Fragmentos que reinventam o real

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Valdecir Gerotto, fotógrafo e artista plástico, cria obras que despertam reações únicas em cada espectador por meio de símbolos que representam a matéria. (foto divulgação)

 

Exposição “Transformando o absurdo em uma nova anatomia”, de Valdecir Gerotto, apresenta em Mirassol uma nova linguagem das artes visuais que funde colagem digital, surrealismo e crítica social

 

@caroline_leidiane

Na história da arte, há sempre os que ousam romper a moldura. Foi assim quando Max Ernst e Hannah Höch, no início do século XX, transformaram a colagem em gesto político e poético. Agora, um século depois, é de Mirassol que surge uma nova linguagem carregando esse mesmo ímpeto de reinvenção, contudo amplificado por aparatos digitais.

Chamada Fragmentreal, as obras criadas pelo artista plástico mirassolense Valdecir Gerotto ultrapassam as linhas de estilo e se configuram como manifesto visual. São fragmentos que nascem do encontro entre a colagem digital, manipulação tridimensional e sombras do surrealismo e dadaísmo.

Nas palavras de Gerotto, trata-se de “uma linguagem de resistência visual que questiona os limites entre realidade e imaginação”. O que o artista propõe não é a unidade, mas o estilhaço.

“Ao fragmentar imagens, crio um real alternativo, em que os pedaços não se somam para formar unidade, mas para abrir novas brechas de sentido”, reflete ele.

Intitulada “Transformando o absurdo em uma nova anatomia”, a exposição que marca o lançamento oficial do Fragmentreal acontece de 08 a 13 de setembro, no Centro Cultural, em Mirassol. Serão apresentadas dez obras de grande formato (70×105 cm), acompanhadas de descrições poéticas.

O convite se estende a toda a região, incluindo escolas municipais e estaduais, professores e estudantes de história da arte. A visitação deve ser agendada pelo telefone (17) 99709-4770.

Nas telas digitais de Gerotto, criaturas híbridas ganham vida. Entre asa e metal, olho e pérola, corpo e ruína, as imagens evocam sonhos sem lógica, arquiteturas impossíveis e símbolos que reverberam, tanto a fragilidade quanto a exuberância da contemporaneidade.

“Minhas obras são digitais e subjetivas, exploram a relação entre consciência e inconsciente. Deixo as imagens fluírem de forma aleatória, porém controladas no tempo e no espaço”, explica o artista.

Gerotto afirma que “o mundo não é inteiro, é uma colagem”. Essa síntese de sua pesquisa estética, em que não há linearidade, mas a convivência de fragmentos que não formam unidade, e sim um campo aberto de possibilidades.  Este é o local onde o artista assume o erro, o corte e o encaixe improvável como vocabulário, escavando no digital um território de liberdade.

Em sintonia com a tradição vanguardista que vai do dadaísmo ao surrealismo, Gerotto não busca permissão do passado, mas constrói um presente expandido. Sua obra lúdica, crítica e subjetiva revela que a arte não imita a vida, ela a reconstrói.

É nesse espaço entre o que é e o que poderia ser que o Fragmentreal encontra força. A realidade reinventada como uma colcha de retalhos, que cria uma nova narrativa a cada característico fragmento que nela é inserida.

 

SERVIÇO

Exposição Fragmentreal – Transformando o absurdo em uma nova anatomia

Data: de 08 a 13 de setembro

Local: Centro Cultural de Mirassol, localizado na rua Campos Sales, 2.320, Centro (no antigo mercadão)

Agendamento de visitas (17) 99709-4770 – Tatiane

Serão apresentadas dez obras de grande formato (70×105 cm), acompanhadas de descrições poéticas.  (imagem divulgação)