Dra. Layne Beretta explicou sobre causas, fatores de risco, doenças relacionadas e deixou mensagem para os pais.
A obesidade é uma das questões de saúde mais prementes do nosso tempo. Afetando milhões de pessoas em todo o mundo, ela é considerada um dos principais fatores de risco para uma série de doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, cardiovasculares, e até mesmo certos tipos de câncer. Para entender melhor essa epidemia global, conversamos com a Dra. Layne Beretta, endocrinologista do SanSaúde.
O que é obesidade?
A obesidade é uma doença crônica associada ao excesso de gordura corporal. Atualmente a definição mais aceita se baseia no IMC, que é um parâmetro calculado levando-se em conta o peso e a altura do paciente. Quando o IMC é ≥ 30 kg/m² o indivíduo é considerado obeso.
Causas e fatores de risco
A obesidade tem uma etiologia bastante complexa e multifatorial. “Hoje em dia acredita-se que ela resulta da interação entre estilo de vida inadequado (sedentarismo, dieta rica em gordura e açúcares refinados), fatores genéticos (em geral vários genes estão envolvidos) e fatores emocionais/
Dra. Layne destacou ainda a existência de vários hormônios que regulam o apetite e o gasto energético, cujo desequilíbrio pode resultar em ganho de peso. “Em casos mais específicos, a obesidade resulta de doenças como por exemplo Doença de Cushing, tumores no hipotálamo, síndrome de Prader-Willi”, complementou.
Impacto na saúde
A obesidade está associada a uma série de doenças. Consequentemente, se não tratada, pode resultar em redução de qualidade e vida e aumento de mortalidade por patologias cardiovasculares e neoplásicas. “As mais comuns e de maior relevância são diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, doença hepática gordurosa metabólica, síndrome da apneia obstrutiva do sono, osteoartrite, depressão, síndrome dos ovários policísticos e até mesmo alguns tipos de câncer (mama, ovário e endométrio nas mulheres e cólon, próstata e reto nos homens)”, alertou.
É possível ser obeso saudável?
A médica explicou que alguns indivíduos obesos não apresentam diabetes, hipertensão, dislipidemia ou eventos cardiovasculares prévios. “Assim, podemos chamar esses pacientes de obesos METABOLICAMENTE saudáveis. Mas se considerarmos o conceito amplo de saúde como envolvendo bem estar físico e emocional, dificilmente o termo saudável se aplica”, frisou.
Tratamento
O tratamento da obesidade baseia-se fundamentalmente em mudança do estilo de vida (com exercícios físicos regulares, dieta personalizada), uso de medicamentos específicos (respeitando-se indicações e contraindicações) e, em casos selecionados, cirurgia bariátrica.
Prevenção
Embora existam fatores genéticos envolvidos na obesidade, sabemos que o meio ambiente influencia na maneira como essa genética se expressa. “Assim, podemos prevenir o ganho excessivo de peso reduzindo o consumo de bebidas açucaradas e açúcares refinados, ingerindo quantidade suficiente de água, fazendo exercícios físicos regulares e reduzindo tempo de tela”, orientou.
Dra. Layne fez questão de alertar os pais. “Sabemos que a obesidade tem se tornado uma epidemia, com números crescentes e alarmantes, inclusive na faixa etária pediátrica. Assim, devemos dar atenção especial às nossas crianças, visto que as preferências alimentares são criadas ainda na infância. Uma criança obesa tem um grande potencial de se tornar um adulto obeso”, finalizou.