Outro projeto que determina que a concessionária de energia elétrica alinhe os fios ou cabos dos postes, também foi aprovado.
Nesta segunda-feira (13) a Câmara Municipal de Votuporanga/SP recebeu sua 45ª sessão ordinária, porém, bastou as entregas de honrarias para que os ares divergentes demonstrassem que as relações andam no mínimo, áspera e tensa, no Palácio 8 de Agosto.
O vereador Mehde Meidão (DEM) foi à tribuna da Casa de Leis após um comentário da sessão da última semana, onde o Chandelly Protetor (Podemos) teria sido questionado nos bastidores da Câmara sobre sua viagem oficial para São Paulo, e ao defender colocou que ao menos não estava usando o veículo oficial do Legislativo para comprar ‘abacaxis’. Minutos mais tarde, o parlamentar retirou à fala.
O assunto reverberou e Meidão trouxe um vídeo, onde aparece um munícipe reivindicando o conserto de um buraco na via, comprovando assim que ele não estava comprando frutas. Porém, antes do arquivo, o parlamentar se referiu a vereadora Sueli Friósi (Avante), que segundo ele, teria dito durante a fala inicial de Chandelly que ‘queria ver o velho descascar o abacaxi’: “Nós fomos muito criticados aqui na semana passada. O vereador do abacaxi. Eu vou explicar onde nós estávamos com o carro oficial naquele exato momento e quero dizer para a vereadora da Casa; ela diz: ‘eu quero ver o velho descascar o abacaxi.’ Eu vou descascar o abacaxi para vossa excelência”.
Em seguida, Meidão criticou gastos com viagens de vereadores para São Paulo e Brasília em busca de verbas, inclusive, o decano pontuou que deputados como Carlão Pignatari, Itamar Borges, Geninho Zuliani, Fausto Pinato, Motta, General Peternelli e até Eduardo Bolsonaro possuem escritórios em Votuporanga ou na região. Além de sugerir o uso da tecnologia da facilitar a intermediação de recursos. E finalizou: “Vejo que todo esse dinheiro gasto com viagens está engordando o bolso dos vereadores. Eu acho um absurdo. Muitas vezes nós somos criticados por defender a economia dessa Casa. Eu votei para o presidente Serginho, na certeza de que nós teríamos uma economia nessa Casa e infelizmente eu não tô vendo essa economia.”
Citado, Serginho da Farmácia (PSDB), prontamente retrucou, afirmando não entender o questionamento do colega decano de Plenário, tendo em vista que, segundo ele, Mehde Meidão seria um dos que mais viajou na história da Casa de Leis.
“A diária ou o adiantamento é prerrogativa do presidente da Câmara, agora o curioso é que em todas as vezes que o senhor presidiu foi feito por diária, então não entendo essa situação de agora com vossa excelência e outra, um dos vereadores que mais viajou nesta Casa de Leis foi o senhor e agora vem a crítica. Então, vamos deixar os vereadores trabalharem, trazerem recursos para a cidade”, afirmou Serginho.
A vereadora Sueli Friósi usou a tribuna para falar sobre o tema e falou que se sente perseguida: “Foi citado meu nome pelo nobre vereador Chandelly, quando ele disse a situação do carro oficial com o nobre vereador Meidão indo comprar abacaxi. Ele citou meu nome, quanto a perseguição política. E é verdade, a gente é mulher, a gente está no primeiro mandato, a gente trabalha, a gente quer o bem da população, nós estamos aqui por amor e por uma missão, mas é notório o sentimento dessa pessoa por mim. A causa eu não sei dizer, mas sei que existe, tanto que qualquer coisa que acontece cita meu nome. Estou aqui porque fui legitimamente votada pelos meus eleitores”, pontuou.
O chefe do Legislativo Municipal ainda seria confrontado pelo vereador Jura (PSB) que criticou a compra de um veículo pela Câmara: “Vossa excelência tem tomado decisão da mesa [Mesa Diretora da Câmara], mas o senhor tem uma mesa, a decisão que o senhor toma presidente, ela reflete nos seis membros da mesa. É verdade que a assinatura é sua, mas vossa excelência tem tomado algumas decisões de punho próprio. Eu tenho dialogado com vossa excelência e chamo a atenção não só da mesa, mas dos vereadores, observem, já foi debatido, nós temos um carro que foi comprado, a mesa não ficou sabendo. Ia ter uma obra aqui na frente e a mesa não estava sabendo. Então presidente eu quero dizer isso olhando para o senhor, eu acho que presidente precisa exercer, exercitar a democracia e chamar a mesa para debater”, afirmou Jura.
