Mangá: histórias ilustradas com performance e emoção

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O colecionador de mangás Neto Rocha e os seis volumes da série Akira, de Katsuhiro Otomo.

As narrativas cheias de imaginação e quadrinhos desenhados com esmero dos mangás têm sido um convite para a juventude ler. Mas o colecionador Neto Rocha explica que esse universo tem muito mais para contar do que apenas a guerra contra o inimigo.


@leidiane_vicente

Ler um livro de trás para frente parece algo muito diferente da norma de leitura brasileira, mas enquanto cultura oriental é o jeito certo. Parece até confuso, só que não é o que dizem os adolescentes e jovens que tem mergulhado no mundo dos mangás.

O nome é dado para as histórias em quadrinhos japonesas, caracterizadas pelos desenhos em preto e branco e personagens hiperestilizados. Com foco na expressividade de emoções e movimentos, as narrativas podem variar de algo calmo até um ritmo mais frenético de ação.

A explicação é do colecionador Neto Rocha, de 24 anos, que já tem um preferido para chamar de seu: os JoJo’s Bizarre Adventure. “A questão não é a luta, mas sim a performance”, justifica.

Existem mangás para idades, gêneros e gostos diversos. Um, inclusive, o Kodomo é para crianças em alfabetização. Enquanto que o Seinen, é destinado ao público masculino de jovens adultos. Tem, por exemplo, para as adolescentes mais românticas, que é o Shoujo. Já o Shonen, conta histórias de aventura com ação, onde o foco é a perseverança, amizade e vitória.

“Narrativamente, qualquer temática pode se tornar um mangá. Você pode ter histórias de ninjas, alienígenas, super-heróis, detetives, monstros, guerreiros e guerreiras”, destaca Neto.

Uma das principais diferenças entre os mangás e as histórias em quadrinhos estadunidenses é a execução da narrativa. “Enquanto que o quadrinho leva o tempo como um fator geral e tem-se a impressão de que a história está padronizada em um ritmo bem definido, os mangás elevam o dinamismo e a expressividade até a enésima potência” exemplifica ele.

Para reunir a galera sedenta por essa temática, existe o Votu Otaku Fest, onde quase ninguém passa despercebido. Isso porque faz parte do público ir caracterizado, à risca, como algum personagem de jogo ou dramatização japoneses, são os chamados cosplayers. O nome do evento “otaku” remete a como os fãs desse universo gostam de serem chamados.

“Só de todas essas pessoas estarem juntas em um único espaço, promovendo uma interação saudável e compartilhamento de emoções e perspectivas, já tem o exemplo ideal da importância de eventos do tipo. Claro, as possibilidades comerciais são abrangentes também, mas o fator humano é o essencial”, diz Rocha.

No quesito de atrair leitoras e leitores, os mangás são verdadeiros chicletes. Isso não se dá apenas pelas narrativas enquadradas serem tão estimulantes, a personalização do design e a dinâmica dos desenhos também conta e muito. Chamados de “mangaká”, os quadrinistas japoneses são peças intrínsecas ao desenvolvimento artístico da obra de ficção.

Segundo Neto Rocha, o primeiro mangá é do século XIX, possui 15 volumes e é chamado de Hokusai Mangá. A narrativa é baseada na vida cotidiana japonesa e se desenrola através de situações cômicas. Seu autor foi o artista Katsushika Hokusai, que faleceu em 1849, mas seus esboços são, por vezes, desconsiderados como precedente para o mangá moderno.

A dica para quem quer se aventurar a colecionar essas obras orientais é simples: começar pelo início e não pelo meio ou final.

“Escolha uma série (de acordo com a sua faixa etária, de preferência) e siga a partir do capítulo um do volume um. Eles são convidativos. Você só tem que estender a mão”, propõe Neto.

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