STJ determina relaxamento da prisão de motorista que atropelou e matou jovem em saída de festa

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Carro usado pelo suspeito de cometer o crime à esquerda; vítima que morreu atropelada à direita — Foto: Arquivo Pessoal

Decisão do ministro Reynaldo Soares da Fonseca acatou pedido da defesa que elencou ilegalidades na decisão de prisão preventiva. João Pedro Alves havia sido denunciado homicídio duplamente qualificado e lesão corporal em caso registrado em Cedral/SP.


O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) determinou o relaxamento da prisão do motorista que atropelou e matou a jovem Estefany Ferreira Medina, de 20 anos, e fugiu sem prestar socorro.

Estefany foi atingida pelo carro em uma estrada que dá acesso a um conjunto de chácaras, entre São José do Rio Preto/SP e Cedral/SP, ao sair de uma festa na manhã de 29 de janeiro. O motorista João Pedro Alves foi encontrado dormindo em casa horas depois do atropelamento.

Ele foi denunciando pelo Ministério Público em fevereiro, por homicídio duplamente qualificado e lesão corporal, ambos mediante dolo eventual.

Na terça-feira (9.mai), o ministro do STJ, Reynaldo Soares da Fonseca, considerou o pedido da defesa do motorista, que elencou no habeas corpus as ilegalidades na decisão da prisão preventiva de João.

João Pedro Silva Alves fugiu sem prestar socorro, mas foi encontrado, levado à delegacia e teve a prisão preventiva decretada — Foto: Arquivo pessoal

Segundo o advogado Juan Carlo de Siqueira, o relaxamento da prisão concede a liberdade para o motorista sem medidas cautelares. Porém, o juiz responsável pelo caso é quem decidirá se será necessário adotá-las, segundo a decisão do ministro.

“Contudo, concedo a ordem, de ofício, para relaxar a prisão preventiva do ora paciente, ressalvando a possibilidade de o juízo processante aplicar as medidas cautelares que considerar necessárias”, diz um trecho da decisão.

A previsão é que João Pedro deixe o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Rio Preto e responda ao processo em liberdade.

O crime

Estefany Ferreira Medina estava em uma chácara — Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com o MP, João Pedro passou a madrugada ingerindo bebida alcoólica em uma festa open bar e assumiu o controle do carro acompanhado dos amigos.

Durante a investigação, testemunhas informaram que o motorista dirigia de forma perigosa e ziguezagueava rapidamente, a ponto dos passageiros perderem o contato com o banco quando o veículo passava por lombadas, ignorando o pedido para que reduzisse a velocidade.

Ainda de acordo com a denúncia do MP, em determinado momento, João desviou para a direita e atingiu Estefany, que estava sentada fora do local de passagem dos veículos. Ela foi arrastada e teve morte imediata por politraumatismo.

Além da jovem, o motorista também atingiu um amigo de Estefany, que teve ferimentos leves ao se esquivar. O suspeito desceu do carro, viu que atropelou as vítimas e fugiu sem prestar socorro, mas depois foi encontrado e preso.

Troca de mensagens

Após o acidente, João Pedro Alves trocou mensagens com os amigos que estavam no carro. Na conversa obtida pelo g1, João Pedro pediu para um amigo fingir que não o conhecia.

  • João: tá aí?
  • Testemunha: sim, onde você está?
  • João: o que houve?
  • Testemunha: amigo, você atropelou uma menina. Você tem noção?
  • João: seguinte, vocês não me conhecem.

Em outro trecho da conversa, o amigo disse que João Pedro deveria ter prestado socorro à vítima, mas foi rebatido.

  • Testemunha: se puder volta lá e presta socorro amigo, por favor.
  • João: eu vou ver o que faço, mas não fala que me conhece.

João Pedro também afirmou que não poderia assumir a responsabilidade do acidente, porque tem “carreira para seguir”.

  • João: eu não posso assumir isso
  • Testemunha: amigo, você pode, sim, porque foi tu, mas não culpo você.
  • João: não posso, vê o que aconteceu e finge que vocês são desconhecidos. Estava todo mundo louco.
  • Testemunha: sim amigo, mas quem estava no controle era tu.
  • João: eu tenho minha carreira para seguir, minha vida para seguir. Peguem o Uber e vão embora.
João disse que ‘precisava seguir a vida’ e não assumiria o crime — Foto: Arquivo Pessoal

*Com informações do g1