Fala de Edinalva Azevedo irrita protetores de animais em Votuporanga 

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Foto: Diário de Votuporanga/Arquivo

Vereadora questionou construção da clínica veterinária e afirmou que o ser humano vem ‘perdendo’ no cuidado para os animais. Uma Nota de Repúdio foi assinada pelo movimento e deve ser apresentada nesta segunda-feira na Câmara.


Na 15ª sessão ordinária da Câmara, na segunda-feira (2.mai), os vereadores apreciaram e rejeitaram um projeto de autoria do vereador Chandelly Protetor (Podemos) que previa o aumento no valor da punição para aqueles que abandonam animais em Votuporanga/SP.

Entre as falas dos parlamentares, parte do discurso da vereadora Edinalva Azevedo (UB) sobre o assunto, irritou os protetores dos animais do município que encabeçaram não só uma nota de repúdio que deve ser apresentada na sessão desta segunda-feira, na Câmara, como também não pouparam críticas nas redes sociais.

Em determinado ponto da sessão, Edinalva elogiou o trabalho da Prefeitura na defesa do bem-estar animal, em seguida, emendou. “A gente passou essa semana, semana retrasada. Uma senhora que pegou uma cachorrinha na rua, ela levou essa cachorra para a casa dela, essa cachorra teve quatro ou cinco cachorrinhos lá, ela não sabia que a cachorra tava lá nos dias; e o que é que nós tivemos que fazer? Ligar lá no CPVA, porque a mulher ela estava ficando louca, ela disse que o povo que diz que cuida de animal, não cuida coisa nenhuma. E quem teve que resolver? Prefeitura. Quem teve que resolver? Nosso prefeito. Teve que ir lá e pegar. E como nós vamos falar que nosso prefeito não está fazendo isso? Quem não faz, são essas pessoas que usam de como que gostam de animal ou que faz e não faz coisa nenhuma. Você entende? Quem entrou com castração? A Prefeitura. Quem fez CPVA? A Prefeitura. Hoje nós está fazendo hospital pra cachorro e nós não temos hospital pra uma criança, pra um idoso, olha que situação. Isso é um absurdo dentro de uma cidade como Votuporanga (…). E para o ser humano, o que estão fazendo? Estão morrendo tudo no UPA?(…).”

A fala foi rebatida por Chandelly, que afirmou que a colega de Casa não havia compreendido a necessidade da clínica veterinária no município. “É uma pena vereadora Edinalva, que você ainda não conseguiu entender que animal é uma questão de saúde pública,” comentou o vereador.

Ao Diário de Votuporanga, Sandra Valéria, que integra o movimento de proteção aos animais no município, desabafou sobre o assunto. “Eu não me conformo. Fiquei muito indignada, muito revoltada. Acho que se ela tem desafeto com alguém da causa animal, no caso, se é alguma politicagem, que a gente sabe que existe nesse meio, então, dê nome aos burros. Não ataque todos, como ela fez.”

A protetora falou ainda sobre colegas de causa e que assim como ela, receberam com indignação a fala de Edinalva. “Somos protetores que trabalhamos muito. Eu, a Arlete Lima, Cínthia Gelonez, a Carmen Roveri, tem a Pamela que é meu braço direito aqui como voluntária, tem o Felipe Gallo que faz um trabalho muito bonito também, o Chandelly, a Mariana Dezan que faz um trabalho excepcional, assim como a Leticia Pelegrini. Então, minha revolta maior é dela não dar nome.”

Sandra emendou se referindo ao trecho da fala de Edinalva que trata sobre a clínica veterinária que está em construção em Votuporanga. “Inclusive, eu acho que a ignorância dessa vereadora é absurda, é gritante, porque ela questiona a construção de um hospital para animais e diz que como é possível não ter hospitais para idosos e crianças, mas um fato não anula o outro. O fato de o Chandelly ter buscado recursos para esse hospital aqui (…), não impede que ela vá atrás e faça alguma coisa, já em seu segundo mandato, busque recursos para construção de um hospital e maternidade para crianças, assim como nós temos o Hospital da Criança em Rio Preto. Vai buscar verba para um atendimento mais humanizado para os idosos. O que ela faz? Em dois mandatos ela nunca fez nada por Votuporanga, só promete. Ela tem acesso aos deputados, poderia trabalhar pelas causas de citou, mas mesmo assim prefere atacar a nós, protetores.”

A protetora que cuida de um abrigo com cerca de 200 animais resgatados das ruas e em situação de maus-tratos também reclamou da falta de apoio do poder público. “Sinceramente eu não sei quem que é o prefeito, porque até hoje eu não vi a cara dele. Estamos há 6 meses, desde de dezembro, pleiteando uma reunião com os protetores atuantes, porque para falar que é protetor todo mundo fala, mas na hora que o bicho pega mesmo, todo mundo corre. O prefeito já desmarcou umas 10 vezes, reunião com a gente, e não é para brigar, é para sentar e dialogar, vê o que os protetores estão precisando, as denúncias que estamos recebendo, e do que os animais realmente precisam”, concluiu.