Assim como nos três jogos da primeira fase, japoneses não pararam de cantar o tempo todo; eliminados, jogadores foram eliminados pela torcida na arquibancada.
A Copa do Mundo se despediu nesta segunda-feira (5.dez) de um de seus melhores, mais divertidos e mais carismáticos personagens: a torcida japonesa. A Croácia derrotou o Japão nos pênaltis, após um empate por 1 a 1, no estádio Al Janoub, pelas oitavas de final, e agora espera o vencedor de Brasil e Coreia do Sul na semifinal.
Uma despedida triste para os ruidosos e organizados japoneses que, primeiro, chamaram a atenção do mundo porque limpavam as arquibancadas. Depois, porque contavam sem parar e ainda recolhiam o lixo depois do apito final das partidas.
Concentrados atrás do gol defendido por Gonda no primeiro tempo, eles foram responsáveis por impedir que o silêncio reinasse no estádio Al Janoub ao longo do jogo entre Japão e Croácia pelas oitavas de final da Copa do Mundo.
Eram eles que puxavam os gritos incessantes de “Nippon, Nippon”, ora acelerados ao ritmo de tambores e assovios, ora mais pausados e acompanhados de palmas. Compatriotas espalhados pelos 44.325 seguiam os líderes.
Muitos deles de inspiração argentina – como se pode perceber no ritmo das músicas e nos gestos típicos com as mãos – tal qual Isamu Kato, que se apresenta nas redes sociais há mais fotos dele em jogos da Argentina nesta Copa do Mundo do que nos jogos do Japão.
Um deles, mais corajoso, arriscou levar ao estádio um cartaz de papelão em que se podia ler, em inglês: “Onde está Modric?”. Uma provocação ao meia da Croácia eleito o melhor jogador da última Copa do Mundo.
Poucos minutos depois de o torcedor ter sido flagrado pelas câmeras na transmissão, o camisa 10 da Croácia acertou um belo chute de fora da área e obrigou o goleiro Gonda a fazer uma defesa difícil.
Quando Modric foi substituído por Lovro Majer, aos 8 minutos do primeiro tempo da prorrogação, o estádio inteiro aplaudiu – incluindo os japoneses que o provocaram. Fair play.
Assim que terminou a disputa de pênaltis, os jogadores aplaudidos e retribuíram o carinho com um agradecimento à torcida.
Em sua quarta partida no Mundial, os japoneses fizeram mais barulho que os rivais pelo quarto jogo seguido. Já havia sido assim contra Alemanha, Costa Rica e Espanha, rivais que o Japão deixou para trás no grupo E.
Limpeza e controvérsia
As primeiras imagens de torcedores do Japão que fizeram sucesso no Mundial do Catar foram aquelas já conhecidas em vários eventos esportivos internacionais: japoneses com grandes sacos de lixo recolhendo garrafas e copos vazios, cascas de frutas e embalagens vazias atiradas no chão.
As cenas, como sempre, foram motivo de elogios em todas as partes do mundo – e chegaram a contagiar torcedores de outros países, como Arábia Saudita e Marrocos, que se inspiraram no exemplo e também ajudaram a limpar as arquibancadas.
Mas também foram alvo de uma reprimenda. Numa rede social, o ex-governador de Tóquio entre 2014 e 2016, Yoichi Masuzoe, disse que os japoneses deveriam evitar o gesto para impedir que “faxineiros percam seus empregos”.
“Também gostaria de prestar atenção às diferenças de valores que vêm de diferenças de cultura e estrutura social. O mundo não é apenas a civilização japonesa.”
*Com informações do ge