Heptacampeão da Mercedes divide o coração entre a naturalidade britânica e a recém-adquirida cidadania honorária brasileira, e vai encarar desafio de voltar a vencer na F1 após 2022 verde e amarelo, mas difícil.
Luís, ou Lewis? Dá pra brincar com a proximidade de Lewis Hamilton com o Brasil, mas fato é: apesar de ser britânico, o heptacampeão viveu um 2022 de grande estreitamento de laços com o país, chegando a se tornar um cidadão honorário brasileiro. Por outro lado, o ano não foi tão bondoso nas pistas com o veterano de 38 anos, que iniciará sua 17ª temporada na F1 em 2023. A missão é liderar a superação da Mercedes (além de sua própria), visando quebrar o jejum inédito de vitórias na carreira.
Em um vídeo divulgado pela F1 no período da Copa do Mundo de futebol no Catar, em novembro, Hamilton respondeu que seu coração estaria dividido – e que ele vestiria uma camiseta com as cores da Seleção inglesa de um lado, e da Seleção brasileira em outro. Mas essa relação não começou em 2022. Relembre abaixo!
A F1 2023 começa no dia 5 de março, com o GP do Bahrein. Esta será a maior temporada da história da categoria, com 23 corridas confirmadas.
Em 2021, Lewis viveu o ápice de sua relação com o Brasil no GP de São Paulo. Foi um fim de semana que entrou para a história do automobilismo: no sábado, na corrida classificatória, largou em último após ser punido por uma irregularidade técnica na asa traseira. Mesmo assim, escalou o grid e terminou em quinto.
Mas a Mercedes já havia anunciado que trocaria o motor de combustão interna do heptacampeão em Interlagos. Sendo assim, Hamilton recebeu cinco posições de punição e começou, de fato, em décimo. Em 19 voltas, ganhou nove posições antes da manobra definitiva sobre Verstappen, que lhe valeu a vitória épica no Brasil.
Após o triunfo, o britânico recebeu a bandeira do Brasil de um fiscal de pista e, emulando o ídolo e tricampeão mundial Ayrton Senna, desfilou com ela nas mãos por Interlagos. O público, é claro, foi à loucura. Em entrevista ao Globo Esporte, o piloto contou ter carregado a bandeira como forma de trazer esperança: “Algo dentro de mim disse ‘vai, pega (a bandeira).'”
Cidadão honorário
No ano passado, a semana de Lewis Hamilton antes do GP de São Paulo começou de uma forma… diferente, pode-se dizer. O primeiro compromisso do heptacampeão no Brasil foi uma ida à Câmara dos Deputados, em Brasília, para receber o título de cidadão brasileiro honorário.
“Não consigo explicar esse amor que vocês mostram todos esses anos a mim. Não sabia o que esperar hoje, mas ver todos vocês me trouxe uma energia maravilhosa. Muito obrigado, do fundo do meu coração. Agora posso finalmente dizer que sou um de vocês. Eu amo o Brasil”, comemorou, na ocasião.
A sessão foi presidida pelo deputado Arthur Lira (PP/AL), que ainda foi confundido pelo público presente. Ao anunciar Hamilton corretamente como heptacampeão, o parlamentar ouviu que o britânico, na verdade, teria oito títulos – uma referência ao polêmico GP de Abu Dhabi, que marcou o primeiro título de Max Verstappen. A cidadania de Hamilton foi concedida por projeto de resolução André Figueiredo (PDT/CE).
E nas pistas?
2022 foi um dos anos mais desfavoráveis na carreira de Lewis Hamilton – na opinião do piloto, o terceiro pior. Pela primeira vez, em 16 temporadas na F1, o britânico não venceu uma única corrida. Sua melhor colocação foi o segundo lugar, que conquistou em cinco etapas: França, Hungria, EUA, México e São Paulo. No campeonato, ficou em sexto, sua pior colocação na história.
A estatística é reflexo dos muitos problemas com o W13, carro da Mercedes em 2022. Com a instauração do novo regulamento técnico da F1, a equipe alemã sofreu com o retorno do porpoising (oscilações verticais), uma consequência do efeito solo.
No GP da Bélgica, que abriu a segunda parte da temporada, o parecer já era definitivo: Lewis não sentiria saudades do W13, que definiu como “um soco no estômago”.
Foram altos e baixos com o carro, que passou por uma evolução nítida. E o crescimento foi tão evidente que, na opinião das rivais RBR e Ferrari, a Mercedes será a principal ameaça de 2023. A nova temporada é mais um capítulo na história do heptacampeão com a equipe alemã, em relação que já dura uma década.
Aos 38 anos, Lewis Hamilton tem contrato com a equipe de Brackley até o fim de 2023. O desejo da volta por cima com a Mercedes pode ser sua principal motivação para estender o vínculo. A chefia já garante que ele fica para 2024 – na prática, é necessário aguardar para ver o impacto do W14 no entusiasmo do heptacampeão.
*Com informações do ge