Fisioterapeuta indica algumas atividades que podem ser realizadas sem abrir mão da proteção contra a Covid-19.
Quedas acontecem em todas as faixas etárias, mas tornam-se mais frequentes e mais graves na terceira idade. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2017, 12 mil idosos morreram no Brasil em decorrência de quedas e suas consequências. Exercícios são uma importante ferramenta para preveni-las, mas por conta da pandemia e das restrições de movimento, muitos idosos diminuíram a prática de atividade física, o que gera redução da mobilidade e aumento do risco de quedas. De olho nisso, o fisioterapeuta Tiago Alexandre, especialista em gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), que recomendou exercícios e outros cuidados para a prevenção das quedas na terceira idade.
Para ele, é importante deixar claro que cair não pode ser considerado algo normal para o idoso e, se isto está acontecendo, é importante entender o porquê, que pode estar relacionado a diferentes causas como:
- Perda da força e da mobilidade;
- Doenças:
- Cardiovasculares;
- Articulares;
- Neurológicas;
- Neuroendócrinas;
- Do sistema vestibular, onde está localizado o labirinto, um dos principais responsáveis pelo equilíbrio.
“O idoso não deve cair, apesar de isto acontecer. Se ele está caindo, é preciso uma investigação mais aprofundada da causa para que o tratamento adequado seja estabelecido e este idoso possa evitar novos riscos de cair. Aproximadamente 30% dos idosos brasileiros caem pelo menos uma vez ao ano e mais de dois terços deles caem novamente nos próximos seis meses. E isto tem um risco alto de mortalidade; portanto, é importante investigar as causas desta queda e tratá-las”, explica.
Tiago ainda descreve como ocorre a evolução do quadro grave, que pode até levar ao óbito e que normalmente se origina de duas causas principais:
- Fraturas incapacitantes – Ao cair, o paciente adquire fraturas, sobretudo as de quadril e fêmur, em que é possível fazer reabilitação, mas muitos são mal orientados a ficar no leito ao invés de fazer a fisioterapia já no início do processo pós-operatório;
- Hospitalização prolongada – Ao passar muito tempo no hospital, estes idosos perdem suas funcionalidades motoras e podem ficar restritos ao leito. Estimativas apontam que cerca de metade dos idosos brasileiros que caem acabam gerando lesões que demandam vigilância contínua.
Nos dois casos, ao ficar restrito ao leito e sem mobilidade, o idoso pode desenvolver quadros de pneumonias ou úlceras por pressão e, consequentemente chegar ao óbito.
Como prevenir as quedas com exercícios
De acordo com o fisioterapeuta, ao identificar a causa da queda, deve-se buscar o tratamento adequado para ela. Para pacientes onde o problema se origina na diminuição de equilíbrio, falta de força ou distúrbios vestibulares, os exercícios físicos podem trazer benefícios na hora de prevenir.
Em estudos recentes, observou-se uma redução de 21% no risco de cair para idosos que praticam exercícios. Mas Tiago destaca que é importante o acompanhamento, mesmo que por telemonitoramento, de um fisioterapeuta, pois a realização destes sem supervisão pode aumentar os riscos durante a execução e acabar com o efeito oposto do desejado.
“Os exercícios que têm maior efeito são aqueles que desafiam o equilíbrio do idoso e, para serem efetivos, é necessário pelo menos três horas de exercício por semana. Trabalha-se em pé, com os pés juntos ou em uma perna só, restringindo o uso das mãos e estimulando a prática do movimento que controla o centro de massa, ou seja, que desloque o corpo para frente, para trás e para os lados. Um exemplo bom deste exercício é o tai chi chuan, que o indivíduo poderia fazer em casa. Já outros exercícios que desafiam muito o equilíbrio devem ser feitos com cautela em casa e não devem ser prescritos para todos os idosos sem que haja um acompanhamento do fisioterapeuta, porque ao fazerem os exercícios eles podem ter um risco maior de cair. Durante o telemonitoramento, o fisioterapeuta vai passar os exercícios de acordo com o que cada um consegue ou não fazer, para não colocar o paciente em risco”, ensina.
O que o idoso pode fazer sem acompanhamento presencial:
- Alongamentos com apoio – deitado ou sentado;
- Fortalecimento de musculatura – deitado, sentado ou em pé apoiado na parede;
- Exercícios aeróbicos – como caminhadas no quintal ou na área externa com as devidas proteções;
- Exercícios de estabilidade – como tai chi chuan.
Cuidados extras que também podem ajudar
- Manutenção dos níveis de cálcio e vitamina D através da alimentação e de suplementação, quando necessário, em pacientes com osteopenia ou osteoporose. Embora não reduza o risco de cair em si, estes nutrientes mantém a saúde óssea e ajudam a evitar fraturas em caso de queda;
- Banho de sol em horários de baixa incidência de raios ultravioleta para ajudar na absorção da vitamina D. Fora dos horários de pico, o ideal é realiza-lo sem o uso do protetor solar e com roupas que exponham os membros inferiores e superiores;
- Manutenção da saúde muscular para evitar a sarcopenia (perda de massa muscular por envelhecimento), através de exercício resistido (com a presença de pesos) e uma alimentação rica em proteínas e que também contenha carboidratos.
*Com informações do globoesporte