UTI Neonatal da Santa Casa de Votuporanga oferece esperança

818
UTI Neonatal da Santa Casa de Votuporanga oferece esperança - Foto: Reprodução

É na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal que os príncipes e princesas prematuros do noroeste paulista passam os primeiros dias (semanas, e até mesmo meses) de vida.


É dentro da Santa Casa de Votuporanga, entre o Jardim e o Centro Cirúrgico, que se esconde um reino encantado, onde todos os dias o céu é azul e as nuvens fofinhas. Um lugar em que as carruagens estão sempre quentinhas, todos se vestem com seus melhores trajes e as fadas madrinhas nunca param. É na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal que os príncipes e princesas prematuros do noroeste paulista passam os primeiros dias (semanas, e até mesmo meses) de vida.

Inaugurada no dia 15 de junho de 2007, a UTI Neonatal cuida em média de 150 bebês prematuros, ou seja, que nasceram antes da 37ª semana de gestação, todos os anos. “Se engana quem pensa que esse é um número pequeno. Um bebê que nasce com 500 gramas e sem nenhuma outra complicação fica com a gente no mínimo de seis a oito semanas”, explica a fada madrinha e médica neonatologista responsável pela UTI Neonatal, a Dra. Lara Galvani Greghi. “Se formos contar, já passaram quase 3 mil bebês pela Neo”, continua.

A UTI Neonatal conta com dez leitos (sete do SUS e três de convênio), ventiladores de alta tecnologia e incubadoras de ponta. Além de médicos 24 horas por dia, uma equipe multidisciplinar e um Centro Cirúrgico equipado para lidar com qualquer eventualidade. “E, ainda assim, isso não é o mais importante para gente. A humanização, o pegar na mão da mãe, o explicar da situação, o carinho e comprometimento da equipe da Neo, é isso que é importante”, contou a Dra. Lara.

O amor transparece na parede ao lado de fora da UTI Neonatal, onde as fotos de diversos bebês que passaram pelos cuidados da Dra. Lara e de sua equipe estão estampados. São fotos de aniversários de um ano, formaturas da escolinha, primeiros passos e em família. Quem sabe, no ano que vem, quando a UTI Neonatal completar 18 anos, veremos fotos de formaturas do ensino médio, faculdade e casamentos.

Equipe diurna e noturna da UTI Neonatal – Foto: Reprodução

Para Rosilene da Silva Rocha, a UTI Neonatal foi sua casa por dois longos meses em 2007, enquanto esperava sua filha Ana Clara Silva de Souza se recuperar. “A Ana Clara nasceu de 38 semanas, com 1.260 quilos e 34 centímetros. Ela era muito pequena! Até me assustei quando vi. Eu tive um problema com o meu líquido amniótico que impossibilitou ela de crescer no útero, e a fez nascer mais cedo”, conta a mãe.

Ana Clara foi uma das primeiras pacientes recebidas na recém-inaugurada UTI Neonatal, e sua mãe não perdia um momento do desenvolvimento da pequena. “Eu chorei muito quando vi ela pela primeira vez na incubadora. Mas a Dra. Lara me acalmou e fez um combinado comigo: Eu ficaria durante 12 horas ao lado da minha filha, todos os dias. Uma semana eu vinha às seis da manhã e ia embora às seis da noite, na outra eu trocava, vinha às seis da noite e ia embora às seis da manhã. E foi assim pelo tempo que ela ficou internada”, disse Rosilene.

O plantão materno funcionou, talvez até um pouco de mais. Depois que Ana Clara teve alta e foi para casa, Rosilene se interessou na profissão de enfermeira. Hoje, ela trabalha no Pronto Socorro da Santa Casa como Técnica em Enfermagem, enquanto Ana Clara frequenta o segundo ano do ensino médio integrado com técnico em agropecuária na ETEC Rural de Votuporanga.

“Eu sempre vou ser eternamente grata a Dra. Lara e toda a equipe da UTI Neonatal. Eu só tenho que agradecer a Deus por colocar pessoas como essas na terra para capacitar, instruir e cuidar.” falou Rosilene.

Em 2014 foi a vez da Magali Cristina Tofoli Casado procurar ajuda ao sentir dores e um leve sangramento às 23 semanas e 6 dias de gestação. Ao chegar no Hospital foi constatado que ela estava em trabalho de parto, e que seu filho Gustavo Tofoli Casado, viria a nascer três dias depois.

“Foi um momento muito assustador. Segundo a médica plantonista a chance de vida do bebê era mínima pela idade gestacional, mas que iriam solicitar uma vaga na UTI Neonatal.”, contou Magali. E como um passe de mágica, a equipe do reino encantado foi acionada. “Eu estava desesperada, até a Dra. Lara aparecer como uma fada madrinha, segurar na minha mão e me falar para ficar tranquila, já que o ultrassom estava mostrando que meu filho estava com 580 gramas, e na UTI Neo já tinham salvo bebês de 490 gramas.”, continuou.

Gustavo ficou 5 meses internado na UTI Neonatal, e lá venceu todos os obstáculos impostos a ele. “Foi como viver em uma montanha russa, entre altos e baixos. Ele apresentou praticamente todas as intercorrências de um bebê prematuro extremo, um dia você chegava ele estava bem, no outro já recebia más notícias. Mas felizmente ele estava nas mãos de anjos guiados por Deus e teve o melhor tratamento que poderia ter sido ofertado. A cada batalha ele quase nos matava de susto, mas com a ajuda de toda equipe sensacional e competente da UTI Neonatal ele foi vencendo todas”, disse Magali.

Hoje, Gustavo tem 10 anos e é um menino maravilhoso, cheio de vida. Ele possui algumas sequelas da prematuridade como Transtorno do Espectro Autista e Deficiência Intelectual, mas é inegável que o tratamento recebido por ele o ajudou a superar todas as expectativas.

“A UTI Neonatal de Votuporanga é especial, nestes 5 meses que passei lá sempre me senti acolhida, criei laços de amizades que fazem parte da minha vida até hoje. Tudo que eu posso fazer é agradecer toda a equipe que trabalharam com profissionalismo, amor, carinho com as crianças e seus familiares. Gostaria de deixar aqui minha admiração pela Dra Lara, por quem eu tenho paixão pelo seu trabalho e como ela cuida de cada uma dessas crianças como se fosse seus próprios filhos e investe todo seu conhecimento para salvar suas vidas. Assim como ela não mediu esforços para que hoje eu tenha este Guerreiro chamado Gustavo ao meu lado!”, finalizou Magali.