Anúncio foi feito depois de uma reunião com 20 médicos plantonistas que participavam da greve, que começou na ultima sexta-feira (1º); durante a paralisação a família de um idoso denuncia que dois médicos plantonistas pediram R$15 para interna-lo; após 20 horas sem atendimento o idoso morreu
Os médicos da Santa Casa de Santa Fé do Sul (SP) anunciaram o fim da greve nesta segunda-feira (4), após três dias de paralisação dos serviços.
O anuncio foi feito depois de uma reunião com 20 médicos plantonistas que participavam da greve. Na reunião, a provedoria anunciou que faria os pagamentos atrasados referentes aos plantões de setembro.
Os médicos estavam de greve desde sexta-feira (1º). Durante o período, cerca de 200 atendimentos deixaram de ser realizados, além de novas cirurgias, consultas e exames, informou a Santa Casa.
Segundo a Santa Casa, o motivo da falta de pagamento é que a prefeitura não repassou uma verba de R$ 180 mil, que deveria ser depositada no dia 20 de setembro.
Um idoso que quebrou o fêmur e precisava de internação de urgência, morreu após esperar 20 horas para ser transferido para outro hospital da região.
A gestão da Santa Casa é municipal desde 2014, antes era do Estado. A Santa Casa de Santa Fé do Sul atende, por mês, cerca de 350 pessoas pelo SUS.
Filha de idoso que morreu após esperar por transferência diz que médicos pediram R$ 15 mil para internação
Idoso esperou por cerca de 20 horas para ser transferido do UPA para Santa Casa de Santa Fé do Sul (SP) após fraturar o fêmur. Provedor da unidade hospitalar afirma não ter conhecimento sobre o pedido de pagamento, mas que investigará a situação.
A filha do idoso, de 80 anos, Arlindo Aparecido Pilhalarmi, que morreu no domingo (3) depois de esperar por cerca de 20 horas para ser transferido da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para a Santa Casa de Santa Fé do Sul (SP), afirmou que médicos plantonistas pediram R$ 15 mil para interná-lo.
Segundo Marisa Pilhalarmi, a morte do pai foi causada por omissão de socorro dos dois plantonistas da Santa Casa.
“Se ele tivesse sido transferido na hora, não teria acontecido isso. Agora está complicado. Nada que façamos trará meu pai de volta. Nós pedimos Justiça porque vai acontecer isso com outras pessoas. Os médicos fizeram um juramento para atender os pacientes. Se eles estão descontentes com o salário, devem procurar outro serviço”, diz a filha da vítima.
O provedor da unidade hospitalar afirmou não ter conhecimento sobre o pedido de pagamento, mas que investigará a situação.
Arlindo sofreu uma queda dentro da casa onde morava com a família. Ele foi levado para a UPA do município e deu entrada por volta das 23h do sábado (3).
A diretora da unidade de saúde, Nathalie Gimenes, afirmou que o idoso foi atendido imediatamente e que o pedido de transferência foi realizado na mesma noite. Contudo, médicos plantonistas negaram o pedido.
“A UPA tentou várias vezes fazer a transferência só que os dois plantonistas que estavam na hora se recusaram. Nós tentamos de tudo e perguntamos se tinha alguma forma. Eles responderam que, se pagássemos R$ 15 mil, fariam a transferência. Nós não tínhamos como pagar esse dinheiro na hora e não teve a transferência”, afirma a filha da vítima Marisa Pilhalarmi Faustino.
A diretora ainda alega que o quadro do paciente acabou evoluindo para um desconforto respiratório, sendo necessário mantê-lo em respiração mecânica. Por causa da gravidade, ela ligou para o provedor da Santa Casa para que a transferência fosse realizada.
“A gerente da UPA me ligou e disse sobre um idoso que tinha quebrado o fêmur e que não estava sendo transferido. Então, pedi dez minutos para ver o que poderia ser feito. Eu conversei com os plantonistas e pedi que o paciente fosse transferido”, afirma”, José Biscassi, provedor da Santa Casa.
Arlindo deu entrada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital por volta das 17h do domingo (3). No entanto, ele acabou não resistindo às complicações e morreu.
Em nota, a Prefeitura de Santa Fé do Sul informou que conseguiu uma verba de R$ 100 mil que será repassada à Santa Casa até o próximo dia 20. Por causa das dificuldades financeiras, na sexta-feira (1º), o prefeito protocolou um pedido para tentar devolver a gestão do hospital ao estado.
A Secretaria Estadual de Saúde afirmou que vai analisar o pedido de forma técnica e de acordo com a realidade orçamentária do estado.