Asma: pneumologista explica diagnóstico e tratamento

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Médica pneumologista, Dra. Amanda Tosta Vieira Dotto - Foto: Reprodução

Dra. Amanda Tosta Vieira Dotto deu detalhes dessa doença que afeta aproximadamente 235 milhões de pessoas no mundo.


A asma é uma doença respiratória crônica, que afeta aproximadamente 235 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Um estudo da Organização Mundial da Saúde entre adultos de 18 a 45 anos indicou que 23% dos brasileiros tiveram sintomas de asma no último ano. No entanto, apenas  12% da amostra tinham diagnóstico prévio de asma.

Para entender melhor a patologia, principalmente seu diagnóstico e tratamento, conversamos com a médica pneumologista do SanSaúde, Dra. Amanda Tosta Vieira Dotto. Segundo a profissional, a asma é uma doença heterogênea, geralmente caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas que varia com o tempo e na intensidade, sendo esses associados à limitação variável do fluxo aéreo.

Sintomas

Dra. Amanda contou que os principais sintomas são: sibilos (chiado no peito), dispneia (falta de ar), opressão torácica retroesternal e tosse crônica e recorrente. O diagnóstico se faz pela espirometria, que avalia a função pulmonar e a presença de limitação do fluxo aéreo.

Fatores de risco

Os fatores que influenciam a resposta ao tratamento da asma incluem exposição domiciliar e ambiental (por exemplo, poeira ou fumaça por queima de biomassa, ácaros, e pelo de animais). Tabagismo – a exposição ao tabagismo passivo, tanto em crianças como em adultos, aumenta o risco de exacerbações e dificulta o controle da asma. Asmáticos tabagistas têm risco aumentado de internações e de exacerbações graves. “Podemos citar ainda a falta de adesão ao tratamento e o uso de drogas que podem diminuir a resposta ao tratamento, como anti-inflamatórios não esteroidais e β-bloqueadores”, explicou.

Como identificar uma crise?

Todo paciente asmático deve ter um plano de ação, onde é orientado pelo seu pneumologista os sintomas de uma crise/exacerbação e o que fazer. “Os sinais basicamente são: a piora da dispneia – respiração curta, até dificuldade para respirar, sibilância –chiado no peito e tosse de forma mais persistente”, frisou.

A asma pode ser fatal? E a relação da asma com parada cardíaca?

A médica orientou que a asma pode ser fatal, na maioria dos casos os sintomas aparecem com mais de um dia de evolução e se devem a associação de fatores como falta de uso adequado da medicação inalatória e acompanhamento médico irregular. “A asma quase fatal, forma mais grave da doença, é a que pode causar ataque súbito acompanhado de parada respiratória, sendo responsável por 16% dos casos da doença, segundo estudo brasileiro”, disse.

De acordo com dados de 2017, a doença é a 4º causa principal de internação no Brasil com mais de 140 mil hospitalizações por ano e 2477 de mortes no Brasil.

Pacientes com asma são mais propensos a casos graves de Coronavírus?

No início da pandemia de Coronavírus, em 2020, acreditava-se que, por a asma provocar um quadro de inflamação no corpo e ser crônica, ela poderia deixar os pacientes asmáticos mais suscetíveis às formas graves da COVID-19.  No entanto, estudos em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, descobriram que a maioria dos pacientes com asma não teve um quadro pior na evolução da Covid-19 em comparação aos pacientes sem asma. Os índices de mortalidade também foram semelhantes.

Mas é importante se atentar a três fatos:

– Os estudos se referem a pessoas com forma leve a moderada da asma- grande maioria dos casos, com a doença sob controle;

– Embora algumas doenças aumentem as chances de complicações, a COVID-19 também se manifesta de forma grave em pessoas sem quaisquer comorbidades.

– Pessoas com a forma grave da asma, crises recorrentes e/ou que não fazem o tratamento adequado estão mais sujeitas a complicações do Coronavírus

Tratamento

O tratamento deve ser individualizado de acordo com o controle da doença, características, preferências do paciente e acesso. “Desta forma, cada paciente com asma irá precisar de um tipo diferente de medicamento. Na maioria dos casos, a terapia inclui o corticoide inalatório isolado ou associado a um broncodilatador”, afirmou.

Prevenção

“Tratar a asma de forma adequada e regular é essencial para evitar crises e internações e proteger a função pulmonar por mais tempo.  Evitar os fatores de risco como exposição a alérgicos, tabagismo. E não esquecer de manter a vacinação em dia – principalmente para influenza, COVID-19 e pneumococo”, ressaltou.