PEDRO SÓ NO RG
Estive pensando, e não me lembro de ter encontrado ninguém chamado Judas por aí, um xará do traidor. E você? Já viu?
A gente entende, né? Nenhum pai escolheria esse nome para o filho. Mas curioso é que ninguém se espanta com a quantidade de Pedros que existem por aí, aliás Pedro também traiu. Negou Jesus três vezes. A diferença é que Pedro voltou. Judas, não.
Em Judas havia mais do que a traição, havia a arrogância de não aceitar o perdão.
Ele acreditou mais no próprio erro do que na misericórdia de Deus. E é aí que muita gente se perde. Não por trair, mas por não voltar. Por não se perdoar. Por achar que a cruz foi pequena demais para carregar o seu pecado.
Tem gente por aí se enforcando nos próprios dias, mesmo tendo outro nome no RG. Mas infelizmente na identidade da alma, ainda está escrito: Judas.
“E voltando-se o Senhor, fitou Pedro. E Pedro lembrou-se da palavra do Senhor e, saindo, chorou amargamente.” (Lucas 22, 61)
NÃO TROQUE UM PROPÓSITO POR QUALQUER PROPOSTA
É só colocar o pé no chão pela manhã e pronto, o mundo começa o bombardeio em cima da gente com suas de propostas. Propostas de trabalho, de prazer, de fuga, de ilusão.
Pouca coisa é imposta. Quase tudo vem embrulhado em liberdade, vem com o direito de escolha, o tal livre arbítrio. E é aí que mora o perigo: as propostas testam o tamanho do nosso propósito.
Elas chegam sedutoras, cheias de promessas, e cochicham no nosso ouvido: “Por que não?”
Mas é nessa hora que o propósito mostra sua força, é quando a proposta tenta apagar o ideal, a missão, o chamado. Sem propósito, até o mais talentoso dos humanos se perde.
A falta de constância vira desistência, o caminho vira atalho, e o destino se apaga.
E o que antes era propósito, se vende barato por uma proposta qualquer.
Proposta boa mesmo é a que amplia quem você é, e não a que diminui o que você nasceu para fazer. E são poucas, essas propostas, muito poucas.
“Sede firmes e inabaláveis, sempre abundantes na obra do Senhor, (1Coríntios 15, 58)
O FELICIÔMETRO NÃO MENTE
A felicidade tem prazo de validade quando está exclusivamente nas coisas.
A ciência já provou: o dinheiro traz prazer, mas até o ponto de suprir o essencial, comida, casa, contas. Depois disso, o prazer não é mais necessidade, é simplesmente substituição.
Coisas novas, o carro, o celular, o sapato novo, tudo isso dura só enquanto tiver cheiro de novo. Mas logo perdem o encanto.
Agora, as experiências que a gente vive desafiam o tempo: uma viagem, um abraço, uma roda de risadas. Quanto mais o tempo passa, mais valor ganham.
Enquanto o celular do ano passado já perdeu preço, aquela tarde com alguém especial não sai da lembrança.
Então estive pensando, imagina se existisse um aparelho capaz de medir a felicidade, como um termômetro mede a temperatura… Um “feliciômetro”.
Tenho certeza: o prazer de quem trocou seu jatinho particular, seria bem parecido com o de quem ganhou, ou comprou a primeira bicicleta. Porque felicidade real não está no que temos, mas no que vivemos.
“Não ajunteis para vós tesouros na terra, mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nada se perde.” (Mateus 6, 19-20)
CONHECIMENTO SEM AMOR, É DESEJO DE DOMÍNIO
Houve um tempo em que o poderoso era quem tinha muita terra, ele podia produzir alimentos. Depois da revolução industrial, o poder migrou para quem tinha indústria, tinha capital.
Hoje, o poder mora em quem tem conhecimento. Mas o conhecimento sem amor é perigoso. Vira instrumento de manipulação, e não de transformação.
Quando o saber não nasce do coração, ele serve mais para dominar do que para libertar.
Seria perfeito se procurássemos crescer em amor com a mesma urgência com que buscamos saber. O conhecimento traz poder, mas o amor traz propósito.
E o mundo anda cheio de gente informada, mas vazia. Sabem de tudo, mas não sabem mais amar.
“O saber incha, mas o amor edifica.” (1Coríntios 8, 1)
NÃO QUERO VER, ENTÃO FICO CEGO
Você já deve ter brincado com uma criança que tampa os olhos e acha que, porque não está vendo, também não está sendo vista. Bonitinho, né?
O problema é que a gente cresce, e continua fazendo a mesma coisa. Fechamos os olhos para não encarar a realidade. Fingimos que não existe, e acreditamos que, se não olharmos, se não queremos ver ela desaparece.
Mas a verdade não se apaga só porque você escolheu não vê-la. É como tentar esconder o sol com as mãos, dá pra enganar por um instante, mas o calor continua queimando.
Na criança, isso é brincadeira. No adulto, é fuga.
E a vida, cedo ou tarde, vem e tira as mãos dos nossos olhos e diz: “Agora veja.” Veja o que precisa mudar. Veja o que precisa curar. Veja o que ainda pode florescer.
“Porque nada há de escondido que não venha a ser manifesto; e nada há de oculto que não venha a ser conhecido.” (Marcos 4, 22)
Por: Carlinhos Marques
Presidente Fundador Instituto Novo Sinai, idealizador projeto “Sobriedade Já”
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