Justiça concede liminar ao atacante de 36 anos e rompe vínculo com o Timão; chamado de mentiroso e covarde por dirigente, jogador vai pedir indenização por danos morais.
Júnior Moraes não é mais jogador do Corinthians. O contrato do atacante, que tinha duração até o fim desse ano, foi rescindido por decisão liminar da Justiça do Trabalho, na terça-feira. O clube pode recorrer da decisão.
Ao aceitar o pedido para romper o vínculo de Júnior Moraes com o Corinthians, o juiz Victor Goes de Araújo Cohim Silva, da 43ª Vara do Trabalho de São Paulo, argumentou que:
- “a relação entre as partes se encontra insustentável”;
- a quebra de contrato neste momento em nada as prejudica clube e jogador, ao contrário, os efeitos são positivos para ambas as partes, que deixam de ter obrigações cotidianas;
Ele também mencionou a entrevista do gerente de futebol do Corinthians, Alessandro Nunes. No último sábado, o dirigente afirmou que Moraes é mentiroso e covarde e pediu desculpas à torcida pela contratação do atacante. Por isso e também por ofensas feitas ao atacante por perfis nas redes sociais, o juiz entende que há “perigo de dano” ao atleta.
“É possível constatar o desgaste entre jogador e torcida, pelos comentários postados em diversos portais de notícias e redes sociais, o que pode representar risco à integridade física e à saúde mental do reclamante (Júnior Moraes) – é notório que torcedores de futebol, por vezes, agem de forma imprevisível e imprudente” – apontou o magistrado.
Por conta das declarações de Alessandro, a defesa do jogador também pedirá indenização por danos morais.
O mérito do processo ainda irá a julgamento. Ou seja: a Justiça do Trabalho decidirá se Júnior Moraes tinha razão em suas alegações para encerrar o contrato antes do prazo. A parte considerada culpada terá de indenizar a outra.
Entenda o caso
Na última quinta-feira, Moraes ingressou com ação judicial para romper o vínculo com o clube, alegando ter valores a receber relativos a 11 meses de direitos de imagem e todos os depósitos de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O valor atribuído ao processo é de R$ 3,8 milhões.
“O pedido de rescisão antecipada foi realizado com base no artigo 31 da Lei Pelé, pelo atraso no pagamento de direito de imagem e FGTS. Com as declarações do preposto do clube (Alessandro Nunes, gerente de futebol), ofendendo a honra e a imagem do jogador, o convívio no ambiente de trabalho se tornou insustentável, sendo inevitável a rescisão antecipada do contrato de trabalho”, comentou o advogado Leonardo Laporta Costa, responsável pela defesa do atleta.
O jogador de 36 anos estava treinando separado do elenco desde 12 de maio, por decisão do técnico Vanderlei Luxemburgo.
Antes de obter a rescisão nessa terça, Júnior Moraes teve dois pedidos de liminares recusados pela Justiça do Trabalho, primeiro pelo próprio juiz Victor Goes de Araújo, e depois pela desembargadora Marta Natalina Fedel. Ambos argumentaram que o Corinthians deveria ter direito a defesa antes do contrato ser rompido. Porém, o cenário mudou após a apresentação de diálogos em que Alessandro Nunes reconhece dívidas com o jogador e também por conta da entrevista do gerente de futebol no último sábado.
Contratado em março de 2022, após deixar o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, em meio à guerra, Júnior Moraes sofreu com problemas físicos e não conseguiu ter sequência no Timão. Neste ano, o atacante atuou por apenas 124 minutos ao longo de quatro jogos. No total, foram apenas 21 partidas e um único gol.
*Com informações do ge