Zagueiro do Peixe tentava reaver prejuízo da quadrilha por não ter recebido um cartão amarelo no jogo contra o Avaí, pelo Brasileirão do ano passado.
Na troca de mensagens entre Eduardo Bauermann e uma quadrilha de apostadores às quais a imprensa teve acesso nesta terça-feira, o zagueiro do Santos é questionado se conseguiria envolver outros jogadores do Peixe no esquema de manipulação e se compromete a falar com pelo menos dois companheiros de equipe.
A conversa acontece entre os dias 6 e 11 de novembro de 2022, datas em que o Santos enfrentou, respectivamente, Avaí e Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro do ano passado. Bauermann é um dos 16 denunciados pelo Ministério Público de Goiás na Operação Penalidade Máxima II.
Na ocasião em que as mensagens foram trocadas, os apostadores tentavam reaver o dinheiro perdido pelo fato de o zagueiro não ter levado um cartão amarelo no jogo com o Avaí. Bauermann recebeu uma transferência bancária no valor de R$ 50 mil para participar do esquema.
Sem sucesso na primeira aposta, a quadrilha tenta conseguir novos jogadores e, para isso, consulta Bauermann. O jogador se compromete a procurar dois companheiros no Santos para receberem cartões na partida contra o Botafogo, no Rio de Janeiro. Os nomes não foram revelados.
Veja, abaixo, a troca de mensagens:
Apostador: “E quantos jogadores você arruma para tomar a porra do cartão no domingo?”.
Bauermann: “Cara, posso ver quem está à disposição aqui. Acho que uns 2”.
Apostador: “Certeza disso, mano? Dois caras mil grau que não vai fazer o que você fez”.
Entenda o caso
O Ministério Público de Goiás fez uma nova denúncia sobre manipulação de jogos no futebol brasileiro. Estão sob investigação partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de confrontos dos estaduais que aconteceram neste ano.
As informações foram publicadas pela Veja. São pelo menos 20 partidas sendo analisadas pelo MP. A nova denúncia foi acatada pela Justiça e feita a partir da busca e apreensão de equipamentos em fases anteriores da Operação Penalidade Máxima.
Os clubes e casas de apostas são tratados como vítimas.
Os casos investigados envolvem apostas para lances como punições com cartões amarelo ou vermelho e cometer pênaltis. Bruno Lopez de Moura, apostador que havia sido detido na primeira fase da operação, é visto pelo MP como líder da quadrilha no esquema de manipulação de resultados. Outras 16 pessoas podem virar réus no caso.
Na fase anterior da operação, alguns jogadores foram alvos de uma operação de busca e apreensão: os zagueiros Victor Ramos, da Chapecoense, Kevin Lomónaco, do Bragantino, Paulo Miranda, ex-Juventude, e Eduardo Bauermann, do Santos, os laterais-esquerdos Igor Cariús, do Sport, e Moraes, ex-Juventude e hoje no Atlético-GO, e o meia Gabriel Tota, ex-Juventude e atualmente no Ypiranga-RS.
Na fase atual, foram adicionados os nomes dos volantes Fernando Neto, ex-Operário-PR e hoje no São Bernardo, e Nikolas, do Novo Hamburgo-RS, e do atacante Jarro Pedroso, do Inter-SM.
O MP-GO pede a condenação do grupo envolvido na manipulação, além do ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais coletivos, ainda segundo a Veja.
Entre os detalhes obtidos nesta investigação do MP-GO estão os valores oferecidos para que os jogadores fizessem os atos previstos nas apostas. Veja abaixo quais são:
- Palmeiras 2 x 1 Juventude
- Juventude 1 x 1 Fortaleza
- Goiás 1 x 0 Juventude
- Ceará 1 x 1 Cuiabá
- Red Bull Bragantino 1 x 4 América-MG
- Cuiabá 1 x 1 Palmeiras
- Sport 5 x 1 Operário
- Guarani 2 x 1 Portuguesa
- Portuguesa 3 x 0 Bragantino
- Esportivo 0 x 0 Novo Hamburgo
- Caxias 3 x 1 São Luiz
O que é a operação Penalidade Máxima?
As investigações começaram no final do ano passado, depois que o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Ele recebeu um sinal de R$ 10 mil, e só teria os demais R$ 140 mil após a partida. Como não foi relacionado, tentou cooptar colegas de time – sem sucesso.
A história então vazou e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, ele próprio um policial militar, investigou o caso e entregou as provas para o Ministério Público de Goiás. A primeira denúncia, feita há dois meses, indicava que havia três jogos suspeitos na Série B do ano passado. Mas, como o ge publicou, havia a suspeita de muito mais jogos, em várias competições, o que faria a operação se tornar nacional. Foi o que aconteceu. As suspeitas agora chegaram à Série A.
Oito jogadores de diferentes clubes foram denunciados pelo Ministério Público e viraram réus por participarem do suposto esquema.
São eles: Romário (ex-Vila Nova), Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).
Eles estariam envolvidos no esquema de cometer pênaltis no primeiro tempo dos jogos Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina. Isso só não aconteceu na partida entre goianos e pernambucanos, já que Romário e Gabriel Domingos não jogaram.
*Com informações do ge