Apeoesp distribui Carta Aberta para barrar escola cívico-militar em Votuporanga 

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Apeoesp distribui Carta Aberta para barrar escola cívico-militar em Votuporanga – Foto: Reprodução

Iniciativa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo vem de encontro ao projeto encabeçado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao qual foi classificado como “escolas-quartel”. Em Votuporanga, uma consulta pública pode transformar o SAB na primeira do tipo no município.


A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) iniciou a distribuição de uma Carta Aberta à população que visa barrar a implantação da escola cívico-militar em Votuporanga, programa encabeçado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Conforme noticiado pelo Diário, uma consulta pública aberta até o dia 15 de agosto pode transformar a Escola Estadual ‘Sarah Arnoldi Barbosa’, conhecida popularmente como SAB, na primeira unidade escolar do tipo na cidade. A opinião da comunidade escolar deve ser registrada por meio da Secretaria Escolar Digital.

No entanto, a Apeosp, por meio do professor e conselheiro João Carlos Ribeiro, questiona o programa classificado como “escolas-quartel”, e no documento que está sendo entregue a pais e alunos pede para que votem não na consulta pública: “Eu venho falando da luta incessante do sindicato dos professores, dos professores de modo geral, e o que foi a nossa luta por muitos anos para que conseguíssemos uma escola laica. A Constituição de 1988, em seus Artigos 206 e 208, dá liberdade de pensamento e liberdade de cátedra. Essa questão cívica e religiosa compete ao pai, à escola compete transmitir o conhecimento. Não é através de disciplina militar que vão resolver o problema da violência nas escolas, porque violência gera violência. Nós precisamos trazer o aluno pela inteligência e não criar ‘robozinhos’”.

“Essa tentativa de militarização da escola, do aquartelamento, busca criar robôs e nós defendemos o livre pensamento”, emendou.

O educador afirmou ainda que a intervenção externa nas escolas irá criar muitos problemas e que parcerias com a polícia são bem-vindas, assim como ocorre com o Proerd e a Ronda Escolar, mas não a intervenções profundas, dentro das instituições de ensino: “Faz um bom tempo que a cada governante que passa, eles vem arrebentando com a educação. Você cria legislações esdrúxulas, legislações que não contemplam o ambiente de trabalho, fora da realidade. Aí depois você culpabiliza o professor pela situação de violência que nós nos encontramos. Eu me lembro que minha mãe criou oito filhos, só que naquela época não tinha televisão, não tinha internet, não tinha uma série de fatores. Ela determinava as regras, havia uma hierarquia na família, e essa era cumprida. Hoje a sociedade mudou, nós não podemos educar nossos filhos da mesma forma que educamos no passado. E outra coisa, achar que os militares vão resolver os problemas da educação, isso é conversa para boi dormir.”

“A escola é pública e laica. A comunidade é a responsável por ela. Não existe um parecer exato até que ponto essa intervenção e aquartelamento das escolas vai funcionar. Eles dizem que o aluno hoje em dia dá tapa na cara do professor e aí nós chamamos a Polícia Militar, mas não é bem assim. Em um universo de 700 a 800 alunos, são dois ou três que dão problema, mas isso temos que desenvolver com inteligência e não de disciplina militar”, explicou o educador.

“E ressalto, o caminho não é pela robotização dos alunos. Se a robotização fosse boa não haveria tantos suicídios entre policiais. Eles dizem que uma academia militar é o melhor caminho para trazer a disciplina, a civilidade, o patriotismo. Isso é uma ideia errônea. A polícia cuida da segurança. A educação quem cuida somos nós, os educadores”, concluiu João Carlos Ribeiro.