Fifa planeja arrecadar R$ 25 bilhões a mais com Copa do Mundo a cada dois anos 

672
Presidente da Fifa, Gianni Infantino, ao lado do Emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, durante cerimônia de premiação da Copa Árabe, encerrada no domingo em Doha — Foto: Reuters

Estudo foi apresentado nesta segunda pela entidade no simpósio promovido com 207 associações filiadas; Conmebol e Uefa são contra e planejam criar novos torneios em conjunto.


A Fifa deu mais passo na tentativa de organizar a Copa do Mundo a cada dois anos. Na reunião virtual realizada nesta segunda-feira, a entidade apresentou um estudo financeiro que prevê arrecadar US$ 4,4 bilhões a mais com a redução do intervalo entre os Mundiais. O valor corresponde a uma receita adicional de R$ 25 bilhões.

Segundo o trabalho feito por uma consultoria internacional, o plano aumentaria a arrecadação de US$ 7 bilhões (R$ 39,9 bilhões) estimados para US$ 11,4 bilhões (R$ 65 bilhões) em um ciclo de quatro anos graças ao aumento da receita de ingressos e direitos de mídia e receitas de patrocínio. 

– Os resultados econômicos apresentados são muitos fortes. Todos se beneficiariam, os mais ricos e os mais pobres. Teríamos também mais dinheiro para reinvestir no desenvolvimento do futebol em todo o mundo – disse o presidente da Fifa após o encontro. 

Apesar dos números apresentados pelos funcionários da Fifa aos filiados, a entidade não realizou uma votação sobre o assunto. A estratégia do presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi usar o evento nesta segunda para “chegar a um consenso” sobre a proposta, que é o principal ponto de um profundo plano de reformulação do calendário do futebol mundial. 

Infantino disse que os jovens são favoráveis à redução do intervalo entre os Mundiais e que a maior frequência de disputa do torneio não banalizaria o evento. 

– O que importa é a qualidade – acrescentou o presidente da Fifa. 

A Uefa e a Conmebol já anunciaram que são contrárias a proposta. As duas entidades controlam o futebol, respectivamente, na Europa e na América do Sul. Os seus filiados venceram todos os 21 títulos da Copa do Mundo desde 1930. Os grandes clubes europeus e o COI (Comitê Olímpico Internacional) também são contrários. 

– Não acredito que estou fazendo inimigos. Meu papel é debater o futuro do futebol de forma respeitosa. Estamos falando de solidariedade – disse Infantino, sem dar um prazo quando colocará o assunto em votação. 

Em novembro, um relatório encomendado pelo Fórum das Ligas Mundiais disse que a proposta da FIFA, aliada a mudanças na Copa do Mundo de Clubes, poderia custar às grandes ligas de futebol nacionais e à UEFA cerca de US $ 9 bilhões (R$ 51 bilhões) por temporada em direitos televisivos perdidos e acordos comerciais. 

Na última semana, a Uefa e da Conmebol fizeram uma reunião para unificar uma parceria comercial na tentativa de contra golpear a proposta de um Mundial a cada dois anos. As duas entidades anunciaram a abertura de um escritório de negócios conjunto, com sede em Londres. A capital inglesa também será palco de um jogo entre os atuais campeões da Euro e da Copa América (Itália e Argentina) a ser disputado em junho. 

Eles também aprovaram um estudo sobre a disputa de uma “Nations League” entre os dois continentes: as 10 seleções sul-americanas se juntariam ao torneio que a Uefa já organiza desde 2018. Os dirigentes, porém, não explicaram como funcionaria a logística ou a parte esportiva dessa competição. 

FIFA propõe distribuir mais de R$ 18 bilhões para filiados 

Funcionários da FIFA informaram aos representantes das federações que US $ 3,5 bilhões (R$ 18,8 bilhões) da receita extra seguiriam para um novo “Fundo de Solidariedade para Associações Membros”. Pelo novo desenho, cada federação nacional receberia cerca de US$ 16 milhões (R$ 91 milhões) em um período de quatro anos, enquanto fundos extras também seriam doados para outro programa de desenvolvimento.

*Informações/ge