‘É preciso chamar a atenção da população para que ela fique ao lado do pombo’, pede especialista; entenda.
Muitas pessoas chamam os pombos (Columba livia) de “ratos do céu”, por conta das doenças que, assim como os roedores, essas aves podem ajudar a transmitir. Paulo Maia, diretor-presidente da SOS Aves e Cia, explica que esse animal não é causador direto de nenhuma enfermidade e que, portanto, não deve ser visto dessa forma. “O pombo não é vetor original de nenhuma doença, logo não pode ser considerado uma praga”, avisa.
Lucas Jaques de Oliveira, biólogo, especialista em ciências da natureza e professor, diz que a fama “vilanizada” desses bichos não condiz com a realidade. “Nós mesmos atraímos essas aves para o nosso convívio e, consequentemente, as doenças. Eles não são vilões, os vilões somos nós”, declara.
Maia concorda e complementa: “É preciso chamar a atenção da população para que ela fique ao lado do pombo”.
Quais doenças os pombos transmitem?
Oliveira afirma que os pombos podem transmitir algumas doenças, mas reforça que não são os vetores originais. “Como são animais que reviram lixo para procurar comida, se depositarem suas fezes no local, a contaminação se torna possível”, segundo o especialista.
As fezes do animal são tóxicas por causa dos fungos Cryptococcus, responsáveis por várias enfermidades. “Essas fezes contêm fungos e outros microrganismos infecciosos. Quando secam, os microrganismos acabam se espalhando pelo ar, e, ao respirarmos, podemos contrair sérias doenças”, diz o biólogo.
Segundo ele, o contato com os dejetos pode causar enfermidades como a meningite, que considera a mais perigosa, pois pode levar a pessoa ao óbito, além de criptococose, histoplasmose, toxoplasmose, doenças dermatológicas e algumas alergias.
Maia destaca que é importante entender o pombo como um bicho que, assim como os ratos e os morcegos, podem transmitir as doenças, mas que não são os agentes causadores de nenhuma delas. Ou seja, não há nenhuma enfermidade que apenas o pombo possa disseminar ou ser o responsável por ela. “Pombo não pode ser considerado uma praga, porque não tem nenhuma doença original dele.”
Alimentação dos pombos
O biólogo conta também que os pombos se alimentam, preferencialmente, de grãos e sementes, mas que isso nem sempre acontece devido ao tamanho da população, que esbarra em uma indisponibilidade de alimentos. “Isso os leva à busca por restos nos lixos urbanos. Eles acabam comendo restos de comida e o que mais encontrarem, já que não têm uma exigência no paladar”, comenta.
Por fim, Oliveira alerta sobre o perigo de dar comida a esses animais nas ruas e praças, como é comum ver nas cidades. “Ao alimentarmos os pombos em locais públicos, eles entendem que naquele ambiente encontrará alimentos facilmente. Por ali ficam e defecam. Aí está o perigo, até porque esses locais, geralmente, não passam por limpeza frequente.”