A Justiça acatou o parecer do Ministério Público para o arquivamento do inquérito que investigava uma mulher de 27 anos suspeita de extorquir dinheiro de um padre da Diocese de Catanduva/SP, de 50 anos, para não divulgar a conversa íntima do religioso com o marido dela. Ela teria flagrado conversas e fotos íntimas entre os dois.
O caso foi denunciado à polícia em setembro deste ano. Conforme apurado pela Tv Tem, a investigação apontou que a mulher começou a exigir dinheiro do padre em junho, e ele pagou R$ 3 mil pelo silêncio dela.
A Tv Tem teve acesso ao parecer do Ministério Público para o arquivamento. No documento, a promotora Heloísa Gaspar Martins Tavares descartou que houve “ameaça”, o que caracteriza o crime de extorsão, na atitude da mulher ao exigir dinheiro do padre.
Com base nos depoimentos do padre e do marido da mulher, a promotora afirmou que o religioso “rompeu seus votos ao relacionar-se intimamente com outra pessoa”.
“Os fastos noticiados pela vítima (padre) estão bem delineados pelos elementos coligidos na fase policial. Entretanto, não se vislumbra no caso a adequação típica do crime de extorsão, por faltar a ameaça, ou seja, a promessa de causar mal injusto e grave”, destacou a promotora.
“Com efeito, a ameaça de noticiar à comunidade sobre as mensagens e encontros íntimos realizados pela vítima que, frise-se, é padre, não se trata de mal injusto. Aliás, trata-se de fato real. Ele (padre) rompeu seus votos ao relacionar-se intimamente com outra pessoa. Não há inverdade nisso. Se o fez, assuma o que fez, que não precisa ceder à vantagem exigida de outrem”, complementa.
Em depoimento que consta no inquérito, o marido admitiu que enviou as fotos e também que teve encontros íntimos com o padre. Já o religioso, não mencionou os encontros, mas no confirmou que recebeu as fotos do homem nu.
“Desse modo, diante da ausência da elementar do fato típico, qual seja, a ameaça, não que se falar em crime a ser perseguido pela Justiça Criminal. Ante o exposto, requeiro o arquivamento do presente Inquérito Policial”, concluiu a representante do MP.
A Justiça Criminal de Catanduva acolheu a recomendação da promotora e arquivou o caso.
Entenda o caso
Em junho deste ano, o padre pagou R$ 3 mil para a mulher não divulgar o conteúdo flagrado no celular do marido. Ela exigiu mais dinheiro e acabou sendo presa em flagrante, no dia 15 de setembro, quando tentava receber mais R$ 20 mil do sacerdote.
Sem condições financeiras de continuar pagando pelo silêncio da mulher, o padre levou o caso à polícia, que armou o flagrante.
A Justiça concedeu a liberdade provisória, com medidas cautelares, para a mulher. Ela não podia manter contato com o padre e tinha que comparecer mensalmente ao Fórum, para informar suas atividades.
As defesas da mulher, do padre e da Diocese de Catanduva afirmaram que os clientes não irão comentar sobre a decisão da Justiça.
*Informações/g1/tvtem