Em período de sucessivos alertas por baixa umidade do ar e altas temperaturas, escolas de Votuporanga ainda vivem o colapso da crise dos ares-condicionados.
Jorge Honorio
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O colapso no sistema de climatização das escolas municipais de Votuporanga/SP segue sem previsão para terminar, prejudicando diretamente alunos e servidores envolvidos na educação infantil e no ensino fundamental.
Nesta segunda-feira (29.set), mais de um ano após as primeiras reportagens do Diário mostrar o suplício de alunos e servidores enfrentando as costumeiras temperaturas altas e a baixa umidade relativa do ar do noroeste paulista, a vereadora Débora Romani (PL) divulgou o resultado de uma visita ao CEM “Prof. Benedito Israel Duarte”, onde constatou que 80% dos ares-condicionados estão inoperantes.
“Gente, é um absurdo o tanto de manutenção que foi pago para que consertassem esses ar-condicionado. E a gente vê uma escola onde 14 ar-condicionado não estão funcionando, somente 4 estão funcionando. As crianças não conseguem ter aproveitamento algum. Uma classe com alunos abafados, tudo abafado, não conseguem ter aproveitamento”, afirmou a parlamentar.
“Nossa, mas isso é um absurdo. Gente, e não é só nessa escola. Muitas escolas estão com esse problema”, completou Débora Romani.
A denúncia da vereadora corrobora e retrata a experiência enfrentada em outras unidades de Votuporanga. Em algumas escolas, além do sucateamento dos aparelhos de ar-condicionado, transformadores de energia elétrica, responsáveis pelo fornecimento às unidades, apresentavam estado crítico, contribuindo diretamente para o colapso do serviço de climatização dos prédios públicos equipados previamente para amenizar o impacto do calor.
Desde o ano passado, conforme noticiou o Diário, professores, diante do desespero, decidiram levar ventiladores de casa para garantir o mínimo de conforto para si e seus respectivos alunos.
Em fevereiro deste ano, com o caos instalado e manifestações nas redes sociais e na Câmara Municipal, coube ao prefeito Jorge Seba (PSD) anunciar uma força-tarefa que, ao custo aproximado de R$ 1,7 milhão, faria a limpeza, consertos e manutenção preventiva de cerca de 490 aparelhos de ar-condicionado distribuídos em 32 escolas municipais de educação infantil e ensino fundamental. A rede é responsável por atender aproximadamente 8 mil alunos.
Na oportunidade, a Prefeitura explicou que a empresa, contratada desde outubro de 2024, estava operando com cinco equipes espalhadas por diversas unidades escolares. Segundo o diagnóstico inicial, do total dos equipamentos instalados nas escolas, apenas 8% apresentam necessidades de substituição, o restante receberá os serviços de limpeza e manutenção preventiva.
O Diário apurou que a previsão para operacionalização total dos equipamentos de ar-condicionado, segundo o cronograma divulgado na Câmara Municipal, era até o final do mês de maio.
Já na segunda quinzena de setembro e com Votuporanga batendo recorde de baixa umidade do ar, o cenário segue sem solução: pais e responsáveis reclamando, alunos passando mal em período de aula, em decorrência do calor, e professores improvisando para conseguir cumprir a jornada de trabalho.
Ao Diário, mães e responsáveis por alunos reclamam da demora no conserto dos aparelhos e devido ao número de apontamentos e diversificação de bairros nota-se que o problema está longe de ser sanado.
A ‘crise dos ares-condicionados’ nas escolas municipais de Votuporanga, conforme noticiado pelo Diário, não é de agora e chegou a ser tema de uma representação de vereadores junto Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), em setembro do ano passado, porém, não há manifestação de prazo para resolução do problema por parte da Prefeitura ou da Secretaria Municipal da Educação.
A Prefeitura de Votuporanga foi procurada recentemente para comentar o assunto, mas preferiu não se manifestar.