Estudante de Jornalismo de Bauru compartilha histórias e anseios na 3ª temporada de Transparências, websérie de Dib Carneiro Neto e Fábio Takahashi.
Depois de apresentar Orlando Amorim, professor universitário de São José do Rio Preto que somente na maturidade aceitou de forma tranquila a sua homossexualidade, a terceira temporada da websérie Transparências, uma produção do GADA Rio Preto, conta a história da filha dele, a jovem trans Flora Amorim, em seu segundo capítulo, que estreou nesta segunda-feira (5) nas mídias sociais. O capítulo de Transparências dedicado à Flora, que atualmente reside em Bauru, onde cursa Jornalismo na Unesp, pode ser visto no Youtube (Transparências Gada) e no Facebook (@GadaOng).
Flora Amorim nasceu na cidade de São Carlos. Os pais se separaram quando ela tinha 3 anos e Flora foi morar com a mãe, com quem viveu na mesma casa até os 16 anos. Mudou-se várias vezes de cidade e de escola. Em Araraquara, por exemplo, fez a pré-escola e o 1º ano do ensino fundamental. Em seguida, vai para São Carlos, onde fez o 2º ano. A mãe se muda para a França, onde Flora completa o 3º e o 4º anos.
Em 2010, ela e a mãe voltam para São Carlos. Flora muda de escola duas vezes nesse período por conta de bullying – uma questão que está longe de acabar na vida dela, persistindo até hoje. A mãe de Flora migra para o Canadá, em 2017, mas a filha prefere se mudar para Rio Preto e para a casa do pai, Orlando, e assim conclui o ensino médio.
Segundo Flora, nunca houve agressão física por parte de grupos que faziam bullying consigo, mas ela era frequentemente tratada por “viadinho, bichinha, boiola” – sem ao menos saber o que era exatamente ser hetero ou ser homo, pois nem havia ainda chegado à puberdade quando começou a virar vítima desses preconceitos. Hoje em dia, já mais adulta, Flora relata que um comportamento assim tão idiota e partindo de pessoas idiotas causava em sua vida cotidiana mais efeito do que ela gostaria.
Num depoimento bastante maduro, a jovem diz que, quando relatava o bullying para o seu pai, ele sempre respondia que não era para ela se sentir pessoalmente ofendida ou constrangida, muito menos humilhada, porque isso não era um xingamento, era uma condição sexual. Ser gay não é ofensivo, simplesmente se trata de uma orientação sexual – o pai lhe alertava.
De forma bem objetiva, Flora constatou a sua transexualidade há aproximadamente dois anos, mas hoje lembra que, aos 11 anos de idade, teve o primeiro insight sobre a feminilidade que cobiçava. Ela está em início do seu processo de hormonização, mas já fez toda a mudança do prenome nos seus documentos oficiais. A jovem não tem disforia de gênero e espera, em um futuro a médio ou longo prazos, fazer cirurgias de redesignação sexual.
Transparências
Websérie do GADA Rio Preto que convida internautas para uma saudável reflexão sobre gênero e sexualidade a partir de histórias de pessoas LGBTQIA+, Transparências já conta com 23 episódios nas mídias sociais e se encontra em sua terceira temporada, iniciada em novembro.
A websérie é um projeto do GADA – ONG com quase três décadas de atuação na promoção da saúde, prevenção do HIV, IST e hepatites virais e direitos humanos LGBTQIA+ em São José do Rio Preto – cuja terceira temporada conta com financiamento da Unesco e do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), ligado ao Ministério da Saúde. A direção é de Fábio Takahashi e os roteiros, de Dib Carneiro Neto. A captação de imagens e edição são de Daniel Torraca.
Os episódios de Transparências podem ser vistos de graça no Youtube (Transparências Gada) e no Facebook (@GadaOng).
Websérie Transparências – 3ª Temporada