
Presidente respondeu à pergunta sobre suspeitas de ligações entre Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, com o Careca do INSS, pivô do escândalo.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (18.dez), o presidente Lula (PT) disse defender sem ressalvas as investigações sobre as fraudes no INSS ao ser questionado sobre suspeita de envolvimento de um de seus filhos, Fábio Luis Lula da Silva, conhecido como Lulinha.
“Se tiver filho meu metido nisso, será investigado”, disse Lula, segundo quem as investigações foram feitas e requisitadas por seu governo.
A decisão do ministro André Mendonça, que embasou a operação desta quinta-feira (18), relata que a Polícia Federal identificou tratativas internas de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”, citando o pagamento de R$ 300 mil ao “filho do rapaz”, expressão usada em mensagens apreendidas.
As mensagens foram trocadas entre o “careca do INSS” e Milton Salvador de Almeida Júnior, apontado como operador financeiro do grupo.
Segundo o laudo da PF, os diálogos extraídos do telefone de Milton mostram que Camilo Antunes determinou o pagamento de mais uma parcela de R$ 300 mil e, ao ser questionado sobre quem seria o destinatário, respondeu de forma cifrada: “o filho do rapaz”.
Em seguida, Milton encaminhou mensagem comprovando a realização do pagamento, no mesmo valor, para a empresa RL Consultoria e Intermediações LTDA, que funcionaria como empresa de fachada do esquema.
A Polícia Federal afirma que, pelo contexto das mensagens e pela dinâmica financeira apurada, o valor de R$ 300 mil pago à RL Consultoria não se destinava à prestação real de serviços, mas sim a beneficiar o “filho do rapaz”, expressão usada para ocultar o verdadeiro destinatário final do dinheiro.
Relatórios de inteligência financeira (RIFs) citados na decisão indicam que a RL Consultoria recebeu, ao todo, R$ 18,27 milhões, parte relevante transferida por empresas ligadas diretamente ao “careca do INSS”.
A decisão informa que a RL Consultoria tem como sócios Roberta Moreira Luchsinger, amiga de Lulinha, e seu pai.
A decisão do ministro e o relatório constante no texto não fazem ligação entre “o filho do rapaz” e o filho de Lula.
De acordo com um investigador, só há essa referência e ela ainda será investigada.
Lulinha tinha o nome ligado às suspeitas envolvendo o INSS pela relação de proximidade com o “careca do INSS”, apontado pela Polícia Federal como o líder da organização criminosa responsável pelos descontos fraudulentos de aposentados.
Operação Sem Desconto
A Operação Sem Desconto investiga um esquema nacional de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Em abril, investigações da PF revelaram um esquema criminoso para realizar descontos irregulares de valores recebidos por aposentados e pensionistas do INSS, ocorridos no período de 2019 a 2024. Os desvios, conforme as investigações, podem chegar a R$ 6,3 bilhões.
Nesta nova fase, a PF prendeu Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS” e preso pelo mesmo esquema desde setembro, e Eric Fidélis, filho do ex-diretor de Benefícios do órgão, André Fidelis.
O ministro André Mendonça também decretou a prisão domiciliar de Adroaldo Portal, que era secretário-executivo do Ministério da Previdência Social e foi exonerado após a operação desta quinta.
A PF chegou a pedir ao STF a prisão do senador Weverton Rocha (PDT-MA), mas a Procuradoria-Geral da República se posicionou contra a medida. O parlamentar, contudo, foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Weverton é apontado pelas investigações como beneficiário dos desvios no INSS e “sustentáculo político” do grupo criminoso.
Em nota enviada pela assessoria, Weverton Rocha disse ter recebido “com surpresa” a busca na sua residência. “Com serenidade se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral a decisão”, diz o comunicado.
A PF e a Controladoria-Geral da União (CGU) cumprem 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares.
A operação desta quinta-feira foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ocorreu nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.