Serginho rebateu novamente: “Infelizmente, no papel de presidente, preciso ficar perdendo tempo resolvendo picuinhas de dentro da Casa. Temos ótimos projetos para serem votados para o nosso município, mas infelizmente a gente precisa dar uma resposta. Nobre vereador Jura, é vossa excelência não faz parte da Mesa Diretora, muitas coisas que são colocadas aqui são colocadas sim para a Mesa Diretora. Agora, desde que, vossa excelência não votou em mim para presidente e é um direito seu, pelos votos que tive, é porque eles acreditam na minha competência e no meu trabalho. Tudo o que se faz aqui é dinheiro público, a gente tem que respeitar. Essa Câmara não é só do presidente, da Mesa ou dos vereadores, nós já provamos nossa economia e nosso trabalho. Agora, nós não podemos, o Jura, você deu exemplo do carro, eu acho que nós temos que enxergar longe. Dar condição de trabalho aos vereadores, aos servidores dessa Casa, respeito muito vossa excelência, estou aqui porque fui eleito pra isso e peço a vossa excelência que talvez, concorra a essa presidência, vença e venha ver o tanto que é trabalhoso isso daqui. Tomara que você tenha condições, competência eu acredito que você tenha de exercer, é muito trabalho. Então, tem algumas situações que eu acho tão pequenas, comprar um carro para a Câmara e eu tenho que falar com os vereadores, eu acho que isso é pensar pequeno, isso não é enxergar lá na frente. Então me desculpa a sinceridade, acredito que essa conversa nem precisava acontecer aqui, temos gabinetes para isso”, finalizou.
A discussão entre Jura e Serginho acabou gerando comentários por parte do vereador Cabo Renato Abdala (Patriota), que fazendo alusão ao quartel, disse que poderia ter sido resolvido nos bastidores: “No corredor ali dá pra resolver isso aí. Só dá uma tolha molhada para cada um, que é o que acontece no quartel. Dá pra resolver lá no fundo isso aí, não precisa levar para o comandante”.
Já o didático Thiago Gualberto (PSD), observou o clima na Câmara em uma breve fala em tom de brincadeira “iria sugerir para que a gente fizesse um ringue de UFC, mas não vou sugerir não”.
Projetos aprovados
Um dos projetos mais aguardados da sessão foi aprovado por unanimidade, de autoria do presidente da Câmara, cria a gratificação por desempenho de Atividade Delegada. Na prática, a iniciativa corrigi uma defasagem de 60% na remuneração paga atualmente aos policiais que integram o programa em Votuporanga em relação a outros 60 municípios da região.
O pedido já era antigo por parte dos policiais que agora passam a contar com essa motivação extra para atuar na Atividade Delegada. A votação foi acompanhada por vários policiais e pelo Comandante da Companhia da Polícia Militar de Votuporanga, Capitão André Navarrete, que usou a tribuna da Câmara para agradecer a aprovação do projeto.
Outra inciativa que gerou bastante discussão entre os parlamentares foi a contratação de um financiamento de R$ 10 milhões, da Prefeitura junto a Agência Desenvolve SP. Os recursos, segundo a Prefeitura, serão 100% investidos no programa de recapeamento, o que deve gerar um grande avanço na recuperação da malha asfáltica votuporanguense.
De autoria do Executivo, a operação de crédito será parcelada em 96 vezes, com uma taxa de juros de 0,25% ao mês e com uma carência de até 24 meses para que Votuporanga comece a pagar.
Ao final, Cabo Renato Abdala (Patriota) e Osmair Ferrari (PSDB) usaram a tribuna para falar sobre o novo crédito e declararam o voto em abstenção. Os demais parlamentares se disseram convencidos da capacidade financeira do município e da necessidade da obra à qual será direcionada o recurso.
Outro projeto de autoria do vereador Serginho da Farmácia foi aprovado, inclusive, o parlamentar fez questão de dividir a ideia com o vereador Carlim Despachante (PSDB), iniciativa determina que a Neoenergia Elektro, concessionária de energia elétrica que atua no município, alinhe os fios ou cabos dos postes e retire os fios inutilizados e demais petrechos.