Demissão de médico gera comoção e revolta de moradores em Riolândia 

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Moradores de Riolândia protestam contra demissão de médico da Santa Casa – Foto: Rádio Povão/Divulgação

Médico Bibiano Lavezzo trabalhou na Santa Casa de Riolândia/SP por mais de dois anos, mas foi desligado na última segunda-feira (4). Hospital afirma que medida foi tomada na tentativa de conter despesas.


A demissão de um médico da Santa Casa de Riolândia/SP, gerou comoção e revolta na cidade, que tem pouco mais de 12 mil habitantes. Com cartazes, moradores foram às ruas para protestar contra a medida e até criaram a #VoltaBibiano nas redes sociais.

O médico Bibiano Lavezzo trabalhou na unidade por mais de dois anos, mas foi desligado na última segunda-feira (4.jul), conforme apurado.

No dia seguinte, o médico postou um vídeo nas redes sociais, no qual informou sobre o desligamento e agradeceu o carinho da população, que passou a se manifestar contra a decisão “Eu sou grato a cada um de vocês que está fazendo este manifesto, este abaixo-assinado. […] Cada um sabe o que eu fiz, o que eu representei no meu ambiente de trabalho, dentro da nossa querida Santa Casa de Riolândia.” 

“É por isso que vocês tão fazendo o que vocês estão fazendo. Vocês sabem o tanto que eu me doei, o tanto que eu ajudei, o tanto que eu me emocionei, cheguei a chorar com alguns de vocês. Eu tenho muita lembrança”, diz o médico em outro trecho do vídeo, que contabilizava mais de 670 reações, 220 comentários e 4,5 mil visualizações até esta segunda-feira (11).

“Você é muito querido, especial e amado por todos. Parabéns! Você sabe como ser um bom profissional. Deus te abençoe grandemente”, escreveu uma seguidora.

“Estamos juntos doutor Bibiano Lavezzo. Gratidão enorme pelo o que o senhor fez pelo meu pai e por toda população de Riolândia”, disse outro internauta.

O caso ganhou tanta repercussão que foi compartilhado por uma página de memes no Instagram. Trata-se de um vídeo onde há a foto do médico, áudio de uma moradora e até uma música que diz “você é especial”.

O médico fez um vídeo em sua rede social que viralizou – Foto: Facebook/Reprodução

Por telefone, ao jornal Diário de Votuporanga, Juvenal Borges da Silveira, provedor da Santa Casa de Riolândia, confirmou o desligamento do médico e afirmou que ocorreu na tentativa de conter despesas. 

“A atitude estava em análise há alguns meses e a decisão foi adiada para a data de renovação de contrato e apresentada na segunda-feira”, disse. “É uma pena que o orçamento não suporta manter um atendimento de caráter clínico, amplo e irrestrito como pode ser caracterizado.” 

Em uma nota de esclarecimento, a Santa Casa informou que tem passado por um período de dificuldades financeiras por causa do aumento nos preços dos produtos de limpeza, manutenção de equipamentos e materiais de consumo hospitalar. 

“Entre as várias atividades e procedimentos avaliados neste semestre, o atendimento clínico foi o mais emblemático, pois aumentou o consumo de remédios, material hospitalar e exames de rotina no laboratório, elevando a demanda de tais produtos”, informou um trecho da nota. 

O documento também diz que, em uma reunião no dia 7 de março, ficou enfatizado que “a instituição deveria estabelecer o atendimento apenas de urgência e emergência e que não suportaria bancar o atendimento clínico.” 

“Com a grande demanda de medicamentos e materiais, a incapacidade de adquirir por conta dos recursos da Santa Casa, ou seja, pelos montantes que a prefeitura repassa através dos convênios, passaram a ser solicitadas semanalmente ao poder Executivo, no seu Departamento de Saúde Posto de Saúde.” 

“[..] Nesta recomendação pesou contra a insubordinação a possibilidade de não contarmos mais com as doações destes suprimentos necessários e primordiais para o atendimento hospitalar, colocando em xeque não somente o atendimento clínico, neste caso, pouco recomendado, como também o atendimento das urgências e emergências, razão da existência da instituição.” 

Uma autônoma, que reside há 42 anos na cidade, e preferiu não ter o nome divulgado, desabafou: “É triste demais quando começam a misturar a saúde das pessoas com politicagem, nós precisamos mais de médicos do que de políticos. Você já viu demitir um médico por trabalhar demais? Eu nunca tinha visto.” 

A reportagem procurou a Prefeitura, que até o fechamento desta matéria não havia se manifestado sobre o assunto.