Após fala de Lula, Israel muda protocolo e decide fazer reunião com embaixador brasileiro no Museu do Holocausto 

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Foto: Evaristo Sa/AFP

Embaixador diz que Israel não vai ‘perdoar nem esquecer’ as palavras do presidente e chama Lula de ‘persona non grata’ no país até que peça desculpas.


Israel declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma “persona non grata” nesta segunda-feira (19.fev), devido a uma fala em que acusou o exército israelense de conduzir um genocídio em Gaza e comparar as suas ações ao Holocausto contra os judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, que já havia convocado o embaixador do Brasil em Tel Aviv para uma reprimenda, emitiu um comunicado caracterizando a declaração de Lula como “antissemita”.

“Não esqueceremos nem perdoaremos. É um ataque antissemita grave. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel – diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse”, afirmou Katz.

Na manhã desta segunda-feira, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que mais de 29 mil palestinos foram mortos e mais de 69 mil feridos como resultado da ação militar de Israel na Faixa de Gaza.

Discurso de Lula e reações imediatas

Lula fez essa declaração durante entrevistas a jornalistas no hotel onde está hospedado em Adis Adeba, capital da Etiópia. Lá, o presidente cumpriu seu último dia de compromissos oficiais na África. Lula discursou durante a abertura da cúpula da União Africana. “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente brasileiro.

As declarações de Lula também provocaram reação do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Ele usou as redes sociais para endossar a convocação do embaixador do Brasil em Tel Aviv. “Comparar Israel ao Holocausto nazista de Hitler é cruzar a linha vermelha”, escreveu o primeiro-ministro.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) emitiu uma nota na qual condenou a comparação feita por Lula. Para a entidade, o governo tem adotado uma postura desequilibrada sobre esse assunto e pediu moderação para as autoridades. A Federação Israelita do Estado de São Paulo também criticou Lula. “Comparar a legítima defesa do Estado de Israel contra um grupo terrorista que não mede esforços para assassinar israelenses e judeus com a indústria da morte de Hitler é de uma maldade sem fim”, diz o texto.

Israel representa cerca de 0,4% da corrente de comércio com o Brasil. No ano passado, as exportações do Brasil para Israel entre janeiro e setembro somaram US$ 570 milhões, enquanto importações alcançaram US$ 1,068 bilhões.

*Com informações da Veja