MST chama Paulo Teixeira de “ministro promessinha” e “omisso” durante evento em Votuporanga 

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MST chama Paulo Teixeira de “ministro promessinha” e “omisso” durante evento em Votuporanga – Foto: Reprodução

Ministro da Reforma Agrária, Paulo Teixeira tem sido alvo de ataques do MST por suposta demora nas desapropriações de terra. Presidente Lula (PT) afirmou que “temos que fazer o que prometemos.”


Líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pedem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que demita o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Segundo o movimento, Teixeira não cumpriu os acordos prometidos e precisa ser substituído.  

“Nossa expectativa é que o Lula reassuma o compromisso que ele fez”, disseram Maurício Roman e Lara Rodrigues, dirigentes nacionais do movimento no Rio Grande do Sul, ao Poder360 na última quinta-feira (29.mai). “Não é que a gente está pedindo a cabeça do ministro. O Lula tem total autonomia. Mas todos os acordos que fizemos com ele [Paulo Teixeira] até agora não foram cumpridos”. 

A irritação com a desenvoltura do ministro não tem afetado somente os gaúchos e pôde ser presenciada durante o ato em prol do Acampamento Vale do Amanhecer que ocorreu na tarde desta sexta-feira (30.mai), no plenário da Câmara Municipal de Votuporanga/SP. Na oportunidade, os acampados entoaram coro ironizando o desempenho de Paulo Teixeira e o chamando de ‘ministro promessinha’ e ‘ministro omisso’.

O evento lotou o plenário do Palácio 8 de Agosto, reunindo representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que é vinculado ao ministério. Paulo Teixeira era esperado com expectativa, mas não esteve presente. Um representante levou consigo para entregar as esferas superiores um documento intitulado Nota de Repúdio ao Descaso do Governo Federal com as Famílias do Acampamento Vale do Amanhecer. Enquanto o evento transcorria em Votuporanga, o ministro cumpria agenda em Pontal do Paranapanema/SP.

Um dia antes do ato em Votuporanga, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ciente da insatisfação geral, discursou citando Teixeira: “Nós temos que fazer o que prometemos. Se não for possível, com a mesma verdade que a gente prometeu, a gente diz que não dá para fazer. Nós vamos dizer na cara que não dá para fazer, porque as pessoas também compreendem.” 

Lula disse ainda que fará um “esforço muito grande” para entregar as promessas feitas ao MST. O movimento pede, especialmente, o assentamento das famílias que ainda estão em acampamentos irregulares. 

Acampamento Vale do Amanhecer 

O ato reuniu aproximadamente 250 pessoas, acampados no Vale do Amanhecer e em outros lugares da região, incluindo crianças e idosos, contra a ameaça de despejo forçado do local que ocupam às margens da estrada vicinal José Pinto Sobral, que liga Álvares Florence/SP à Américo de Campos/SP. 

O acampamento existe há mais de uma década com foco nas terras da ‘Fazenda dos Ingleses’, que segundo os envolvidos, foi dada em concessão a uma companhia por 100 anos, contudo, o prazo venceu em 1996. Desde então a posse retornou à união, ou seja, ao governo federal. O movimento explica que a terra vem sendo alvo de grileiros, que são apoiados pelos prefeitos das cidades cujas terras fazem limite com a fazenda. 

Contudo, a burocracia e a falta de interesse governamental têm não só procrastinado uma decisão sobre o tema, como também mantido famílias em risco à beira de uma rodovia.