Documento do ex-presidente foi retido em investigação sobre suposta trama golpista.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já manifestou a aliados interesse de recuperar o passaporte, retido há um ano por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), para ir à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. A cerimônia acontecerá em 20 de janeiro de 2025, em Washington.
Trump foi declarado vencedor no pleito na manhã desta quarta-feira, após alcançar a marca de 277 delegados.
O passaporte do ex-presidente foi apreendido em fevereiro deste ano durante uma operação da Polícia Federal no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro solicitou a devolução do documento, mas não obteve sucesso. Moraes entendeu que uma eventual viagem do ex-mandatário ao exterior representa um “perigo para o desenvolvimento das investigações criminais”.
O desejo de ter o passaporte integra uma lista de pedidos para o ministro Alexandre de Moraes, do STF, responsável pela determinação de entrega do passaporte. Por meio de aliados, o ex-mandatário solicitou a devolução do documento, o que gostaria que já tivesse ocorrido, inclusive, a tempo de ir aos EUA encontrar com Trump na campanha.
Bolsonaro e seus aliados mais próximos comemoraram nas redes sociais o retorno de Trump à Casa Branca.
Após o anúncio dos resultados, o ex-presidente usou o X para chamar o republicano de “meu amigo” e celebrar sua “vitória épica”, que teria acontecido “contra tudo e contra todos”. Ainda de acordo com ele, esse momento representaria “o ressurgimento de um verdadeiro guerreiro, mesmo após enfrentar um processo eleitoral brutal em 2020 e uma injustificável perseguição judicial”.
Já Fabio Wajngarten, assessor e ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, publicou uma foto com um boné verde com a frase “Make America and Brasil Great Again” escrita em amarelo. A peça é uma adaptação da versão vermelha usada pelo republicano, com a frase “Make America Great Again”. “Para quem estou indo entregar em mãos o boné versão 2026??? Encomendas disponíveis”, escreveu ele.
Mensageiros
Com o pleito de retomar o passaporte, aliados de Bolsonaro dizem que procuraram o ex-presidente Michel Temer (MDB), responsável pela indicação de Moraes ao STF, em 2017, e Carlos Marun, ex-deputado que foi ministro da Secretaria de Governo no mesmo período em que o magistrado ocupava a pasta da Justiça.
Marun foi indicado por Bolsonaro para compor o conselho da Itaipu, em 2020. O ex-deputado, segundo interlocutores, apresentou os pedidos de Bolsonaro a Temer no meio deste ano. Mas não houve qualquer indicação de que os desejos do ex-presidente chegaram até Moraes. As restrições impostas pelo ministro do STF continuam válidas.
Temer foi o principal articulador de uma carta escrita por Bolsonaro com pedido de desculpas a Moraes. Após uma conversa entre os três, Bolsonaro chegou a publicar uma nota se desculpando com o ministro do STF pelos ataques feitos durante uma manifestação na Avenida Paulista, em 7 de setembro de 2021.
O entorno de Bolsonaro também avalia que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem um bom trânsito com Moraes — e pode tentar reverter algumas das medidas restritivas.
Procurado, Temer não retornou. O governador de São Paulo disse que não se manifestaria. Marun afirma que os pedidos de Bolsonaro são conhecidos: “Temos um relacionamento bem estabelecido entre MDB e PL e é possível que este assunto tenha circulado em algum momento, que tenhamos comentado”, diz Marun.
*Com informações do Estadão/Conteúdo
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