Ao anunciar o registro de 200 mil unidades do T-Cross fabricados no Brasil, a Volkswagen colocou nas entrelinhas o fim do Fox após 18 anos.
“O Fox deixa de ser produzido para dar mais espaço ao SUVW na linha de produção da moderna planta de São José dos Pinhais (PR). A última unidade do Fox que saiu da linha de montagem – versão Xtreme na bela cor vermelho Tornado – passará a fazer parte do acervo da Volkswagen do Brasil e será uma das atrações da Garagem VW, localizada na fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP)”, informou a montadora.
O Fox era feito no Paraná desde 2003. Foram mais de 1,8 milhão de unidades produzidas e dessas, 1,3 milhão para o mercado brasileiro. Além do Fox, a Volks fabricou o CrossFox e a perua SpaceFox.
Indústria enfrenta desafios
Ao divulgar o balanço dos nove meses do ano, a Anfavea, associação que representa as montadoras, divulgou a fabricação de 173,3 mil unidades em setembro, 5,6% superior a agosto.
Depois de um 2020 com tantos problemas em meio à pandemia, a recuperação de mercado ainda enfrenta muitos desafios.
E diferentemente de outras crises, quando a queda de produção se deu por baixa demanda, desta vez o problema vem da oferta: a falta de insumos – alumínio, borracha, pneu, embalagens e, principalmente, os semicondutores – ainda paralisa fábricas e interrompe por semanas a produção.
Expectativas
O problema não é localizado, e sim global. Segundo um estudo divulgado pela Anfavea, o impacto pela falta de semicondutores deverá levar a uma perda de produção estimada entre 7 e 9 milhões de unidades de veículos no mundo em 2021.
No Brasil, a cada mês, a entidade revisa suas expectativas. Desta vez, os executivos traçam dois cenários. Num mais realista, estima-se fechar o ano com a produção de 1,956 milhão de unidades de autoveículos (leves), alta de 3% em relação a 2020.
E numa visão mais otimista, com menos problemas neste último trimestre, as fabricantes poderiam fechar 2021 com 2,044 milhões de unidades (avanço de 7%).
Nas vendas, as estimativas giram entre 1,906 milhão (-2%, na visão realista) e as mais positivas seria de 1,980 milhão (alta de 1%).
Top 10
Confira os carros nacionais mais vendidos em setembro:
HB 20 o mais vendido
Modelos Unidades
1º- Hyundai HB20 7.147
2º- Fiat Toro 6.852
3º- Jeep Compass 6.823
4º- Fiat Strada 5.772
5º- Volkswagen T-Cross 5.733
6º- Fiat Argo 4.911
7º- Fiat Mobi 4.574
8º- Hyundai Creta 4.550
9º- Jeep Renegade 4.503
10º- Chevrolet Onix 4.311
Fonte: Fenabrave
Importados também afetados
Entre os importados pela Abeifa, destaque ao Volvo XC60 –foto- (444 unidades)
A falta de oferta também impacta nas 11 importadoras representadas pela Abeifa. Juntas, as marcas tiveram queda de vendas em setembro: -14,5% em relação a agosto, com 1.871 unidades vendidas e 19.795 no acumulado de janeiro a setembro.
Com forte impacto pela pressão do dólar e falta de insumos, além da inflação, a Abeifa reivindica com os órgãos federais a adequação do regime de importação e redução de alíquotas para veículos híbridos e elétricos.
Entre os importados pela Abeifa, destaque ao Volvo XC60 –foto- (444 unidades), Kia Bongo (265), Volvo XC40 (169), Kia Cerato (107) e Porsche Macan (101).
Mais um Porsche elétrico
A Porsche, aliás, que vem se destacando desde 2020 com modelos entre os importados mais vendidos, lançou na semana passada o Taycan Cross Turismo, o esportivo 100% elétrico.
Por R$ 685 mil, a versão off-road desse modelo que lembra uma sport wagon gera 280 kW de potência (380 cv) ou até 350 kW (476 cv) com a utilização dos recursos overboost e controle de largada.
O preço inclui a instalação do carregador doméstico, em que a marca executa um projeto específico de acordo com condições específicas da residência do cliente.
Quem quiser ainda realizar o sonho de ter um Porsche na vida com aquele motorzão turbo a gasolina deve correr. Até 2025, metade dos carros da marca alemã produzidos serão híbridos ou totalmente elétricos.
Adeus Fox
Ao anunciar o registro de 200 mil unidades do T-Cross fabricados no Brasil, a Volkswagen colocou nas entrelinhas o fim do Fox após 18 anos.
*Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo. E-mail: lucia@viadigital.com.br