Danilo Gonçalves
Caríssimo leitor, apesar de ser um tanto complexo definir a música, tratando-se de algo universal, muitos professores e estudiosos costumam defini-la como um agrupamento de três elementos básicos: harmonia, ritmo e melodia. Compreendemos a harmonia como o envolvimento das notas formando os chamados acordes; o ritmo como um movimento coordenado e repetição de sons de um compasso; e a melodia como uma sucessão de notas coerentes. Mas, como relatamos anteriormente, ela é universal e não precisamos necessariamente defini-la. Cada um interpreta a música como achá-la pertinente à sua própria personalidade.
Essa, talvez, seja uma das partes mais incríveis sobre a vida: a peculiaridade de cada ser humano. Imagine como seria se todas as pessoas tivessem a mesma personalidade, gostos e pensamentos. E se você soubesse que cada pensamento seu, até o mais íntimo, é de conhecimento de todos, já que não existem diferenças. Seria um tanto estranho, não?
A partir desse conceito de individualidade no campo psicológico, observamos que a influência musical sobre o psiquismo humano, é extraordinária. É claro que existem pessoas que não possuem qualquer relação com a música, com algum grupo, ou estilo musical. Então, será que para essas pessoas a música não tem algum sentido?
Se fôssemos com uma pessoa assistir a uma peça de teatro, ou em um filme, cuja a temática sombria ou de suspense, certamente a musica teria um sentido relativo que seria o de criar um ambiente próprio para o “medo”. Sem uma música de “terror”, o filme “Halloween” não teria a mesma intensidade em nossa apreensão. Logo, por mais que se tente evitar, a música aparece em algum momento para criar um “climax” à nossa emoção.
Analisemos agora as pessoas que gostam de música. Quem gosta de música e aprecia, vai se identificar com algum estilo, de alguma forma. Quem gosta de música clássica, geralmente, não gosta de funk, e vice-versa. Este exemplo pode ser levado até uma repulsa e estereotipia de um grupo para com o outro. Desta forma, a música se torna um componente negativo, fugindo de sua maior essência que é unir as pessoas.
Se pararmos pra pensar que as pessoas criam identidades, estilos musicais, com o livre-arbítrio para apreciarem o que quiserem, porque não podem respeitar o gosto do outro? Músicas diferentes podem causar emoções diferentes. Somos diferentes.
Pouco tempo atrás, vídeo expondo um trabalho acadêmico realizado pelos alunos de Publicidade e Propaganda, Moda e Jornalismo da Universidade ESAMC Sorocaba – SP, para a marca “Coca-Cola”. As cenas contemplavam a diversidade de estilos e personalidades confraternizando-se ao som da música “Don’t stop me now” da banda britânica “Queen”, em seus mais variados ritmos. Parece utópico de minha parte, mas é sempre bom sonhar que um dia possamos respeitar, integralmente, o estilo e o gosto do outro.
Então, não precisamos, necessariamente, comprovar cientificamente a relação musical nas nossas emoções. Podemos ficar tristes ou felizes facilmente, basta ouvirmos “aquela” música que nos lembre da pessoa amada, ou algum período difícil de nossa vida. Tudo depende do momento e do tempo, mas apenas lembramos que somente nós somos capazes de “mudar a faixa” do álbum de nossa vida.
Observe o que a música promove dentro de você e até que ponto ela te influência positiva ou negativamente. A música também nos ajuda no autoconhecimento, na reflexão sobre nós e nossas emoções, da tristeza à felicidade; da raiva à calma, e vice-versa. Foi o que Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, descreveu sobre estes estados de espírito da seguinte forma quando disse que “a música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”.
- Danilo Gonçalves – Psicólogo Clínico e Pós-graduando em Musicoterapia. CRP 06/137144
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