Dra. Larissa Motta Beran Mastrocola, dermatologista, deu uma entrevista esclarecedora.
Algumas doenças ainda são pouco conhecidas do público em geral, mas são mais comuns do que se imagina. O Lúpus Eritematoso Sistêmico ou, simplesmente, Lúpus, é uma delas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, as estimativas indicam que existam cerca de 65.000 pessoas com a patologia apenas no Brasil.
Lúpus inclusive, faz parte da campanha Fevereiro Roxo, voltada também para as doenças autoimunes, Mal de Alzheimer e fibromialgia. A dermatologista do SanSaúde, Dra. Larissa Motta Beran Mastrocola, destacou sobre sintomas, diagnóstico e tratamento.
O que é Lúpus?
A médica explicou que Lúpus eritematoso é uma doença autoimune, ou seja, na qual o sistema imunológico reage contra as células da própria pessoa, causando danos que podem ser nos órgãos internos (rim, pulmão, coração, cérebro e articulações) ou somente na pele.
Quais os sintomas?
Dra. Larissa contou que a doença pode se manifestar de formas diferentes, de acordo com o órgão afetado, e isso, às vezes, retarda seu diagnóstico. “Na pele, frequentemente se apresenta como sensibilidade ao sol, nas áreas expostas, como face, colo e braços. Manchas avermelhadas que podem descamar e deixar até cicatrizes são comuns”, disse.
Já em áreas com pelos, como o couro cabeludo, pode causar queda dos cabelos. “É frequente haver dor nas articulações, mal-estar, perda de apetite e de peso. Nos casos em que afetam órgãos internos, pode ocorrer dor e dificuldade para respirar, redução do funcionamento dos rins, desmaios, convulsões e tromboses”, complementou.
Quais fatores de risco?
Pode acometer pessoas de qualquer idade, raça ou sexo. Apesar disso, é mais comum entre mulheres com idade entre 20 e 45 anos, sendo ligeiramente mais frequente entre asiáticos e afrodescendentes.
Como fazer diagnóstico?
A profissional enfatizou que o diagnóstico é feito através do reconhecimento dos sintomas e que algumas alterações nos exames de sangue e urina são muito características. “Essas avaliações são importantes para definir se há atividade da doença. Embora não exista um teste que seja exclusivo, um exame chamado FAN (fator ou anticorpo antinuclear), principalmente com títulos elevados, em uma pessoa com sinais e sintomas característicos de LES, permite o diagnóstico ainda mais conclusivo”, afirmou.
Qual o tratamento?
Além da proteção solar rigorosa, as diferentes formas de lúpus demandam distintos tratamentos. “Praticamente todos os casos se beneficiam do uso de medicamentos antimaláricos (que tratam malária, mas também reduzem a inflamação no organismo), por longo período, que diminuem a inflamação da pele, articulação e rins”, esclareceu.
Em especial ao Lúpus da pele, pode ser tratado com cremes ou injeções locais com medicação que reduz a inflamação. “Formas pulmonares, renais e cerebrais da doença necessitam de outras drogas que diminuem a imunidade (imunossupressoras), e que, muitas vezes, requerem internação hospitalar ou infusões diretamente na veia. Uma equipe multidisciplinar com reumatologistas, neurologistas, nefrologistas e pneumologistas pode ser necessária”, destacou.
Tem prevenção?
Como a doença ocorre por predisposição genética, não há medidas específicas que previnam seu surgimento. “Porém, o diagnóstico e início do tratamento precoces levam a menor dano no organismo. Pacientes devem se proteger do sol com atitudes que minimizem sua exposição no dia a dia e no trabalho, além do uso de filtro solar diariamente”, afirmou.
Além disso, o cigarro (fumar ou conviver com fumantes) deve ser evitado, pois aumenta a atividade da doença e reduz a eficácia dos tratamentos.
Mitos e verdades:
– É contagioso? Mito
– Não existe cura? Mito
-Se uma pessoa da família desenvolver lúpus os outros familiares terão mais chance em desenvolver a doença? Verdade
-Outras doenças têm os mesmos sintomas do Lúpus? Verdade