PM foi gravado por moradores agredindo gestante durante abordagem em São José do Rio Preto (SP). Vítima passou por atendimento médico e foi liberada.
Policial agride mulher grávida com tapas no rosto durante abordagem em Rio Preto — Foto: Arquivo Pessoal
A grávida de 23 anos que foi agredida por um policial militar durante uma abordagem, em São José do Rio Preto (SP), afirmou que está abalada e com medo após a ocorrência.
“Não imaginei que fosse acontecer tudo que aconteceu. Eu não me sinto bem. Fico com medo do que pode acontecer no decorrer da situação”, diz Isabela Sabino de Souza.
Um vídeo mostra a ação do PM. Nas imagens, é possível ver o policial rendendo a mulher, que está deitada no chão. Ele pressiona a barriga dela com um dos joelhos e a agride com tapas no rosto (veja abaixo).
A jovem, que está grávida de seis meses, passou por exames no Hospital de Base de Rio Preto e recebeu alta no começo da tarde da ultima quarta-feira (5). Em seguida, ela foi até a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) registrar um boletim de ocorrência.
“A partir das provas que forem reunidas e dos elementos, vamos adotar as medidas criminais e civis cabíveis para a situação”, afirma o advogado da vítima, Franklin Alves Branco, que a acompanhou até a DDM.
Moradores do Santo Antônio, bairro onde a agressão aconteceu, contaram para uma emissora de TV que presenciaram a cena e que o policial agrediu Isabela porque ela estava filmando uma abordagem a um adolescente e a um homem.
“Colocaram o menino de 12 anos para comer um pedaço de maconha com papel e tudo. Ela estava gravando e falando para não fazer isso. O policial pedia para ela não gravar, para não fazer isso, e ela continuou. Ele grudou no pescoço dela, foi empurrando até na beira do mercado, deu um rodo nela e começou a tentar colocar a algema”, afirma Joelisvaldo Barbosa, servente de pedreiro.
A dona de casa Durvalina Vaz conta que Isabela não agrediu o policial em nenhum momento e que gritou diversas vezes para ele parar de bater nela.
“Ele largou o menino e pegou ela. A mulher só falava para ele não colocar a mão nela. Eu vi tudo, mas não conseguimos fazer nada. Ela é uma menina boa, ótima, que nem cigarro fuma”, diz Durvalina Vaz, dona de casa.
A mãe de Isabela disse que está revoltada com as agressões sofridas pela filha. “Ela mesmo gritava que estava grávida e ele dizia que não estava nem aí, colocando o joelho nela, isso é que mais revolta. Ela no chão, ele em cima ainda deu um murro. Isso é revoltante”, diz a mãe.
Boletim de ocorrência
Segundo o boletim de ocorrência, registrado pelos policiais, a mulher de 23 anos foi rendida após intervir em uma abordagem que flagrou um adolescente com porções de maconha.
Após ser detida, ela foi levada para o hospital. Os dois policiais que estavam na ocorrência foram afastados das ruas para a investigação do caso, segundo a PM.
Nas imagens, é possível ver o policial rendendo a mulher, que está deitada no chão. Ele pressiona a barriga dela com um dos joelhos e a agride com tapas no rosto.
Ainda é possível ver que moradores que presenciam a agressão pedem para o policial parar, dizendo que a mulher está grávida. Em seguida, ele diz que ela está presa e as testemunhas voltam a pedir para ele parar de pisar na barriga dela.
Ocorrência de drogas
De acordo com o boletim de ocorrência, policiais alegaram que faziam patrulhamento de rotina pelo bairro quando viram um adolescente entregando um objeto para um homem e decidiram abordá-los. Durante revista, porções de maconha foram encontradas com o adolescente.
Enquanto os policiais questionavam o adolescente, a mulher grávida teria ofendido os policiais com xingamentos, motivo pelo qual os policiais decidiram abordá-la.
Ao se aproximar, ainda conforme o boletim de ocorrência, a mulher teria agredido um dos policiais. Eles informaram, segundo o registro, que houve necessidade do uso de técnicas e força para jogá-la ao solo e imobilizá-la.
Outras viaturas foram chamadas e compareceram para dar apoio. Após a mulher ser algemada, ela disse que estava grávida de 22 semanas e, por isso, os policiais a levaram para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Posicionamento
O Comando do 17º Batalhão informou que já foram tomadas providências para o devido registro dos fatos que serão devidamente apurados, através do procedimento legal adequado. Os dois policiais que estavam na abordagem foram afastados das ruas para a investigação do caso.
Ainda em nota, a PM afirma que é de interesse a correta apuração de qualquer fato relativo aos procedimentos realizados.
O governador João Doria (PSDB) publicou uma nota nas redes sociais afirmando que recomendou o imediato afastamento do policial militar flagrado durante abordagem a uma mulher grávida