Lisca, do Santos, cita jejum de Klopp e diz: “Se me deixar aqui cinco anos, isso vai voar” 

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Lisca durante apresentação no Santos — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Treinador, porém, admite que não ficará por todo esse tempo no Peixe e comenta sobre saídas de técnicos dos clubes: “Nós não somos a Europa”.


Lisca foi apresentado nesta quinta-feira como técnico do Santos e falou sobre dezenas de assuntos. Um deles, sobre os técnicos que optam por deixarem seus times com pouco tempo de trabalho, exatamente o que aconteceu com ele no Sport.

O treinador saiu em defesa da classe, disse que isso está enraizado na cultura do futebol brasileiro e citou até Jürgen Klopp, comandante do Liverpool.

“Acho que a gente precisa equacionar isso. Tentamos a diminuição das trocas, com a regra da CBF, mas não funcionou. Tinha subterfúgio, comum acordo. E no outro ano os clubes tiraram (a regra). Está enraizado na nossa cultura. Nós não somos a Europa, que o Klopp fica cinco anos para ganhar um título. Me deixa aqui cinco anos. Se me deixar aqui cinco anos, isso vai voar. Mas sei que não vou ficar cinco anos.” 

Lisca errou por pouco sobre o tempo que Klopp demorou para conquistar um título no Liverpool. Isso aconteceu na quarta temporada. Ele foi contratado para as disputadas de 2015/2016 e venceu a Liga dos Campeões em 2018/2019. 

O novo técnico do Santos acredita que a permanência em determinadas situações pode ser ruim para os treinadores. Ele deixou o Sport na terça-feira, após somente quatro partidas, o que gerou revolta de dirigentes e torcedores do clube pernambucano. 

Lisca fez questão de citar outros dois casos recentes. Dorival Junior, que trocou o Ceará pelo Flamengo, e Vagner Mancini, que deixou o América-MG para dirigir o Grêmio em 2021 e voltou nesta temporada ao Coelho. 

“E quando nós somos demitidos com pouco tempo? A banca paga e a banca recebe.” 

“Eu acho que o futebol brasileiro está evoluindo e precisa muito evoluir isso. É a primeira vez que faço isso, pode pesquisar. Tinha como premissa de não fazer, mas a experiência me mostrou muitas vezes que a decisão da permanência também é equivocada. Vi isso no Dorival agora. Mancini saiu do América-MG, foi para o Grêmio e voltou para o América-MG. Foi do rebaixamento com o Grêmio, e o América-MG trouxe novamente. Todo mundo lá (falando) “mercenário”, ele está no clube fazendo um belo trabalho.” 

Quem é Lisca? 

Luis Carlos Cirne Lima de Lorenzi, o Lisca, tem 49 anos, é nascido em Porto Alegre e teve seu início de carreira ligado ao Internacional. 

Depois de deixar a base do Colorado, tornou-se técnico de times profissionais e rodou o Brasil, ganhando projeção nacional principalmente na passagem pelo Ceará, entre 2015 e 2016, quando livrou o clube do rebaixamento à Série C. 

Em 2016, voltou ao Inter para breve passagem na reta final do Brasileirão daquele ano, quando o clube acabaria rebaixado à Série B. Nessa época, trabalhou com Newton Drummond, o Chumbinho, contratado recentemente para ser o diretor executivo de futebol do Santos. 

Após passagens por Paraná, Guarani, Criciúma e novamente Ceará, dirigiu o América-MG, onde fez o melhor trabalho de sua carreira: em 2020, levou o Coelho às semifinais da Copa do Brasil e carimbou o acesso à Série A para 2021. Antes do Sport, ainda dirigiu o Vasco. 

Conhecido como “Lisca Doido”, é marcado também por frases de efeito e pela relação próxima com os torcedores dos times que dirige. 

*Com informações do ge