Caso foi registrado em Palmares Paulista/SP. Márcio Roberto Rodrigues foi preso preventivamente e prestou depoimento à Polícia Civil. Adriana da Silva sofreu fratura no braço e diversos ferimentos.
A advogada do ajudante de motorista Márcio Roberto Rodrigues, suspeito de agredir atendente Adriana da Silva após ser advertido para usar corretamente a máscara de proteção contra Covid-19, afirmou que vai impetrar um habeas corpus para tentar revogar a prisão temporária do cliente.
“É um caso extremamente excepcional, pois uma lesão corporal fez com que meu cliente tivesse a prisão decretada pela Justiça”, disse Cinthia Fernanda Gagliardi.
O crime foi registrado na tarde da última sexta-feira (11), no bairro Jardim União, em Palmares Paulista/SP. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que o suspeito, de 45 anos, ficou nervoso ao ser avisado sobre a obrigatoriedade de se usar o acessório de maneira correta.
Adriana sofreu ferimentos e precisou ser submetida a um procedimento cirúrgico para corrigir uma fratura no braço esquerdo. Ela recebeu alta hospitalar no último domingo (13).
Márcio foi preso na noite da última quinta-feira (17) depois de ser encontrado em uma clínica de reabilitação de Meridiano/SP, cidade localizada a 180 quilômetros de distância de Palmares Paulista. Em seguida, foi levado à delegacia e encaminhado à cadeia de Catanduva/SP, onde prestou depoimento.
Segundo o delegado Pedro Carvalho, o homem alegou que entrou na padaria para beber uma pinga, saiu e voltou ao estabelecimento para ingerir a segunda.
“A Adriana pediu ao Márcio para colocar a máscara corretamente. Ele retrucou e perguntou o motivo de estar sendo advertido, pois outras pessoas também estavam sem máscara. O Márcio disse que foi chamado de “vagabundo”, perdeu a cabeça e decidiu segurar a Adriana para olhá-la e afirmar que não era “vagabundo”, contou o delegado.
De acordo com o delegado, Adriana saiu do estabelecimento depois que Márcio entrou em uma área reservada para os funcionários. Porém, foi seguida e agredida.
“O Márcio falou que realmente correu atrás da Adriana, mas que a vítima caiu sozinha e se machucou. Doze testemunhas confirmaram que a Adriana foi agredida. Mas, mesmo assim, o Márcio não assumiu”, afirmou o delegado responsável por investigar o caso, Pedro Luís Carvalho.
O ajudante de motorista é investigado pelos crimes de tentativa de feminicídio, dano ao patrimônio privado e infração de medida sanitária, segundo informações apuradas.
A Polícia Civil continua trabalhando com o objetivo de reunir provas para indicar Márcio. À advogada do suspeito disse que o caso é extremamente excepcional, pois uma lesão corporal fez com que o cliente tivesse a prisão decretada pela Justiça.
‘Vi a morte’
Segundo Adriana, Márcio entrou na padaria com a máscara embaixo do queixo, ficou nervoso depois de ser avisado sobre a obrigatoriedade usar o acessório de forma correto e deu um tapa em produtos que estavam sobre um balcão.
“Não satisfeito, ele deu a volta e entrou. Saí correndo e fiquei na frente da padaria. Ele me acompanhou e me deu uma rasteira. Tentei levantar, mas o homem chutou e quebrou meu braço”, afirmou Adriana.
Logo depois, a vítima conseguiu se levantar e correr para dentro de uma casa, que estava com o portão aberto, mas foi seguida novamente pelo agressor.
“O dono da casa pediu para sairmos. Consegui chegar a uma outra padaria. Encontrei o dono e a mulher na porta. Ele chegou e deu um soco no dono da padaria. Sentei na calçada. Ele veio e bateu minha cabeça no joelho dele”, relembrou a vítima.
Em seguida, Adriana foi acolhida por uma moradora, colocada para dentro de uma casa e levada ao pronto-socorro de Catanduva/SP, cidade a 20 minutos de distância de Palmares Paulista.
“Eu vi a morte. Lembrava da minha mãe, dos meus filhos, não acreditava que iria sobreviver. Tinha muita gente olhando, mas ninguém fazia nada. Olhei o sangue e pensei que morreria. Quero Justiça. Ganho um salário mínimo. Ele entrou no meu serviço e fez isso”, desabafou.
Moradores revoltados
Moradores que presenciaram os fatos ficaram revoltados e agrediram Márcio. Um outro vídeo mostra o ajudante de motorista discutindo com testemunhas no meio de uma rua.
De acordo com o boletim de ocorrência, o agressor também precisou ser levado ao pronto-socorro, onde equipes médicas precisaram ministrar medicamentos para acalmá-lo.
Posteriormente, Márcio foi encaminhado à delegacia e liberado na presença da advogada. A TV TEM tentou entrar em contato com o suspeito diversas vezes, mas não obteve retorno.
Ainda segundo o registro policial, o ajudante de motorista não prestou esclarecimentos no dia em que as agressões foram registradas porque estava sob efeitos de remédios.
*Com informações do G1/TVTEM