
Segundo a Abicom, o preço médio da gasolina nas refinarias nacionais está 3% superior ao praticado no exterior.
Desde janeiro, a cotação do barril de petróleo acumula queda de 13%, e a tendência para os próximos meses é de novos recuos. No entanto, os preços da gasolina e do diesel no Brasil seguem acima do mercado internacional. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço médio da gasolina nas refinarias nacionais está 3% superior ao praticado no exterior, enquanto o diesel tem uma defasagem de 2%. Essa diferença reacende o debate sobre a política de preços da Petrobras, que abandonou a paridade de importação (PPI) em maio de 2023.
“Em cenários como o de hoje, a Petrobras vive o seguinte fenômeno: na hipótese do preço baixo do petróleo, ao manter o preço fixo sem refletir a queda do valor do combustível, a empresa piora sua situação de caixa”, explica o consultor jurídico e diretor de novos negócios da Associação Brasileira dos Refinadores Privados (Refina Brasil), Matheus Soares. “Estamos falando de uma margem de lucro de 50% a 60%. Isso tudo para repassar, fazer um subsídio cruzado com o preço do combustível da empresa”, detalha.
Reajuste do ICMS
Mesmo sem reajuste há 240 dias, o preço da gasolina no País subiu 2,9% em fevereiro, alcançando média de R$ 6,43 por litro. O aumento foi impulsionado, em parte, pelo reajuste no ICMS, que subiu 7,3% no último mês. A carga tributária estadual influencia diretamente a formação dos preços e ajuda a explicar por que, mesmo com o petróleo mais barato, os combustíveis não registraram redução expressiva no mercado interno. A variação regional também é um fator relevante: no Acre, por exemplo, o litro da gasolina chega a R$ 7,68, enquanto no Amapá o valor médio é de R$ 6,11.
Diante desse cenário, especialistas avaliam se há espaço para uma queda nos preços da gasolina e do diesel nos próximos meses. A Petrobras não sinalizou
mudanças na sua política de preços, mas a defasagem atual gera pressão para ajustes. Refinarias privadas, como a de Mataripe, já adotam reajustes semanais, enquanto a estatal segue um modelo mais flexível. Com a volatilidade do petróleo e o impacto dos impostos estaduais, a questão central para os consumidores permanece: a redução do preço da gasolina chegará às bombas?
Na avaliação de Matheus Soares, não necessariamente. “A defasagem de preços foi motivo para um grande volume de críticas no mês passado. Vimos inclusive o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, dizer que está na hora da Petrobras ajustar seu preço”, lembra.
O consultor jurídico da Refina Brasil pondera que, apesar de fatores como custos logísticos e variações cambiais, é preciso ter atenção aos próximos passos da estatal. “Ela consegue, independentemente do preço das concorrentes, fazer o seu mercado. Temos que ver como isso vai impactar o preço final para os consumidores. Estamos vendo, mais uma vez, pressões políticas para que a Petrobras faça esse ajuste”, pontua.
*Com informações da Exame