Leila diz não temer perder apoio após cortar ingresso com desconto de conselheiros do Palmeiras 

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Leila Pereira, presidente do Palmeiras — Foto: Fabio Menotti/Palmeiras

“Quem reclama é uma meia dúzia”, diz presidente, que retirou benefício durante investigação sobre cambismo; Verdão deve ter reconhecimento facial na arena a partir de 2023.


Além de reforçar a ideia de adotar o uso da biometria para os ingressos a partir do ano que vem, a presidente Leila Pereira se manifestou nesta terça-feira (27.set) sobre uma polêmica com conselheiros do Palmeiras pela venda de ingressos.

Por causa da abertura do inquérito para apurar a ação de cambistas em dias de jogos do Verdão no Allianz Parque, o clube tirou dos membros do Conselho Deliberativo o direito de ter a preferência na compra de um ingresso com desconto de 50%, o que causou insatisfação nos bastidores do clube – eles ainda têm direito a uma entrada gratuita. 

Durante seu posicionamento sobre o assunto, Leila Pereira reafirmou que não teme perder apoio político por causa das suas decisões e minimizou qualquer reclamação. 

“Não tenho medo de perder apoio político, não tenho medo de não ser reeleita. Eu gostaria de mais um mandato, mas, se não for, não tem problema. Não vou abrir mão dos meus princípios, dos meus propósitos de estar aqui no Palmeiras dando ingresso para um e para outro. Meu torcedor não pode ser prejudicado. Tem torcedor que paga R$ 700, R$ 800 num plano de Avanti e não consegue ingresso. Isso é um absurdo. Estou aqui para defender o Palmeiras e o seu maior patrimônio, que são os torcedores”, disse a presidente do Verdão durante evento de anúncio do novo patrocinador. 

“Tenho certeza que a grande parte [do Conselho] apoia nossas medidas porque querem um Palmeiras cada vez maior. Quem reclama é uma meia dúzia que sempre tem. Não tem unanimidade nunca. Aqueles que amam e estão para trabalhar para o Palmeiras, para servir o Palmeiras e não para ser servido, são com essas pessoas com quem me amparo politicamente.” 

Há uma insatisfação crescente nos bastidores do clube em relação à postura da presidência, o que envolve também aliados da situação. Leila é considerada muito centralizadora, deixando de lado – na visão dos críticos – pessoas que a apoiaram durante sua candidatura. Por outro lado, ela ainda mantém uma base no dia a dia palmeirense. 

No começo do ano, houve pressão por mudanças nos departamentos de comunicação e marketing quando ocorreu até uma sinalização de distanciamento de aliados. Fora do clube, a dirigente rompeu com a principal organizada. 

Atualmente, conselheiros de diferentes alas políticas reclamam da perda do benefício da compra do ingresso adicional e argumentam que poucos têm acesso aos convites para o camarote do clube no Allianz Parque. Existe também um sorteio de ingressos para associados em jogos do Verdão em casa. 

“Muitas pessoas me questionam e falam que eu tomo medidas antipáticas politicamente. Não estou aqui para agradar esse ou aquele. Estou aqui para fazer o Palmeiras cada vez maior e campeão, para respeitar meu torcedor e quem confia no meu trabalho e me elegeram. Administrando assim que o Palmeiras vai conseguir cada vez mais, não como vários clubes brasileiros que estão em uma situação deplorável.” 

“Quando fui eleita presidente do Palmeiras, a minha plataforma era cuidar do clube profissionalmente. Não é de boca. Os dirigentes do passado não cabem mais no futebol brasileiro. Chega. O que os clubes precisam são de administradores. É isso que eu sou aqui no Palmeiras, com a experiência das minhas empresas, que são de sucesso, e vou aplicar aqui no Palmeiras”, declarou a presidente. 

Sobre as medidas contra o cambismo, Leila Pereira disse que a diretoria tem negociações avançadas para implementar o uso de biometria ou reconhecimento facial no acesso à arena a partir do ano que vem. A ação é vista como uma maneira de acabar com a revenda de ingressos e facilitar a comercialização dos bilhetes. 

Por causa das campanhas na Libertadores e no Brasileirão deste ano, o Verdão vive em 2022 sua melhor média de público (33,9 mil por jogo) no Allianz Parque desde a temporada de 2015 – o time de Abel Ferreira jogou para mais de 40 mil pessoas em quatro dos últimos cinco jogos no local. 

“Só assim conseguimos coibir de vez essa prática criminosa que prejudica o Palmeiras e nosso torcedor. Enquanto não resolvo, peço que não comprem ingresso de cambistas, por favor. Por mais que a gente tente coibir sempre estão pensando em como burlar as regras”, afirmou a presidente do Verdão. 

“Desde sempre os conselheiros têm direito de receber um ingresso gratuito. O diretor também tem direito a um ingresso gratuito. Lembrando que temos 280 conselheiros e centenas de diretores. O conselheiro tem direito também a pagar um ingresso por 50% do valor e, se for sócio-torcedor, tem direito a comprar mais dois ingressos a preço cheio. Se somar tudo isso dá quase mil ingressos. Em virtude desse problema de cambismo e também por orientação da autoridade policial, pediram para limitar esses ingressos dentro do clube enquanto ocorre a investigação porque estamos avaliando se existem problemas dentro do clube também”, explicou. 

Questionada sobre a investigação que envolve o ex-presidente Mustafá Contursi, acusado de participar de um esquema de venda de ingressos que eram destinados à patrocinadora, Leila não quis se aprofundar no caso. 

“Não comento decisão judicial. Não transitou em julgado ainda. Houve uma sindicância no clube, foi uma denúncia feita por mim, de ingressos da patrocinadora que estavam sendo vendidos. É lamentável, mas não terminou o processo.” 

*Com informações do ge