Presidente da República disse à Polícia Federal que Moro condicionou a troca da direção da corporação a uma indicação ao STF.
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta quinta-feira (4) que o presidente da República Jair Bolsonaro mentiu ao dizer à Polícia Federal que ele condicionou a troca da direção da corporação a uma indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
— Destaco que jamais condicionei eventual troca no comando da PF à indicação ao STF. Não troco princípios por cargos. Se assim fosse, teria ficado no governo como ministro — disse Moro por meio de nota. — Aliás, nem os próprios ministros do governo ouvidos no inquérito confirmaram essa versão apresentada pelo presidente — completou.
Em depoimento à PF ocorrido nesta quarta-feira, Bolsonaro declarou que Moro teria concordado com a nomeação de Alexandre Ramagem ao posto de diretor-geral, desde que ocorresse após a sua indicação a uma vaga no STF. O presidente admitiu que pediu a Moro a troca do então diretor Maurício Valeixo e de dois superintendentes do órgão, mas negou que os pedidos configurem interferência politica.
De acordo com ele, a solicitação foi feita por “falta de interlocução” do comando da PF com ele. Bolsonaro também disse que “nunca teve como intenção, com a alteração da direção geral, obter informações privilegiadas de investigações sigilosas ou de interferir no trabalho de Polícia Judiciária ou obtenção diretamente de relatórios produzidos pela Polícia Federal”.
O depoimento ocorreu no Palácio do Planalto e foi prestado ao delegado Leopoldo Soares Lacerda, chefe da Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores (Cinq) da PF. Na nota, Moro criticou como “imprópria” a forma como o presidente foi ouvido, “sem que meus advogados fossem avisados e pudessem fazer perguntas”.
*Informações/oglobo