Rússia ameaça Finlândia e Suécia: ‘Sérias consequências político-militares’ caso se juntem à Otan

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Bandeira da Otan tremula durante cerimônia de chegada de tropas dos EUA na base militar de Adazi, na Letônia Foto: INTS KALNINS/REUTERS

Declarações ocorrem após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmar que seu país estava recebendo apoio dos governos de Helsinque e Estocolmo; Biden diz que aliança está de ‘portas abertas’.


A Rússia ameaçou, nesta sexta-feira (25.fev), Finlândia e Suécia com “graves consequências político-militares” caso os dois países, que assumiram há tempos uma posição de neutralidade, se juntem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar comandada pelos Estados Unidos.

— A Finlândia e a Suécia não devem usar política de segurança prejudicando a segurança de outros países — disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, durante uma entrevista coletiva. — Claramente a adesão da Finlândia e da Suécia à Otan, que é antes de tudo uma aliança militar, teria sérias repercussões político-militares que exigiriam uma resposta de nosso país.

Após as declarações, o presidente americano, Joe Biden, disse que a aliança manterá sua política de “portas abertas” aos países europeus que “compartilhem seus valores e que queiram se unir a ela”.

No Twitter, o ministério ainda acrescentou: “Nós consideramos a posição do governo finlandês de manter uma política militar de não alinhamento como um fator importante para garantir a segurança e a estabilidade no Norte da Europa”.

As declarações ocorrem após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmar que seu país estava recebendo apoio dos governos de Helsinque e Estocolmo, depois que a Rússia invadiu o território ucraniano, na quinta-feira.

“Grato à Finlândia por alocar US$ 50 milhões em ajuda. É uma contribuição efetiva para a coalizão antiguerra”, escreveu o líder ucraniano no Twiter. Em outra publicação, ele agradeceu também à Suécia, por fornecer “assistência militar, técnica e humanitária à Ucrânia”.

Finlândia e Suécia não são membros da Otan, embora o primeiro participe de alguns assuntos, a exemplo da reunião que ocorre nesta sexta-feira, em Bruxelas, para discutir a invasão da Ucrânia pela Rússia. A Suécia é neutra desde o início do século XIX, e a Finlândia, desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

No mês passado, a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin disse que era “muito improvável” que o país aderisse durante o seu mandato à aliança atlântica.

No entanto, na quinta-feira, a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, disse que poderia pleitar a adesão à Otan “caso a questão da segurança nacional se torne aguda”. Foi essa declaração que motivou o tuíte da porta-voz da Chancelaria russa.

O não ingresso da Finlândia na Otan correspondeu a acertos feitos durante a Guerra Fria. Entre suas divergências atuais com a Otan, a Rússia tem acusado a aliança militar de violar um um acordo firmado no em 1999 no âmbito de Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) no qual os países se comprometiam a  não “fortalecer sua segurança à custa da segurança de outros Estados”.

Para Moscou, a expansão contínua da Otan desde o fim da Guerra Fria viola os compromissos posteriores e anteriores ao fim da União Soviética.

*Informações/OGlobo