Vacina do Butantan é a com menos efeitos adversos dentre as usadas no Brasil

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Estudo revela que vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac causa efeitos adversos em apenas 29% a 33%, e todos muito leves.


Um estudo publicado na revista científica Lancet Infectious Diseases revelou que a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac contra a COVID-19, causa efeitos adversos em apenas 29% a 33%, e todos muito leves (como dor no braço ou fadiga passageira). Esse é um ótimo indicador, que atesta o alto perfil de segurança do imunizante, e um dos menores índices de efeitos adversos entre todas as vacinas aprovadas até o momento para uso emergencial pela Organização Mundial de Saúde.

O estudo foi realizado por pesquisadores dos Centros de Controles de Doenças das províncias de Hangzhou, Nanjing e Jiangsu, na China, cientistas da Academia Chinesa de Ciências e pesquisadores da Sinovac, com 744 voluntários que participaram dos ensaios clínicos de fase 1 e 2 da CoronaVac. Na fase 1, 29% dos voluntários relataram ter experimentado reações adversas, principalmente dor no local da aplicação e fadiga, no período de 14 dias após receber a vacina. Na fase 2, apenas 33% dos voluntários relataram efeitos adversos. Menos de 5% dos voluntários em ambas etapas tiveram sintomas de febre, dor de cabeça ou náusea.

No Brasil, dados sobre a segurança da vacina do Butantan foram obtidos em ensaios clínicos de fase 3 com 9 mil voluntários em 2020. As manifestações indesejadas foram muito leves e não foi necessária atenção médica maior. No Projeto S, estudo clínico realizado pelo Butantan na cidade de Serrana, foram administradas 54.882 doses na população adulta do município e não houve relato de evento adverso grave relacionado à vacinação. Durante a aplicação da primeira dose do imunizante em Serrana, foram 4,4% de relatos de reações adversas e apenas 0,02% considerados de grau 3 (mialgia e cefaleia), porque interferiram nas atividades diárias. Já na segunda dose, houve somente 0,2% de relatos de efeitos adversos, nenhum considerado de grau 3 ou superior. Outro indicador que atesta a segurança da CoronaVac é que, até hoje, a área de Farmacovigilância do Butantan não recebeu nenhum relato de trombose associado à vacinação – um dos efeitos adversos já relatados em outras vacinas contra a Covid-19.

Tais resultados contrastam com as conclusões observadas em estudos com as demais vacinas contra a Covid-19 – embora não seja possível comparar diretamente os resultados de pesquisas, pois os grupos estudados são diferentes, assim como as metodologias de análise. Entre 70% e 75% dos norte-americanos que tomaram vacinas feitas com a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA) relataram experimentar efeitos adversos, percentual que subiu para 86% a 88% entre pacientes britânicos que tomaram a vacina AstraZeneca/Oxford, feita com a tecnologia de vetor viral. Já no caso da vacina da Janssen, também de vetor viral, entre 35% e 62% dos entrevistados relataram efeitos adversos.

A tecnologia empregada na CoronaVac, de vírus inativado, é uma das mais estudadas e seguras do mundo. O vírus é replicado e, posteriormente, morto. Assim, não é capaz de se multiplicar no corpo e adoecer o organismo, mas consegue desencadear a produção de anticorpos e produzir resposta imunológica.

Vacinas feitas com a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA) 

Um estudo recentemente publicado no jornal da Associação Americana de Medicina sobre a percepção de efeitos adversos das vacinas das farmacêuticas americanas Pfizer ou Moderna, feitas com a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA), foi feito com 3,6 milhões de norte-americanos que tomaram a primeira dose, e 1,9 milhão que tomaram a segunda dose. A maioria dos participantes relatou ter experimentado reação no local da injeção (70% dos que tomaram a primeira dose, e 75% dos que receberam a segunda dose) ou reação sistêmica (50% após a primeira dose, e 69,4% após a segunda dose) durante os primeiros sete dias após a vacinação. As reações mais frequentemente após a primeira dose da vacina foram dor no local da injeção (67,8%), fadiga (30,9%), cefaleia (25,9%) e mialgia (19,4%). O relato de efeitos adversos foi maior após a segunda dose para ambas as vacinas, particularmente para reações como fadiga (53,9%), dor de cabeça (46,7%), mialgia (44%), calafrios (31,3%), febre (29,5%) e dos nas articulações (25,6%).

Vacinas feitas com vetor viral

Um estudo publicado na The Lancet analisou a percepção de efeitos adversos de 560 adultos que receberam a vacina elaborada pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca e por pesquisadores da Universidade Oxford. Entre aqueles que receberam duas doses, após a primeira dose foram relatadas reações locais em 88% dos participantes no grupo de 18 a 55 anos, 73% no grupo de 56 e 69 anos, e 61% no grupo de 70 anos e mais. Foram relatadas reações sistêmicas em 86% dos participantes no grupo de 18 a 55 anos, 77% no grupo de 56 a 69 anos, e 65% no grupo de 70 anos ou mais. Fadiga, dor de cabeça, febre e mialgia foram as reações adversas sistêmicas mais comumente relatadas.

Além disso, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos realizou um levantamento com 3.356 norte-americanos que tomaram a dose única da vacina da farmacêutica Janssen. No grupo de 18 e 59 anos, um total de 62% relataram ter experimentado um ou mais efeitos adversos, sendo os principais deles fadiga (43,8%), dor de cabeça (44,4%), mialgia (39,1%), náusea (15,5%) e febre (12,8%). Já no grupo com mais de 60 anos, 35% tiveram algum efeito adverso, como fadiga (29,7%), dor de cabeça (30,4%), mialgia (24%), náusea (10,8%) e febre (3,1%).

*Informações/Governo de SP