Pesquisa do Sebrae-SP mostra também que 83% dos donos de pequenos negócios acreditam que sua empresa sofrerá impacto; investir em comércio eletrônico e delivery são alternativas
Além das graves questões de saúde pública, o coronavírus é uma ameaça para a saúde financeira dos pequenos negócios. Em São Paulo, uma pesquisa realizada pelo Sebrae-SP mostra que seis entre dez empreendedores estão “muito preocupados” com o vírus. As entrevistas foram realizadas entre os dias 16 e 17 de março com 1.509 donos de empresas de todo o Estado.
Para 83% dos entrevistados, o coronavírus vai afetar sua empresa. Entre eles, 95% acreditam que o impacto será negativo. Do total de entrevistados, 12% não sabem se haverá impacto e apenas 5% afirmam que não esperam ser afetados. A preocupação é maior entre os empreendedores da Capital – 90,7% deles esperam sofrer impacto com o coronavírus. No Interior, esse índice cai para 79,1%.
Em relação ao setor de atuação, os empresários mais preocupados estão no comércio: 86,5%, contra 81,9% na indústria e 81,5% no setor de serviços. Já no que diz respeito ao porte da empresa, 90,4% dos donos de empresas de pequeno porte (EPPs) acreditam que vão sofrer impacto. Entre os proprietários de microempresa (ME), esse índice é de 86,8%; já entre os MEIs, são 79,1%.
Os empresários responderam sobre quais os principais impactos negativos que eles esperam para o seu negócio: 71,6% temem queda nas vendas; 59,7% citam redução no fluxo de consumidores e 43,8% redução das atividades da empresa. Era possível responder até três opções.
Já a pequena fatia de donos de pequenos negócios que esperam um impacto positivo do coronavírus citam como expectativa: aumento nas vendas (39,7%), aumento da carteira de clientes (32,7%) e aumento de vendas pela internet (26%).
Diante da ameaça de impacto nos negócios, quatro entre dez empreendedores já estão planejando tomar uma ação. Para 55%, no entanto, o melhor a fazer no momento é aguardar. Entre aqueles que pretendem tomar uma ação, as principais atitudes citadas são: intensificar a higiene no ambiente de trabalho (74,5%), informar os funcionários sobre o vírus (44,5%), trabalhar em home office (29%) e implementar venda pela internet (24,9%).
Os donos de pequenos negócios foram perguntados sobre quais ações imediatas que eles acreditam que poderia ajudar suas empresas. Para 29,6%, a principal seria flexibilidade nos prazos de pagamento de impostos e contas, seguida por isenção de alguns impostos por tempo determinado (26,5%), empréstimos facilitados (14,4%) e abertura de linhas de crédito (13,4%).
Ações
No momento atual, a prioridade do Sebrae-SP é minimizar o impacto do coronavírus nos pequenos negócios, que hoje respondem por 49% dos empregos e 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. “Será inevitável uma queda na demanda, principalmente nas atividades que envolvem atendimento ao público, como restaurantes, salões de beleza e comércio em geral”, afirma o diretor-superintendente da entidade, Wilson Poit. Por outro lado, ele diz que poderá haver aumento de demanda em comércio eletrônico e serviços de entrega.
A recomendação de Poit é que os empreendedores invistam na presença digital de seus negócios, oferecendo venda online e entrega em domicílio se o segmento permitir. “O melhor é se adequar ao delivery do que deixar de vender, assim como encontrar uma plataforma na internet para oferecer seus produtos”, diz. Ele também afirma que é hora de negociar prazo com fornecedores e conhecer muito bem seus custos, cortando aquilo que não é essencial. “Enquanto ainda não há clareza sobre incentivos econômicos específicos para os pequenos negócios, o Sebrae-SP oferece apoio e informação para o empreendedor conseguir sobreviver a essa crise”, conclui o diretor-superintendente.