SOBRIEDADE JÁ 

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Carlinhos Marques - Presidente Fundador do INSTITUTO NOVO SINAI - Foto: Reprodução

DEPENDÊNCIA AFETIVA

Fala-se tanto em dependência química de álcool, drogas, jogos, mas há uma que costuma passar despercebida: a dependência afetiva. E, muitas vezes, ela é confundida com amor, justamente por envolver relações humanas.

A ausência, ainda que momentânea, da pessoa de quem o dependente “precisa”, pode gerar sintomas muito parecidos com os de uma abstinência química: ansiedade, angústia, desespero, medo de perder o controle. O coração se torna refém, e a mente entra em colapso emocional.

Aquela velha frase “eu não vivo sem você” resume bem esse drama. O dependente afetivo acredita, de fato, que só existe se o outro estiver presente. E nessa ilusão, transforma o outro ser humano em uma espécie de “tarja preta humano”, um calmante de uso contínuo para o vazio que ele mesmo não consegue preencher.

No fim das contas, amar é liberdade e não prisão. É caminhar ao lado, e não se apoiar o tempo todo. Porque o amor verdadeiro não cria dependência, mas desperta independência.

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não é invejoso, não é orgulhoso, não é arrogante.” (1Coríntios 13,4)

ATÉ QUANDO VOCÊ VAI QUERER O FOGO

Na última peregrinação que fizemos em Toledo, na Espanha, visitamos uma fábrica de acessórios de ouro e prata. Em uma sala, demos de cara com um artesão que trabalhava ali na nossa frente. Com um maçarico, ele lançava fogo sobre a prata, moldando-a com paciência e precisão.

Perguntamos se aquele calor constante não corria o risco de danificar a peça. Ele respondeu que sim e que por isso não podia desviar o olhar da peça nem por um instante. “Se o fogo passar do ponto”, disse ele, “a prata perde o valor.”

Alguém então perguntou: E como o senhor sabe o momento certo em que a peça está no ponto?

Ele sorriu e respondeu: Quando eu consigo ver minha imagem refletida nela.

A vida funciona de modo semelhante. Quando o fogo das dificuldades nos envolve, Deus nos observa atentamente. Ele só afasta o olhar quando conseguimos, através da dor, refletir sua imagem em nós. O fogo da vida não vem para destruir, mas para lapidar, e como aquela joia de prata, nos também passamos por essa dor, por essa tempera, para seremos reflexo do criador.

“Como o ouro é provado no fogo, assim o Senhor prova os corações.” (Provérbios 17,3)

INSPIRAÇÃO E TRANSPIRAÇÃO

Muita gente espera a tal da “inspiração” chegar para começar algo, um projeto, um sonho, uma mudança de vida. Mas a verdade é que, na maioria das vezes, é a ação que provoca a inspiração, não o contrário.

Esperar se sentir pronto é como esperar o vento certo para começar a remar. O segredo está em começar mesmo com dúvidas, mesmo com medo. Isso é a transpiração: esforço, o movimento, a coragem de dar o primeiro passo.

A inspiração não é um raio que cai do céu. Ela nasce do esforço contínuo, da disciplina, da persistência. Grandes obras de arte, músicas eternas e textos que mudam vidas surgem de madrugadas sem dormir, de pessoas que se dedicam mesmo num momento “pouco inspirador”.

A lição é clara: se você tem apenas 1% de inspiração, mas 99% de transpiração, chegará muito mais longe do que quem espera pelo momento perfeito.

“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças.” (Eclesiastes 9,10 – Bíblia Ave Maria)

ALEGRIA NÃO É FELICIDADE 

Qual a diferença entre alegria e felicidade? 

A felicidade é uma condição duradoura, um estado profundo. Já a alegria é passageira, um momento intenso que pode surgir de fora, de uma piada, de um encontro, de um sorriso. Nem todo alegre é feliz, mas todo feliz conhece a alegria.

A alegria pode nos fazer rir, mas nem sempre traz plenitude. A busca pela felicidade nos ensina a viver plenamente, mesmo diante das dificuldades. Muitas vezes, a infelicidade não está na ausência, mas na presença de pensamentos, hábitos ou relacionamentos que nos bloqueiam. 

Uma das formas mais raras e belas de felicidade é perceber alegria na felicidade do outro. O contentamento compartilhado multiplica a paz interior e nos conecta com algo maior. 

“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Filipenses 4,4)

VOCÊ NUNCA SE BANHARÁ DUAS VEZES NO MESMO RIO

Heráclito, na Grécia antiga, dizia que ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Parece simples, mas é profundo: o rio nunca é o mesmo, e nós também mudamos. A água continua correndo, levando pedaços de nós, às vezes com delicadeza, outras, com força, como uma enchente.

Ainda assim, insistimos em querer tudo igual, como se fosse possível congelar o tempo. Mas a vida não permite “pause”. O espelho reflete novas expressões, o coração bate em outro compasso, e até os sonhos, quando descuidados, mudam de endereço.

O segredo não é lutar contra o movimento, mas aprender a mergulhar de novo. Cada banho, mesmo no mesmo rio, traz algo de novo: uma folha que passa, um peixe que salta, ou apenas o frescor de uma “água mais nova” que estava mais acima, no rio. Mas se o rio muda, se nós mudamos, há algo que permanece firme: Aquele que nos guia, a rocha segura em meio às águas que correm.

“Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje; ele o será para sempre.” (Hebreus 13,8)

Por: Carlinhos Marques 

Presidente Fundador Instituto Novo Sinai, idealizador projeto “Sobriedade Já” 

@novosinai 

@carlinhosmarques_novosinai 

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www.novosinai.org.br

 

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