Justiça arquiva inquérito sobre morte em campanha eleitoral de Tarcísio de Freitas 

313
Homens aparentemente armados em Paraisópolis; Tarcísio de Freitas cumpriu agenda na região — Foto: Reprodução

Investigação correu sob sigilo e resultados não foram divulgados.


O juiz Jair Antonio Pena Junior, do 1º Tribunal do Júri da capital, acolheu pedido do Ministério Público de São Paulo e determinou o arquivamento do inquérito policial sobre a morte de um homem em Paraisópolis, na Zona sul de São Paulo, durante uma agenda de campanha do então candidato ao governo de paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em outubro do ano passado. 

No despacho, o juiz homologa o parecer do Ministério Público. Na manifestação, o promotor de Justiça Fabio Tosta Horner escreveu que “os policiais militares usaram os meios necessários para repelir atual e injusta agressão, sem incorrer em excesso, tendo em vista que agiram dentro dos rígidos limites da lei”. 

Assinala ainda que “os policiais agiram em legítima defesa própria vida de terceiros, e agiram também em estrito cumprimento do dever legal — duas excludentes que afastam a ilicitude de suas condutas”. 

O promotor também diz que “não foi confirmada a participação de pessoas integrantes da equipe do então candidato Tarcísio de Freitas na troca de tiros”. 

Investigação 

Os investigadores afirmaram no relatório que não foi possível descobrir de qual arma partiram os tiros que mataram Felipe Silva de Lima, de 27 anos. 

Um soldado do serviço reservado da PM era apontado como responsável pelos disparos que mataram Felipe Silva de Lima, de 27 anos, mas investigadores alegam que testes balísticos não comprovaram qual arma foi utilizada. Ele reforçava o policiamento da região por causa da visita de Tarcísio à comunidade. 

No relatório final da investigação, o delegado Rodrigo Borges Petrilli escreve que “a pistola Taurus, calibre .40, utilizada pelo policial militar Henrique Gama dos Santos, e o fuzil Imbel, calibre 5,5, utilizado pelo policial militar Ronald Quintino Correia Camacho, foram apreendidos e encaminhados a exame pericial, juntamente com os elementos balísticos apreendidos no local”. 

O delegado completa dizendo que “os elementos balísticos apreendidos não apresentavam características individualizadoras suficientes que permitissem ao perito chegar a um resultado conclusivo”. 

No documento, o DHPP aponta ainda que “ao menos oito armas foram utilizadas para disparar contra os policiais”. 

Por fim, diz que “investigadores, com base nas imagens obtidas, tentaram identificar os demais indivíduos que participaram da ação criminosa e os veículos por eles utilizados, porém sem êxito, tampouco obteve-se sucesso na identificação de outras testemunhas presenciais”. 

Relembre o caso 

O tiroteio durante a agenda era investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). 

Segundo informado pela polícia à época, a presença de motociclistas suspeitos armados no entorno do prédio onde estava o candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) gerou o tiroteio na comunidade. 

Ainda conforme o DHPP, quatro policiais à paisana que trabalhavam na segurança do candidato perceberam a movimentação e se sentiram acuados, na medida em que outros motociclistas também começaram a rondar o prédio. 

A troca de armas entre os suspeitos teria sido observada pelos seguranças que estavam na rua onde acontecia o evento do candidato. 

Áudio 

A repercussão do caso foi ampliada após reportagem do jornal Folha de S.Paulo, divulgar um áudio no qual um membro da campanha de Tarcísio pedia para um cinegrafista da Jovem Pan apagar o registro em vídeo feito do tiroteio. 

Na gravação, o integrante da campanha de Tarcísio pergunta se o cinegrafista filmou os policiais atirando. Ele responde que não fez imagens da troca de tiros, mas registrou “a PM atirando contra os caras”. 

Na sequência, o membro da campanha pergunta se ele teria filmado as pessoas que estavam no local onde ocorreu a agenda e afirma: “Você tem que apagar”. 

*Com informações do g1