Por Andrea Anciaes
Ação irresponsável e profunda tristeza…. patrimônio da cidade de Recife, a estátua do escritor Ariano Suassuna, que integra o circuito da poesia, foi depredada e parcialmente destruída por uma ação de vandalismo. O circuito que conta com monumentos de artistas como os poetas Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, os músicos Chico Science, Luiz Gonzaga e o compositor Capiba, tem como objetivo destacar o legado de personalidades ligadas à cultura em Pernambuco. É muito importante que possamos, cada vez mais, cuidar, proteger e combater as ações de vandalismos!
É lamentável! Um ato de extrema violência contra a cultura, o patrimônio público e a democracia brasileira. Onde vamos chegar com tanta ignorância e bestialidade?
Parece que o Brasil já era!
As pessoas fazem questão de demonstrar à sua ignorância, à imbecilidade, à brutalidade e o ódio!
Triste país se tornou o Brasil! Cada vez mais o país está perdendo à sua identidade…tudo consequência de um país que segue desgovernado e que demonstra um imenso descaso pela cultura.
No Brasil atual, queimam o pantanal, destroem a floresta amazônica, matam os animais e odeia-se a cultura.
O Brasil do cidadão de bem é assustador!
Atitudes como essa, mostram o quanto precisamos de educação de qualidade…
Não adianta prender os vândalos que fizeram isso, pois outros também irão fazer… Questão de educação mesmo e nos dois sentidos… a que aprendemos na escola e a que aprendemos com nossos pais.
Podem derrubar uma estátua (óbvio que não compactuo com essa atrocidade), mas jamais conseguirão derrubar, derrotar, apagar o legado de ARIANO SUASSUNA.
Ariano vive!
Abaixo uma breve biografia para quem desconhece Ariano Suassuna:
Ariano Suassuna (1927-2014) foi um poeta, romancista e dramaturgo brasileiro. Nasceu na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, no dia 16 de junho de 1927. Filho de João Suassuna, ex-governador do Estado, passou parte de sua infância na fazenda Acauham. Em 1930, com o assassinato do pai, a família muda-se para a cidade de Taperoá, no sertão, onde Ariano fez seu curso primário.
Em 1938 vão morar no Recife, onde Ariano ingressa no Colégio Americano Batista. Em seguida estuda no Ginásio Pernambucano, importante colégio da cidade. Em 1946 entra para a Faculdade de Direito, ligando-se ao círculo de poetas, escritores e artistas da capital pernambucana, onde fundam o Teatro do Estudante de Pernambuco.
Em 1952 começa a trabalhar como advogado mas, logo abandona a profissão, dedicando-se ao magistério e à atividade de escritor. Autor de extensa obra, entre elas, os romances “O Auto da Compadecida” (1955), obra que mais tarde seria adaptada para o cinema e para a televisão, “O Santo e a Porca” (1958), “A Pena e a Lei” (1971) e o “Romance d’a Pedra do Reino” (1971), obra também adaptada para a televisão.
O romance o “Auto da Compadecida” enquadra-se na tradição medieval dos Milagres de Nossa Senhora (do século XIV), em que numa história mais ou menos profana, o herói em dificuldades apela para Nossa Senhora. O estilo é simples, onde o humor e a sátira unem-se num tom caricatural, porém com sentido moralizante. Ariano traz uma visão cristã sem se aprofundar em discussões teológicas, denunciando a corrução, o preconceito e a hipocrisia.
Ariano Suassuna foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura em 1967, foi diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE, em 1969. Foi também secretário de cultura do governo Eduardo Campos. Realizava aulas-espetáculos em várias cidades do país. Com seu estilo próprio, sua capacidade imaginativa e seus conhecimentos sobre o folclore nordestino, realizava verdadeiro espetáculo.
Ariano faleceu no Recife, no dia 23 de julho de 2014, em decorrência de um AVC hemorrágico.
…”Que é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos”.
(Ariano Suassuna)
A tristeza que nos abateu nesta semana, com o vandalismo e derrubada da estátua em Recife-PE, não atingiu sua fabulosa memória e tão pouco o legado de um dos maiores escritores do nordeste. Pelo contrário, evidenciou os mais singelos sentimentos: AMOR e RESPEITO que os brasileiros(as) tem por ti, grande Mestre.
“Quem é mais amado do que eu, nesse País?” Pois, bem!
….Oxente!
(Ariano Suassuna)