LITERATURA – O Vírus da Incerteza traz reflexões sobre a pandemia de Covid-19

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Livro reúne dez artigos de psicólogos, médicos, empresários e educadores sobre os desafios impostos pela Covid-19 e chega às livrarias de todo o país e em versão e-book. Crédito: Matrix Editora.

Obra traz panorama histórico de epidemias e 10 artigos de psicólogos, médicos, empresários e educadores sobre o futuro pós-coronavírus.

Prisão ou liberdade? É sobre essa dialética da nova rotina imposta pelo coronavírus que se constrói O Vírus da Incerteza. Você Será Melhor Depois da Pandemia, obra lançada em ebook e nas livrarias nesta semana pelo advogado Jorge Sanchez e pelo jornalista João Carlos Borda. Dividido em duas partes, o livro traz um panorama histórico de epidemias e pandemias desde a peste negra e as primeiras práticas de uso da quarentena e de máscaras para conter transmissões de vírus na História; e na parte 2, reúne dez artigos de psicólogos, médicos, empresários e educadores sobre os desafios impostos pela Covid-19.

O vírus desconhecido, até então sem vacina ou tratamento disponível, representa o maior desafio desde a 2ª Guerra Mundial: abre covas, destrói empresas, corrói relacionamentos e extermina empregos. Além do rastro de 17 milhões de infectados e mais de 670 mil mortos pelo mundo, a epidemia trouxe angústia, ansiedade, medo, incertezas, desemprego. Para os autores, a dica é extrair sabedoria desse tempo todo recolhido. Ver a epidemia como um processo de aprendizagem e de sobrevivência. “Não é o tempo que passa. É a gente que passa por ele”, alertam os autores. O livro surgiu em plena quarentena e foi inteiramente produzido em home office pelos autores, amigos de longa data e que se conheceram em pauta sobre um outro vírus que assola o país desde sempre, o da corrupção. O advogado paulista Jorge Sanchez é também professor universitário. Coordenou o curso de Direito do Centro Universitário Moura Lacerda. Especializou-se em Transparência Pública e Combate à Corrupção, tendo realizado cursos e palestras sobre o tema no Brasil e no exterior. João Carlos Borda é jornalista e especializado em Direito Penal. Recebeu diversos prêmios por reportagens especiais feitas na TV Globo (Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional e Fantástico).

Na obra, os autores traçam historicamente e literariamente as epidemias e males que sempre assolaram a humanidade de tempos em tempos. A cólera, tão bem retratada por Gabriel García Márquez, em seu realismo mágico, O Amor nos Tempos do Cólera. O ebola no livro A Zona Quente, de Richard Preston. A Peste, sob o olhar de Albert Camus. Entre 1347 e 1350, a Europa viu entre 30 e 50 milhões de mortos empilhados em estradas, ruas e praças. Para aniquilar inimigos, soldados usavam catapultas para arremessar sobre as muralhas dos castelos os cadáveres com peste, uma técnica macabra pioneira de “arma biológica”. A quarentena foi uma das medidas que fez com que a peste negra regredisse na época. Quando a humanidade parecia blindada a catástrofes sanitárias, surge a gripe espanhola, em 1917, ainda mais letal. Máscaras, higiene total das mãos e distanciamento social foram algumas das medidas para conter o vírus na época.

A segunda parte do livro traz dez artigos de diferentes especialistas sobre a doença, dentre eles: o psiquiatra e professor de Saúde Mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP Luiz Alberto Hetem analisa as reações psicológicas e emocionais que acompanham o desenvolvimento da pandemia, com impacto nefasto das fake news; a psicóloga Ana Maria Fonseca Zampieri aborda a saúde emocional em tempos de pandemia, como o aumento de casos de alcoolismo e violência doméstica e o fenômeno do “luto antecipatório”, na impossibilidade prática do direito ao luto; Marcelo di Bonifácio, superintendente da Santa Casa de Ribeirão Preto, traz relato pessoal do impacto da pandemia nos protocolos do hospital; o cardiologista Pedro Schwartzmann fala do aumento do número de paradas cardíacas durante a pandemia; a pedagoga Maria Inês Fini (ex-presidente do Inep) mostra como as famílias passaram a ser protagonistas da escolarização formal durante a pandemia e os déficits históricos de projetos de EAD no país.

Degradação do meio ambiente e consumo desenfreado passaram a ser repensados durante a epidemia. “A história cumpre o efeito de um bumerangue. O homem que dominou o fogo, saiu da caverna para navegar e forjou o aço, se armou com pólvora, ganhou asas e manipulou a vida em laboratórios experimenta hoje, muito a contragosto, o amargo regresso ao seu interior, isolado de todos pela pura e simples necessidade de sobrevivência”, destacam os autores. Dentre as apostas de mudanças (e para melhor) estão: fortalecimento da implementação de métodos preventivos; prática da telemedicina; trabalho administrativo em domicílio; trabalho em sistema de home office; encontros pela internet, encurtando distâncias e otimizando ações profissionais. Que as pessoas saiam melhores como seres humanos e com a sensação de se cuidar melhor, de cuidar das relações da família e dos amigos. A solidariedade como resposta às crises sanitária e econômica.