Doação de órgãos: vida e esperança para quem mais necessita

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Doação de órgãos: vida e esperança para quem mais necessita - Foto: Reprodução

Santa Casa possui a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante.


Todos os anos, no mês de setembro, o Brasil se veste de verde para celebrar o “Setembro Verde,” um movimento que visa conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. Esta campanha representa uma oportunidade crucial de educação e incentivo à solidariedade, pois a doação de órgãos é um gesto de amor e empatia que pode salvar vidas.

A Santa Casa de Votuporanga é referência em captação de órgãos, levando esperança e salvando vidas de quem está na fila de transplante. Há anos, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Instituição atua na identificação de possíveis doadores, viabilizando o diagnóstico de morte encefálica, acolhendo os familiares de pacientes falecidos e oferecendo a eles a possibilidade da doação.

O Hospital está vinculado à Equipe da OPO-SJRP (Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Base) que promove a ligação com a rede Nacional de Transplantes. Assim que uma doação é autorizada, inicia-se uma série de ações com protocolos rígidos.

A partir daí, a Central de Transplantes é notificada e articula a operação. Para o processo acontecer, é fundamental a colaboração e apoio das equipes de Emergência, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Centro Cirúrgico, CIHDOTT e administração, além do trabalho de todos do Hospital.

A escolha de quem recebe o órgão é determinada pela Central de Transplantes do ministério, que cruza as informações do doador com as de quem está na lista, avaliando, por exemplo, tempo de espera, idade e padrão de compatibilidade sanguínea e imunológica. O processo é sigiloso e não há contato entre doador e receptor.

Neste ano, até o momento, a Santa Casa captou sete córneas e um múltiplos órgãos, sendo eles fígado, rins e córneas.

Autorização das famílias

Conversar com nossas famílias sobre o tema e manifestar o desejo de doar órgãos é o caminho para que autorizem a retirada após o diagnóstico de óbito. Seja um doador e ajude a salvar vidas!

 “A nossa maior importância na atuação é transformar o momento de luto do familiar do paciente na possibilidade de doação de órgãos e tecidos para transplantes. A comissão se empenha neste processo, acompanhando desde o início e, assim, salvando vidas”, explicou a Coordenadora de Enfermagem da CIHDOTT, Fernanda Medeiros.

Na busca pela conscientização, os profissionais se empenham no diálogo com os familiares. “Lidar com o luto de uma família é difícil e demanda de uma comunicação com muito respeito e empatia. A equipe está sempre preparada, com formação de diversos treinamentos e capacitações relacionados à “comunicação de más notícias”. Entretanto, não existe um modelo ideal.  O que deve prevalecer são respeito pelo falecimento, o amor pelo próximo, o desejo do possível doador e a esperança. O nosso maior desafio é a falta de informação da população à respeito do serviço, mas a abordagem respeitosa pode mudar este cenário”, ressaltou.

Por que as pessoas recusam?

Estigma, falta de preparo dos profissionais e o processo de luto dos familiares são fatores que dificultam a doação de órgãos. Essa é uma das conclusões da pesquisa “Por dentro do coração: pesquisa busca entender recusa familiar na doação de órgãos”, desenvolvida na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE/USP).

Dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) mostram que, pela primeira vez desde 1998, a fila de espera por um órgão no Brasil passou de 50 mil pessoas, o que segundo especialistas é um impacto direto provocado pela pandemia da Covid-19.

Ainda segundo a ABTO, em 2022 o percentual de recusas foi recorde: 47%. Nos anos anteriores, esse índice ficava em torno de 40%.

Atualmente, são mais de 55 mil pessoas na lista de espera e os órgãos mais necessários são: rim, córnea, fígado, coração e pulmão.