SOBRIEDADE JÁ 

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Carlinhos Marques - Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai

VEM DAR UMA ESPIADINHA. NÃO VOU NÃO…

Está aí, mais uma edição do reality show mais conhecido no Brasil, mesmo formato, e garantia de audiência e lucro para a emissora.

Para mim o contrassenso começa pelo nome, Big Brother, traduzindo: grande irmão. Como grandes irmãos, se a tônica é um excluir o outro, parece que tem até o paredão, que nas práticas militares antigas eram usados para matar inimigos. 

Irmãos não se auto eliminam, irmãos se juntam. 

Esse tipo de programa ainda tende a aguçar uns dos lados mais sutis da personalidade humana: a curiosidade. 

É intrigante como milhões de brasileiros perdem seu tempo com esse tipo de proposta. 

São Tomás de Aquino, um estudioso do comportamento humano, disse que existem dois tipos de curiosos, o que procura por algo inútil, e os que procuram por algo nocivo, penso que esse programa consegue agradar os dois.

SACRIFÍCIO, O OFÍCIO SACRO… 

Você saber realmente o que é sacrifício? 

Antes, é bom lembrar que a ideia de sacrifício está cada vez mais excluída da disposição das pessoas, a facilidade das ferramentas principalmente as tecnológicas, diminuíram muito o ofício, ofício que é o trabalho.  

O que uma máquina faz hoje em minutos, homens demoravam horas no mesmo ofício. 

Vamos lá, sacrifício é literalmente o ofício sacro. 

Está ligado a arte de servir, é a coragem de renunciar a algo em benefício de outra pessoa, fazer a diferença na vida de alguém. 

Veja, sacrificar seu tempo em favor de alguém é um dos sacrifícios mais valiosos, dinheiro, se perder você pode ganhar mais, bens, pode comprar de novo, mas o tempo é único, e dado a alguém se torna sagrado.  

Faça como diziam os gregos: “Roube momentos do seu banal e traga para o seu sagrado, fazendo sacrifícios.”

O TEMPO PASSA, PARA QUE VOCÊ FIQUE 

Você já se perguntou por que existe tempo?  

Ora, se somos imagem e semelhança de Deus, porque Deus fez o tempo para nós, se Ele é atemporal, não tem passado nem futuro. 

Gente, o tempo tem uma função fantástica em você, ele passa para construir maturidade na tua consciência, e aí juntar coisas que não passam.  

O tempo passa para nos termos oportunidade, de colocar em nós, coisas que não passam, virtudes, valores, aliás crescem com o tempo. 

Guarde isso: “O tempo passa para que você fique.”  

Uma vez perguntaram a Millôr Fernandes o que ele queria que escrevesse no túmulo dele, ele disse: “Escreva, ele não está aqui.” 

Perfeito, com certeza ele ficou no que construiu.  

Não estamos aqui para matar o tempo, mas para nos alimentar do tempo, e construir coisas que fiquem além do túmulo.

JÁ TOMOU SEU BANHO MENTAL HOJE? 

Esses dias minha tia, me contou que uma vizinha, até num gesto de solidariedade foi entregar um pedaço de pão para um morador de rua, lhe deu um abraço.  

Acontece que esse morador de rua estava há muitos dias, talvez semanas sem tomar banho, resumindo, ela pegou uma bactéria, e ficou por 10 dias nas UTI, com risco de vida mesmo. 

O nosso corpo físico está em contato 24 horas com todo tipo de impureza, mas um banho no final do dia, retira tudo isso, nossa sujeira física vai ralo abaixo com a água e o sabonete. 

Penso que essa ideia de limpeza do corpo físico deveria nos ensinar sobre a limpeza de nosso corpo mental. 

Você tem noção do quanto a gente se suja mentalmente durante um dia, são notícias, conversas, músicas, ah vou ver aquilo mesmo. 

Precisamos de um banho diário também, na mente, na alma, se sentir limpo todo dia, jogar no ralo as bactérias mentais que as circunstâncias colocaram em nós.

SEM MEDO DO MEDO 

Não tenha medo do medo, ele pode ser a seta que te direciona para aquilo que mais vai te fazer crescer, diante do medo, e independente do medo, faça uma pergunta: isso eu preciso fazer?  

Olha se você realmente precisar, pode ter certeza, então você pode. 

Agora coisas que nos dão medo, e estão fora da nossa necessidade, pode ser até prudência, como um aviso, não vai. 

 Quando eu vejo pessoas se arriscando em aventuras radicais em montanhas, em velocidade, ou num bungee jump, coisas totalmente desnecessárias, o medo até protege. 

Agora aquele frio na barriga na hora de uma entrevista de emprego, na hora de falar com o chefe, ou numa apresentação em público.  

Separe as situações em que o medo precisa ser vencido, um bom parâmetro, isso eu preciso, ou isso seria só mais uma afirmação perante o meio?

Por Carlinhos Marques 

Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai, que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já” 

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