Número de mortos por Covid-19 em SP corresponde a 32% do total de pacientes que foram hospitalizados e tiveram alta

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Mortes por coronavírus no Estado chegaram a 91.673 desde o início da pandemia. No mesmo período, 285.036 pessoas tiveram alta após serem internadas com Covid-19. Nas UTIs, taxa de mortalidade em São Paulo está acima de 50% desde fevereiro.

O número de mortes por Covid-19 no estado de São Paulo corresponde a 32% do total de pacientes que estiveram internados por conta da doença e tiveram alta. Nesta sexta-feira (23), as mortes por coronavírus no estado chegaram a 91.673 desde o início da pandemia. No mesmo período, 285.036 pessoas tiveram alta após serem internadas com Covid-19 nos serviços de saúde de São Paulo. 

O percentual de 32% não representa, necessariamente, a taxa de mortalidade da doença entre os internados no estado, porque parte das mortes ocorre em casa, antes que o paciente procure um serviço de saúde. 

O número não indica onde essas pessoas morreram, mas é sabido que a mortalidade em UTIs é de 50%, e quando o paciente é intubado, a taxa vai a 80% no Brasil. 

O percentual de mortes em relação ao total de pacientes que tiveram alta médica é semelhante ao observado em julho de 2020, quando o governo de São Paulo começou a divulgar os dados de recuperados da Covid-19. 

No dia 1º de julho de 2020, durante o primeiro pico da doença, o estado registrava o total de 15.030 óbitos, o que equivale a 33% das 45.303 altas médicas registradas até então. 

Para o pesquisador Marcio Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, o dado verificado em São Paulo mostra que a doença é capaz de levar à morte cerca de 30% das pessoas que vão parar no hospital. “É possível afirmar que, no Brasil, cerca de 30% a 40% das pessoas que são internadas com Covid-19 morrem. Mas tem ainda gente que morre fora do hospital, por vários motivos”, explica Bittencourt. 

Mortalidade da Covid-19 

O estado de São Paulo não calcula qual é mortalidade da Covid-19 entre pacientes hospitalizados. No entanto, nos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), que concentram os pacientes mais graves, as mortes provocadas pela doença já superaram as altas. 

Desde 14 de fevereiro, a quantidade de pessoas que estavam internadas em UTI e morreram supera a de pacientes desses leitos que venceram a doença e tiveram alta médica, segundo dados do Ministério da Saúde. 

Esses dados mostram que a mortalidade nas UTIs de São Paulo foi maior que 50% pelo menos de meados de fevereiro até o meio de março. Os dados mais recentes ainda estão em atualização, por isso não é possível calcular a taxa para o mês de abril. 

Já a letalidade da Covid-19 entre os pacientes intubados no Brasil foi de cerca de 80% entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, de acordo com uma pesquisa do Instituto Evandro Chagas. Segundo os pesquisadores, a média mundial é de 50%. 

Outra pesquisa avaliou a mortalidade em leitos de UTI de 37 hospitais de Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, considerando tanto pacientes intubados quanto os que não utilizavam ventilação mecânica. O estudo mostrou que 47,6% dos pacientes analisados morreram. 

Primeira queda desde janeiro 

O estado de São Paulo registrou nesta semana queda na média diária de novas mortes por Covid-19 pela primeira vez desde janeiro. No entanto, os valores diários de novas mortes continuam em patamar muito elevado, bem acima do que havia sido registrado em 2020. 

Nesta sexta-feira (23), a média móvel de mortes pela doença é de 621 por dia, valor 23% menor do que o registrado há 14 dias. Especialistas indicam tendência de queda na epidemia quando há variações maiores do que 15%. 

A tendência de queda também já havia sido observada nesta quinta-feira (22), quando a média móvel de óbitos diários foi de 611, valor 18% menor do que o verificado há 14 dias. Antes disso, a última vez que o estado havia registrado queda na média móvel havia sido em 5 de janeiro. 

Embora o governo de São Paulo tenha afirmado em coletiva de imprensa nesta sexta que o estado não tinha queda nas mortes desde fevereiro, as variações verificadas naquele mês foram dentro do que os especialistas consideram estabilidade, e não queda. 

Apesar da melhora verificada nos últimos dias, o patamar de mais de 600 mortes diárias em média ainda é mais que o dobro do registrado no pior momento da epidemia em 2020, quando os registros não passavam de 280 por dia em média. 

Mais de 90 mil mortes 

Nesta sexta-feira (23), foram confirmadas 863 novas mortes por Covid-19 no estado, elevando o total para 91.673 desde o início da pandemia. A marca de mais de 90 mil vidas perdidas foi alcançada na quarta-feira (21), pouco mais de um ano após a confirmação da primeira morte, em 12 de março de 2020. 

Mesmo antes de terminar, o mês de abril já se tornou o mês mais letal de toda a pandemia no estado, superando o recorde anterior, de março de 2021. Foram 15.975 mortes do dia 1º até a quarta (21), contra 15.159 em todo o mês de março. Considerando os dados de quinta e sexta, o total de abril já subiu pra 17.021. 

Nas últimas 24 horas, também foram confirmados 17.812 novos casos de coronavírus. Com isso, a média móvel é de 12.784 casos diários nesta sexta, o que representa uma queda de 22% em 14 dias. 

O estado de São Paulo registrou ocupação de 81,1% nos leitos de UTI nesta sexta (23). Para especialistas, a taxa de ocupação acima de 80% indica que o estado segue com problemas no sistema de saúde. 

O total de pacientes internados em São Paulo, seja na rede pública ou privada, é de 22.812 pessoas, sendo 10.808 em leitos de terapia intensiva e 12.004 em enfermaria. 

Flexibilização da quarentena 

Apesar dos recordes de abril, o governo de São Paulo avalia que os indicadores da Covid-19 tiveram “uma melhora significativa”, considerando especialmente a ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e o total de pacientes internados. 

Por isso, as restrições da quarentena estadual estão sendo flexibilizadas desde o último dia 12, quando acabou a fase emergencial, a mais rígida, e foi retomada a fase vermelha. Desde então, a fase vermelha também foi encerrada, e o governo anunciou uma nova etapa da quarentena, a chamada “fase de transição”, em vigor desde o último domingo (18). 

Com esta última flexibilização, comércios e atividades religiosas puderam reabrir e outros serviços, como restaurantes, salões de beleza e academias, voltam a funcionar neste sábado (24). Os estabelecimentos podem atender com horário restrito e até 25% do público máximo. 

Em nota, o governo estadual disse que “o número de óbitos registrados em abril está relacionado a casos e internações de março, ou seja, de três semanas atrás, no mínimo”, porque este seria o “tempo médio para uma internação se tornar um caso fatal”. 

“Os óbitos não representam, isoladamente, o cenário atual da pandemia no estado, tampouco são parâmetro para atualização de restrições de atividades, pois o Plano São Paulo é multifatorial e leva em consideração também as internações e taxas de ocupação de leitos”, disse a gestão João Doria (PSDB) em comunicado. 

*Com informações do g1