Santa Casa de Votuporanga realiza captação múltipla de órgãos

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Foto: Reprodução

Procedimento levou esperança para aqueles que aguardam na fila de transplantes.


Mais do que uma demonstração de amor ao próximo, a doação de órgãos é a única esperança de vida ou oportunidade de recomeço para pacientes à espera de um transplante. No meio de seu luto, uma família fez renascer a vida em muitas pessoas.

Os familiares autorizaram a captação de órgãos de uma vítima de morte encefálica e, com esta sábia decisão, começou uma corrida contra o tempo na Santa Casa de Votuporanga. O procedimento foi coordenado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Instituição nesta quarta-feira (23.mar).

Foram captados fígado, válvulas cardíacas, rins e córneas. Para o processo acontecer, foram fundamentais a colaboração e apoio das equipes de Emergência, Centro Cirúrgico, CIHDOTT e administração do Hospital.

As córneas foram captadas pela enfermeira da equipe CIHDOTT da Santa Casa, Juliana Elizei, e pelo técnico de Enfermagem, Wilson Poloni. Os demais órgãos foram retirados pelos profissionais de Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Base de São José do Rio Preto, com apoio do médico responsável pela Comissão, Dr. Luis Glover. “Foi um dia muito importante para nós, coroando todo o retorno dos trabalhos de nossa Comissão. Em meio ao luto, uma família foi extremamente solidária e salvou vidas”, afirmou Juliana.

O ato de doar órgãos é fundamental para salvar vidas de pacientes que estão na fila e vivem com restrições por conta das doenças. “Nossa satisfação com cada captação é grande, pois em meio a toda burocracia existente, logística, há equipes que não medem esforços para estas ações e as que atuam constantemente para manter as condições ideais do nosso sistema para estes procedimentos. Mas nada disso seria possível se não fosse esse compromisso e a solidariedade das famílias”, enfatizou o médico Dr. Glover.

O provedor da Santa Casa, Dr. Roberto Biazi, disse que é gratificante realizar captações para salvar vidas e, ao mesmo tempo, desmistificar um assunto tão cercado pelo preconceito e a falta de informação.  “É gratificante e ao mesmo tempo emocionante, pois vivenciamos a generosidade das famílias doadoras e até mesmo a alegria delas em saber que apesar da perda estarão transformando e dando esperança a vida de outras pessoas”, disse.

Protocolo

O Ministério da Saúde ressalta que hoje, pela legislação brasileira, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas com morte encefálica comprovada só pode acontecer após a autorização da família. Por isso, quem tem interesse em doar órgãos deve manter a família avisada, diz o governo.

O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte.

A gerente de Enfermagem, Daisy Vitor e integrante da CIHDOTT, afirmou que é importante as famílias introduzirem essa conversa em suas rotinas. “Muitas pessoas apontam que desconheciam a vontade do familiar sobre a doação. Pode parecer estranho falar sobre isso quando estamos totalmente saudáveis, mas ter essa abordagem durante o dia a dia, com calma, é mais fácil de elucidar do que em um momento crítico em que a família está abalada”, explicou.

Sobre a Comissão

A Comissão está vinculada à Equipe da OPO-SJRP (Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Base) que promove a ligação com a rede Nacional de Transplantes. O serviço da CIHDOTT oferece a chance de doar os órgãos e multiplicar o gesto, colaborando no ato da doação e também insere o Hospital no sistema nacional de transplante.