Justiça aceita denúncia contra Walter Faria em ação que investiga mais de R$ 1 bilhão em desvios

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A denúncia faz parte da 62ª fase da Operação Lava Jato.

A Justiça Federal aceitou uma denúncia feita pelo Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) contra Walter Faria, proprietário do Grupo Petrópolis, em uma ação que investiga lavagem de mais de R$ 1,1 bilhão em favor da Odebrecht entre 2006 e 2014, no âmbito da Operação Lava Jato.

O MPF denunciou o empresário e outras 22 pessoas vinculadas ao Grupo Petrópolis, Antígua Overseas Bank e ao departamento de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht em dezembro de 2019.

A denúncia faz parte da 62ª fase da Operação Lava Jato, que investiga o envolvimento de membros do Grupo Petrópolis, que é proprietário da Itaipava, em um esquema de lavagem de dinheiro desviado de contratos públicos, principalmente com a Petrobras.

Conforme o MPF, a 13ª Vara Federal de Curitiba aceitou totalmente a denúncia contra 20 dos 23 investigados na ação, na quarta-feira (26).

A Justiça Federal acolheu parcialmente as acusações contra outros dois envolvidos e rejeitou a denúncia contra um dos acusados.

Conforme o MPF, os réus têm 10 dias para apresentar defesa das acusações.

O outro lado

A assessoria de imprensa de Walter Faria disse que o empresário sempre prestou todos os esclarecimentos necessários às autoridades competentes e que irá demonstrar em juízo a improcedência da acusação.

Denúncia

Conforme as investigações, Walter Faria disponibilizava dinheiro em espécie para agentes públicos. Em troca, o empresário recebia dólares pagos pela Odebrecht no exterior.

De acordo com o MPF, o Grupo Petrópolis disponibilizou R$ 124 milhões em propina em forma de doações eleitorais a pedido da empreiteira.

Ainda conforme a denúncia, contas do empresário no exterior também foram usadas para pagamentos de propina envolvendo contratos de navios-sonda da Petrobras.

Ao todo, segundo o MPF, o Grupo Petrópolis pagou em propina R$ 512 milhões. Em contrapartida, recebeu US$ 120 milhões no exterior.

 

Como forma de acerto de contas, a Odebrecht simulou entre 2012 e 2013 negócios jurídicos fraudulentos com Faria, no valor de R$ 96 milhões, de acordo com a denúncia.

Prisão e soltura

O empresário também foi denunciado pelo MPF por ter auxiliado a Odebrecht no pagamento de propina por meio da troca de R$ 329 milhões no Brasil por dólares em contas no exterior. A denúncia foi feita em setembro de 2019.

O empresário chegou a ser preso, mais foi solto em dezembro após um habeas corpus concedido pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.

Desde então, Faria utiliza tornozeleira eletrônica e está proibido de deixar o país sem autorização judicial.