Casos associados ao ataque por cobras, aranhas, escorpiões, lacraias e taturanas representam um grave problema de saúde pública.
Acidentes com animais peçonhentos representam um grave problema de saúde pública, especialmente em países tropicais como o Brasil. As sequelas causadas, principalmente pela picada de cobras, trazem impactos sociais e econômicos devido ao comprometimento da capacidade de trabalho das vítimas.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) estima uma incidência de mais de 57 mil casos de acidentes com cobras a cada ano no continente. O envenenamento por escorpião é ainda maior, podendo chegar a cerca de 120 mil e 300 mil apenas no Brasil e no México, respectivamente.
Em geral, os casos estão associados ao ataque por cobras, aranhas, escorpiões, lacraias e taturanas. O neurocirurgião Fernando Gomes explica que os acidentes também podem ser causados por espécies aquáticas, incluindo águas-vivas, arraias e ouriços-do-mar.
“Na natureza, todos tentam se defender e, de alguma maneira, preservar a integridade da própria espécie. Uma maneira natural dos animais fazerem isso é através da existência de substâncias que fazem com que a sua integridade seja preservada”, explica o especialista.
Prevenção
O Instituto Butantan, que realiza estudos sobre animais peçonhentos no país, recomenda medidas de prevenção aos acidentes.
Para evitar o contato com cobras, devem ser utilizados calçados fechados, preferencialmente de cano alto, ao andar em ambientes como matos, trilhas e florestas. O uso de luvas grossas, ao manipular folhas secas, lixo, lenha e entulhos, também contribui para reduzir os riscos de picadas.
A manutenção de ambientes como quintais e jardins limpos e com a grama aparada ajuda a evitar a presença de aranhas, escorpiões e lacraias. O contato pode ser evitado com o uso de calçados e luvas durante atividades de jardinagem. Deve-se evitar colocar as mãos em buracos, sob pedras e em troncos podres. Dentro de casa, procure manter afastadas das paredes camas e berços além de sacudir e verificar roupas e sapatos antes de usá-los.
O contato das taturanas (lagartas) com a pele pode causar queimaduras na pele. A prevenção dos acidentes inclui o cuidado ao manipular troncos de árvores, plantas no jardim e na limpeza de folhas.
Maioria das aranhas que vive nas cidades não é venenosa, diz Butantan
A maior parte das aranhas que aparecem em ambientes como residências e comércios é inofensiva, de acordo com o Instituto Butantan. Entre as espécies que podem causar problemas à saúde estão a aranha-marrom e a aranha armadeira.
O veneno da aranha-marrom pode causar necrose no local da picada e, sem o tratamento adequado, pode levar à morte. Com cerca de três centímetros de comprimento, a espécie tem hábitos noturnos e costuma viver atrás de móveis, encostada em paredes ou em garagens e porões.
Já as armadeiras podem atingir até 17 centímetros de comprimento, vivem entre as folhas e galhos dos arbustos ao redor das casas. Elas podem sair à noite para caçar insetos, quando há o maior risco de contato com as pessoas em locais como armários e sapatos.
Cinco espécies de escorpiões têm relevância no Brasil
Nos acidentes com escorpiões, o envenenamento acontece a partir do contato com o ferrão. Predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo, os escorpiões apresentam maior incidência nos meses quentes e úmidos.
De acordo com o Ministério da Saúde, ao menos cinco espécies do gênero Tityus têm importância em saúde pública no Brasil: escorpião-amarelo (T. serrulatus), escorpião-marrom (T. bahiensis), escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) e o escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus).
Amplamente distribuído pelo país, o escorpião-amarelo representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e fácil adaptação ao meio urbano.
As medidas de prevenção são semelhantes às recomendadas contra as aranhas, incluindo o combate à proliferação de baratas e evitar colocar as mãos sem luvas em buracos, sob pedras e troncos podres.
Riscos de espécies aquáticas
As águas-vivas e caravelas são animais aquáticos capazes de injetar peçonha, utilizada para a captura de presas e defesa.
Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes por águas-vivas e caravelas consistem no quadro clínico decorrente da ação das toxinas presentes nos tentáculos destes animais, que podem causar efeitos tóxicos e alérgicos. O contato pode causar ardência ou dor intensa no local, que podem durar de 30 minutos a 24 horas.
As medidas de prevenção incluem evitar áreas onde há presença de águas-vivas e caravelas; não tocar nestes animais, mesmo mortos; utilizar calçados ao caminhar na praia e usar roupas de mergulho que cubram a maior parte possível da pele.
*Informações/CNN Brasil