
Regina Aparecida Marques Vieira está entre as vítimas que foi aliciada para trabalhar na boate. Ela foi encontrada morte no dia 25 de fevereiro. Durante a operação, na segunda-feira (24.mar), em Auriflama/SP, quatro homens foram presos.
A jovem de 19 anos que foi encontrada morta, no dia 25 de fevereiro, em uma boate em Auriflama/SP, enviou um áudio, dias antes, para uma amiga dizendo que estava feliz após quitar parte da dívida que tinha com o dono do local. Homem foi preso na segunda-feira (24), em uma operação da polícia suspeito de explorar sexualmente e manter jovens em cárcere privado.
A reportagem do g1 teve acesso ao áudio, que foi gravado por Regina Aparecida Marques Vieira. Na mensagem ela diz: “‘Neguinha’, eu tô feliz da vida. De R$ 15 mil, eu tô devendo R$ 2.340 só, agora. Rapidinho eu pago. Estou feliz da vida! Logo logo eu vô tá junto”.
A jovem está entre as vítimas que foi aliciada para trabalhar na boate.

Regina foi enterrada em Fernandópolis/SP. O caso, inicialmente tratado como suicídio, passou a ser investigado como homicídio ou indução ao suicídio, uma vez que as investigações da polícia apontaram que, dias antes, a jovem foi espancada na boate.
O g1 também teve acesso a uma captura de tela, que mostra uma conversa entre Regina e uma amiga, entre os dias 13 e 14 de fevereiro. Na troca de mensagens, Regina escreve que está cansada e que queria pagar a dívida para “ir embora”.
Prisão
A Polícia Civil identificou pelo menos dez jovens vítimas da quadrilha investigada pelos crimes cometidos em boates em Catanduva/SP, Auriflama/SP, Pereira Barreto/SP e Aparecida do Taboado/MS. Todas as boates são do mesmo dono. Conforme a polícia, as mulheres eram atraídas pelos criminosos com falsas promessas de trabalho.
Durante a operação, na segunda-feira (24), em Auriflama, a polícia prendeu quatro homens, sendo dois em flagrante por tráfico de drogas. Após um mandado de prisão emitido pela Justiça, encontraram e prenderam o gerente e o dono das boates em Auriflama. Um homem que seria o ex-gerente da boate em Catanduva está foragido.
Ao g1, a delegada responsável pela investigação, Caroline Baltes, informou que as mulheres eram forçadas a consumir drogas vendidas pelos administradores desses locais e dessa forma ficavam endividadas.
Um caderno de contabilidade escrito pelos homens suspeitos revela a lista das dívidas por drogas que as vítimas contraíram e até alimentos que consumiam e eram obrigadas a pagar.

A polícia identificou que as vítimas estavam em situação de vulnerabilidade e eram privadas de sair de dentro dos locais, além de ficarem sem alimento, água e acesso à comunicação.
Uma adolescente de 14 anos está entre as vítimas. A mais velha entre as jovens tem 25 anos. A delegada ainda informou que os portões das boates eram trancados e, quando tentavam sair, pulando o muro para comprar alimentos, as mulheres eram perseguidas e agredidas.
Conforme a delegada, a maioria das vítimas conseguiu fugir e escapar, quando fez a denúncia. Durante a operação, a polícia apreendeu drogas, armas, celulares e cadernos de contabilidade. Os estabelecimentos foram fechados e lacrados por determinação judicial.
A quadrilha é investigada por organização criminosa, favorecimento da prostituição, cárcere privado, estupro e homicídio.
*Com informações do g1