médico do pronto-socorro. Foram colhidos materiais biológicos e encaminhados para a Polícia Científica de São Paulo, e o laudo, definitivo, não chegou”, diz a delegada.
Conforme Thaisa, a mãe e o padrasto deram a entender, no dia da morte, que a criança tinha caído de um berço. Posteriormente, alegaram que a bebê fazia tratamento para anemia.
“Há indicações de que os investigados estariam levando a criança para Promissão. Ela realmente estava com a doença, mas as lesões ocasionadas não são resultantes desse tipo de patologia”, explica.
Ainda segundo a delegada, a mãe e o padrasto da bebê não possuem antecedentes criminais.
“Foram realizadas algumas denúncias anônimas [no Conselho Tutelar] relativas às agressões. O Conselho Tutelar diligenciou no sentido de apurar as aludidas denúncias. Ocorre que nunca era fornecido o endereço correto da residência do casal. Todas as tentativas realizadas restaram infrutíferas”, afirma.
Defesa
Segundo o advogado Lennon Marcus, a inocência do casal será comprovada no decorrer da investigação e a partir de provas.
“Não serão poupados esforços para a defesa da inocência dos investigados, assim como serão adotadas todas as devidas providências de responsabilização daqueles que macularam a honra dos mesmos, por calúnias, injúrias, difamações, ou autopromoções”, diz um trecho da nota enviada pelo advogado.
*Informações/g1